Acordei sentindo-me um pouco desnorteada e sem saber exatamente o que tinha acontecido. Assim que abro os olhos vejo um teto branco e paredes brancas à minha volta, e reparo então que estou num quarto da clínica onde fizera o aborto.
"Hey." Oiço uma voz do meu lado direito e, assim desvio o olhar na direção desta voz, vejo o meu irmão a levantar-se da poltrona e caminhar até à cama onde estou deitada. "Como é que te sentes?" Ele afasta o meu cabelo do meu rosto e dá-me um sorriso em forma de conforto.
"Um pouco tonta." Respondo fechando os olhos por breves segundos. "Quanto tempo estive a dormir?" Questiono.
"Apenas umas horas. São duas da tarde agora." O meu irmão responde e eu assinto. "A cirurgia correu bem, o médico veio aqui há um bocado para ver se já tinhas acordado e disse que estás fora de perigo." Ele informou-me e, de certa forma, eu fiquei feliz.
"E relativamente a... tu sabes..." Eu tentei perguntar mas, sinceramente, soa-me estranho dizer que estive grávida há umas horas e que agora já não estou.
"Já não estás grávida." Ele afirmou e, para ser sincera, não consegui perceber o que ele estava a sentir naquele momento uma vez que o seu tom de voz fora demasiado neutro. Não fomos capazes de trocar nem mais uma palavra pois uma enfermeira entra pelo quarto a dentro juntamente com um carrinho com comida.
"Boa tarde, Abigail, como se sente?" Ela olha para a ficha que está pendurada aos pés da cama e, em seguida, olha para mim.
"Estou bem, um pouco tonta mas estou bem." Respondo sinceramente.
"É normal, devido à anestesia é perfeitamente normal que acorde um pouco atordoada, mas isso passa." A senhora mais velha garante. "Trago aqui algumas sobremesas, temos mousse de chocolate, doce de leite, doce de baunilha." Ela enumera. "O que é que prefere?" Ela questiona e, inicialmente iria dizer que não queria nada mas depois vem-me à cabeça que o açúcar ajuda e muito na recuperação.
"Pode ser mousse." Eu informo e a senhora estende-me um pequeno pote de plástico que contém a sobremesa castanha, juntamente com uma colher também ela de plástico.
"Coma agora e daqui a pouca voltarei para ver como se encontra, está bem?" Eu assinto e, depois de se despedir, ela sai do quarto. Shawn ajuda-me a sentar, ajeitando as almofadas atrás de mim, para ser mais fácil eu comer.
"O Hayes ligou-te e mandou-te várias mensagens. Assim como aquele teu amigo, Lincoln." O meu irmão informa-me enquanto como um pouco de mousse.
"Eu mais logo mando-lhes uma mensagem a dizer que estou bem." Informo, sem nunca olhar para Shawn.
"Tu tens de lhe contar Abigail." Ele diz ao meu lado. "Ele tem o direito de saber que..." Eu rapidamente o corto.
"Que o quê?!" Questiono um pouco mais alto. "Que acabei de matar o nosso filho?" Falo e as lágrimas são rápidas a escorrerem pelo meu rosto. "Eu não consigo, Shawn..." Suspiro e começo a soluçar ao mesmo tempo que mais lágrimas caem.
Eu sinto-me horrível, neste momento, sei que nunca vou ser capaz de contar isto ao Hayes porque nunca vou ter coragem de lhe dizer que eu tirei a vida a este bebé. Ele vai achar que eu sou um monstro e tem razão. Apesar de eu achar que não estávamos preparados, apesar de eu achar que num futuro próximo eu iria agradecer por ter feito isto, eu sei que vou carregar este peso para sempre na minha consciência. Mas agora já não há mais nada a fazer, o que está feito, feito está.
"Eu já disse o que achava, Abigail." O meu irmão agarra na mão onde não está o cateter. "Mas aconteça o que acontecer tu sabes que eu vou estar aqui para te apoiar, não sabes?" Eu limpo as minhas lágrimas com a mão livre e assinto com a cabeça. Apesar de tudo Shawn tem sido um grande apoio para mim e eu nunca vou ser capaz de lhe agradecer o suficiente.
VOCÊ ESTÁ LENDO
Dating Text, AGAIN ∆ H.G
Fanfic"Abby?" "Deixa-me em paz Hayes!" "Mas... eu amo-te!" [BOOK TWO OF "DATING TEXT" TRILOGY] |ATENÇÃO: HAVERÁ REFERÊNCIA A PALAVRÕES E AINDA CENAS DE CARÁCTER SEXUAL. SE ÉS SENSÍVEL A ESTE TIPO DE SITUAÇÕES É ACONSELHADA A NÃO LEITURA DA OBRA.| |Todo...