Capitulo 129 ∆ Let me look at you

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"Abigail." Oiço chamarem-me o que me faz soltar um som em desagrado.

Esfrego os olhos calmamente e abro-os logo em seguida. Vejo a minha mãe ao meu lado que me informa que vamos aterrar e eu rapidamente coloco o sinto de segurança.

A voz da hospedeira de bordo é ouvida por todo o avião a avisar que é importante os passageiros utilizarem o cinto de segurança na aterragem e ela fá-lo em várias línguas. Assim que nos é permitido abandonamos o avião e encaminhamos-nos para ir buscar as nossas malas. Ao fim de meia hora é que nos é possível sair do aeroporto e apanharmos um táxi que nos vai levar até à casa dos pais da minha mãe. A viagem dura cerca de vinte minutos e eu vou o caminho inteiro a olhar pela janela e a tentar decifrar como serão estas duas semanas fora de casa. O táxi para em frente a uma casa de madeira bastante bonita e com um alpendre repleto de flores, ao que parece a minha avó adora tudo o que tenha a ver com jardinagem. Saímos do veículo e rapidamente dois seres idosos aparecem para nos cumprimentar. Eu permaneço para último e não consigo não me sentir um pouco desconfortável com a situação.

"Mãe, esta é a Abigail." A minha progenitora fala ao mesmo tempo que encaminha a senhora idosa na minha direção.

"Oh Christine não me disseste que ela era tão bonita." A senhora exclama e rapidamente me envolve num abraço. Um pouco atrapalhada eu acabo por retribuir. "E tão parecida contigo, deixa-me olhar para ti." Minha avó comenta e afasta-se ligeiramente observando-me de cima a baixo. "Mas tens os olhos do teu pai." A senhora sorri-me e eu apenas retribuí, um pouco envergonhada.

"É bom finalmente conhecer a minha netinha." O senhor já idoso comenta vindo na minha direção. A sua esposa afasta-se dando-lhe, assim, espaço para me poder envolver nos seus braços, como ela fizera antes.

"Tenho a certeza que a Abigail também estava ansiosa por vos conhecer." O meu pai comenta e eu afasto-me do meu avô, sorrindo para ambos os idosos.

"Venham, vou mostrar à Abigail onde ela vai ficar." A minha avó comenta verdadeiramente entusiasmada e eu apresso-me a pegar nas minhas malas e caminho para dentro de casa juntamente com a minha família.

(...)

"Então minha querida, conta-me como é que tens andado." A senhora de cabelos brancos começa depois de estarmos todos prontos para começar a almoçar.

"Tudo bem." Eu respondo e levo um pouco do chili à boca, saboreando.

"E tens muitos amigos lá na escola?" A senhora pergunta e eu assinto antes de responder.

"Alguns, sim, não são assim tantos mas os que tenho são importantes." Respondo calmamente.

"Às vezes não é preciso ter muitos amigos para se ser feliz." O senhor mais velho comenta. "Aqui o teu avô era um solitário até conhecer a tua avó e fui sempre feliz." Eu sorri para o homem mais velho e levei mais um pouco de comida à boca.

"Este chili com carne está muito bom." Eu comento e vejo um sorriso a rasgar a cara da minha mãe.

"Ainda bem que gostas. O chili é uma grande especialidade aqui no Texas." A senhora responde-me com um sorriso.

"E a avó é uma excelente cozinheira o que o torna ainda melhor." Shawn acrescenta.

"Muito obrigada meus queridos." A senhora idosa agarra na mão do meu irmão que está mesmo ao seu lado. "É tão bom ter-vos cá." Ela sorri.

"Nós também gostamos de estar aqui." A minha mãe responde e o almoço continua com conversas banais.

(...)

"Precisa de ajuda?" Eu pergunto à senhora que neste momento se encontra no seu jardim a tratar das suas plantas.

