Acordei com o meu telemóvel a tremer constantemente em cima da minha secretária. Gemi contra a almofada perguntando-me quem me estaria a ligar a esta hora da noite. O aparelho eletrónico parou de tremer e eu agradeci mentalmente por a pessoa ter desistido, mas rapidamente me arrependo ao ouvir novamente o objeto tremer contra a minha secretária. Decidi levantar-me e obriguei os meus pés a deslocarem-se até ao pequeno objeto que emitia uma pequena luz, dando sinal de que alguém me estava a ligar. Sem me preocupar muito sobre quem poderia ser, peguei no pequeno objeto e depois de atender, coloquei junto ao meu ouvido.
"Sim?" Proferi com a minha voz ensonada por me terem acordado.
"Abby..." Ouvi a sua voz e imediatamente olhei para o ecrã encontrado "Hayes" escrito. Suspirei fechando os olhos e voltei a colocar o aparelho eletrónico junto à minha orelha.
"O queres Hayes?" Perguntei de imediato. "Porque razão me estás a ligar a estas horas da noite?"
"Podes abrir-me a porta?" Ao ouvir as suas palavras fiz uma cara confusa, mesmo sabendo que o rapaz de olhos azuis não me conseguia ver.
"Que conversa é essa? Abrir-te a porta?" Pergunto, mostrando claramente a minha confusão.
"Sim, está muito frio cá fora." Fiz uma cara de confusão novamente, sem perceber qual o ponto da sua conversa.
"Hayes não estou a perceber o queres dizer com isso, e sinceramente eu só quero ir dormir..." Disse, quase implorando esta última parte.
"Podes apenas vir cá a baixo abrir-me a porta? É que eu já estou aqui parado há algum tempo... E está frio."
"Tu estás à entrada de minha casa?" Perguntei não querendo ouvir uma resposta positiva da sua parte.
"Sim. Agora podes, por favor abrir-me a porta?" Ele pede, pela que parece, milésima vez.
Sem responder, saio do quarto, desço as escadas e caminho até à porta de entrada de minha casa. Assim que a abro reparo no rapaz de olhos azuis à minha frente com o gorro do casaco posto, e com os seus olhos azuis um pouco vermelhos. Olhei para as suas mãos e reparei numa garrafa de cerveja nesta. Pergunto-me quantas mais é que ele bebeu antes de vir aqui parar.
"O que estás aqui a fazer?" Perguntei depois de voltar a olhar para os seus olhos novamente.
"Eu preciso de ti Abby..." Rapidamente senti o enorme cheiro a álcool mas também senti desespero na sua voz. O que é que lhe aconteceu?
"Entra." Disse antes de conseguir sequer parar para pensar no que deveria de fazer. Sei que me vou arrepender provavelmente, mas agora parece-me o mais certo a fazer.
O rapaz moreno de olhos azuis entrou dentro de minha casa a cambalear um pouco mas eu rapidamente o ajudei depois de fechar a porta o mais cuidadosamente possível. Levei-o até à sala onde o ajudei a sentar-se no sofá e juntei-me a ele. Rezei para que os meus pais já tivessem chegado, independentemente das horas que fossem, e que não acordássemos Shawn. Isto não deve de demorar.
"Tu estás bêbado?" Decidi perguntar mesmo sabendo a resposta.
"Um pouco." Ouvi a sua voz rouca ao mesmo tempo que encolhia os ombros. Hayes não olhava para mim, apenas permanecia calado a olhar para a garrafa de cerveja que se encontrava na sua mão. Apenas conseguia ver um pouco da sua figura devido ao facto de a luz do luar ser a única fonte de luz deste espaço, mas consigo perfeitamente perceber que Hayes se encontra desfeito, tanto por dentro como por fora.
"Queres contar-me o que se passou?" Hayes está demasiado frágil neste momento e, sinceramente, também estou demasiado cansada para começar uma discussão. Provavelmente considerando que isso poderia acordar o meu irmão e/ou os meus pais e neste momento não estou com muita paciência para uma confusão a estas horas.
"Sinceramente nem sei o que estou aqui a fazer." Ele falou sem nunca olhar para mim. A sua voz estava ligeiramente baixa e parecia que Hayes estava prestes a chorar. Parecendo que não, dói vê-lo assim tão vulnerável. Não sei o que dizer, sinceramente, eu por um lado quero que Hayes fale comigo e me diga aquilo que lhe está a perturbar. Tenho saudades de falar com ele, e por mais chateada que eu possa estar com Hayes, eu quero mesmo que ele se abra comigo.
"Podes falar comigo Hayes..." Acabei por dizer ao fim de uns segundos em silêncio.
"Tu odeias-me Abigail." Ele falou e eu juro que vi uma lágrima a cair pelo seu rosto. Ele está a chorar?