"Não querida, isto é rápido, não te preocupes." A minha avó responde ainda de costas para mim, ao mesmo tempo que se ouve o som da tesoura.

"A senhora gosta mesmo disto, não é?" Não pude de deixar de comentar pelo simples facto de este jardim estar completamente bem arranjado e mais ao fundo existir também uma pequena estufa que, vista de fora, também se mostra bastante cuidada.

"Podes tratar-me por avó Abigail." A mulher finalmente se endireita e olha para mim.

"Desculpe, mas eu ainda não consigo." Suspiro e sorrio um quanto nervosa. A mulher idosa sorri calorosamente e assente, compreendendo.

"Então começa por me chamar Laureline. É o meu nome." Eu assinto e ambas sorrimos. "Então tu gostas de jardinagem?" Pergunta-me ao mesmo tempo que me faz sinal para nos sentar-mos no pequeno banco que lá se encontra, a observar o pôr do sol.

"Na verdade eu nunca experimentei, mas posso dizer que o que fez com o seu jardim foi fantástico." Eu elogio.

"Obrigada querida, tive uma ajuda do meu vizinho que também gosta disto. Ele de vez em quando ainda passa por aqui para me ajudar a limpar." Eu assinto e observo o laranja à minha frente. Isto tem uma vista fenomenal. "E tu? O que é que gostas de fazer?" A senhora idosa questiona, o que me faz pensar durante um tempo.

"Não sei, sinceramente." Suspiro e olho para Laureline.

"Não me digas que és como era o teu avô, sempre agarrado aos livros. Não admira que depois não tivesse amigos." A mulher solta uma leve gargalhada e eu apenas lhe sorrio levemente.

"Eu gosto de estudar, e gosto de ser recompensada quando os professores elogiam o meu trabalho ou que dizem que fui a nota mais alta da turma." Eu acrescento.

"Sim, tu és igual a ele." Laureline solta, novamente, uma leve gargalhada. "Ele dizia-me exatamente a mesma coisa e sabes o que eu lhe digo hoje?" Eu abano a cabeça negativamente. "Olha onde estás, vê o que te rodeia. Achas que lhe valeu de muito passar aquelas horas todas a estudar? Para depois acabar de se reformar de uma carreira de taxista." A idosa comenta. "A vida também tem de ser aproveitada Abigail, tens de viver aventuras, ultrapassar os teus limites. Assim, é que podes chegar à minha idade e cocluires que tiveste uma boa vida." Eu oiço tudo com bastante atenção e não posso deixar de concordar com esta sábia senhora.

De facto Hayes faz-me esquecer as minhas obrigações muitas vezes. Basta receber uma mensagem sua a meio do estudo que não me consigo concentrar mais. Ele faz-me viver, ou melhor, ele faz-me sentir viva. Eu sei que fui eu que lhe pedi tempo, mas confesso que estar assim, longe dele, dói mais do que eu pensava.

"Que é essa carinha?" A sábia mulher afasta-me dos meus pensamentos.

"Nada, estava apenas a pensar." Encolho os ombros e miro a paisagem à minha frente.

"Alguém especial?" A senhora pergunta.

"Pode dizer-se que sim." Suspiro e faço contacto com os seus olhos castanhos.

"É o teu namorado?" Eu sorrio e olho para as minhas mãos que brincam uma com a outra no meu colo.

"Não sei bem." Dou de ombro sem nunca olhar para a senhora mais velha.

"Chatearam-se?" Questiona e eu finalmente ganho coragem para a olhar.

"Não, simplesmente a nossa relação era muito monótona e eu apenas lhe disse que queria mais, então pedi-lhe um tempo para eu perceber se realmente era com ele que queria estar." Confesso.

"E como é que está a correr até agora?" Eu suspiro e volto a mirar os meus dedos.

"Não estar com ele está a matar-me." Admito.

Dating Text, AGAIN ∆ H.GOnde histórias criam vida. Descubra agora