"Eu não te odeio Hayes." Suspirei.
"Odeias sim! Mas eu não te culpo, se eu fosse a ti também me odiava." Falou encolhendo os ombros e seguidamente levou a sua mão ao seu rosto, limpando as lágrimas que lhe saiam constantemente.
"Hayes..." Tentei falar mas rapidamente fui interrompida.
"Não preciso de justificações Abby, eu percebo-te, juro que sim! Eu sei que o que fiz foi péssimo, que foi imaturo, mas eu estou arrependido, eu juro que estou! Só queria que me desses mais uma oportunidade Abigail, só mais uma... Eu prometo que te vou fazer feliz, a sério, eu prometo que nunca mais te vou magoar e que vou sempre estar perto de ti! Eu faço tudo o que tu quiseres Abigail, eu juro! Mas por favor Abby..." Ele fala ao mesmo tempo que se vira na minha direção e agarra em ambas as minhas mãos, provocando-me a velha sensação das borboletas no estômago. "Eu..." Parou-se a si mesmo de forma a acalmar o choro que entretanto se tinha tornado intenso. "Eu amo-te Abigail." Um arrepio percorreu todo o meu corpo ao ouvir as suas palavras e sinto uma lágrima a cair pelo meu rosto até chegar à minha boca que neste momento se encontra entreaberta pela sua declaração.
"Não digas isso assim..." Falei baixinho ainda sem saber muito bem o que fazer.
"Mas é a verdade Abigail." O rapaz de olhos azuis fala chegando-se para mais perto de mim. "Eu nunca pensei dizer isto a alguém em toda a minha vida mas tu fazes-me sentir coisas que eu desconheço completamente e, de certa forma, eu sinto-me bem comigo mesmo Abigail, mas só quando estou contigo. Não me sinto aquela merda que sentia todos os dias onde só me apetecia bater em toda a gente e reclamar com eles. Tu fazes-me querer ser meigo para ti, tu fazes-me querer proteger-te, estar contigo, tocar-te..." Hayes falou passando a mão pelo meu rosto, fazendo-me fechar os olhos com o seu toque. Que saudades que eu tinha disto, de sentir novamente todos os arrepios, o friozinho na barriga ou até mesmo o nervosismo com o que possa acontecer a seguir. Eu tinha tantas, mas tantas, saudades dele.
Mas rapidamente algo me veio à cabeça que me fez perceber tudo."Para..." Disse e agarrei na sua mão, afastando o seu toque. "Tu estás bêbado Hayes, não sabes o que estás a dizer." Finalmente abri os olhos e vi o seu olhar no meu e os seus lábios carnudos ligeiramente afastados um do outro. "É melhor ires embora." Falei quando não recebi qualquer resposta da sua parte.
"Posso ficar aqui a dormir?" Perguntou e eu apenas olhei confusa para si.
"Estás maluco? Hayes os meus pais e o meu irmão estão no andar de cima, se amanhã eles acordam e encontram-te aqui eles passam-se." Afirmei.
"Eu vou-me embora mais daqui a um bocado, eu prometo!" Implorou. "Eu apenas preciso de umas poucas horas de descanso." Ele falou e eu apenas suspirei ao saber que me estava a meter em grandes sarilhos, possivelmente.
"Tudo bem." Concordei. "Mas mete o alarme para antes das seis porque os meus pais acordam a essa hora." Ele assente e rapidamente o vejo a pegar no seu telemóvel e segundos depois, mete em cima da mesa de centro.
"Já está." Ele disse e eu apenas assenti.
Sem saber exatamente o que dizer ou fazer mais apenas decido caminhar até à porta com intenção de me ir deitar mas rapidamente sinto uma mão no meu braço, impedindo-me de continuar caminho. "Fica aqui comigo." Pediu-me com a sua voz baixa e demasiado vulnerável. "Só até adormecer, por favor." Implorou e eu não resisti em aceitar. Sentei-me ao seu lado e rapidamente Hayes deitou-se ao longo do sofá com a cabeça nas minhas pernas. Um pouco surpresa com a sua ação, acabei por levar as minhas mãos ao seu cabelo castanho começando a fazer pequenas festas para o tentar acalmar e fazer com que adormeça o mais rápido possível.
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Dating Text, AGAIN ∆ H.G
أدب الهواة"Abby?" "Deixa-me em paz Hayes!" "Mas... eu amo-te!" [BOOK TWO OF "DATING TEXT" TRILOGY] |ATENÇÃO: HAVERÁ REFERÊNCIA A PALAVRÕES E AINDA CENAS DE CARÁCTER SEXUAL. SE ÉS SENSÍVEL A ESTE TIPO DE SITUAÇÕES É ACONSELHADA A NÃO LEITURA DA OBRA.| |Todo...