Holocausto Canibal

134 1 1
                                    

Prólogo

      Hayley Chambers esmagou a cabeça do traidor assim que a bomba estourou os grandes portões de acesso. Ela ouviu a gritaria ensurdecedora do lado de fora e, mais assustada do que quando estivera cara a cara com duas bestas infernais, certificou-se de que sua adaga continuava no coldre juntamente com a pequena pistola 9mm — presente do irmão mais velho, usada apenas em situações extremamente necessárias. Pôs a aljava nas costas e, rápida como uma serpente, engatilhou uma flecha já manchada por sangue.

      Seus pés dançaram sobre o piso porcelanato da temível sala de torturas assim que outro estrondo rugiu. Ela curvou-se sobre o próprio corpo involuntariamente, mas retomou á posição em questão de segundos, pondo-se a correr para onde o ataque estava sendo dirigido. São eles, ela pensou. São os malditos Escorpiões. Arrependeu-se de não estar com Brandon, sua cópia masculina, em Olho do Dragão. Ele partira há exatamente dois meses, em busca de guerreiros para a muralha e também sobreviventes. Sempre se era encontrado pessoas perdidas pelo meio do caminho, cambaleantes, quase mortas. Hayley não fazia ideia de como alguém conseguia sobreviver ao mundo lá fora, mas isso pouco importava no momento. Se fosse morrer, morreria enfiando uma flecha no olho de um Escorpião.

      O cheiro de fumaça atingiu suas narinas assim que viu a luz do sol. Horrorizada, contemplou o caos ser espalhado pelo único local ao qual já ousara chamar de lar. A peste adentrava a nação com fúria, louca por sangue e carnificina. Viu uma criança ao longe ser derrubada por uma das bestas e destroçada em segundos. Dois zumbis devoravam o que deveria ser a sua mãe. Um idoso corria com o corpo erguido em chamas, e não demorou em desfalecer sobre a pobre carne chamuscada em razão da explosão. Hayley sentia as entranhas desmanchar-se em mingau. A antiga casa de reuniões agora jazia em escombros, e próximo a ela alguns lutadores erguiam suas armas em retaliação ao inimigo. Faça isso, sua mente ordenou. Não seja covarde, Chambers, lute! Ela moveu os pés em direção a muralha, acertando flechas naqueles que tentavam derrubá-la com mordidas.

      De repente, inesperadamente, uma figura loura e magrela, cabelos em um rabo de cavalo mal feito, jogou-se às suas costas.

      — Brianna! — gritou Hayley em horror. A menina pulou sobre o cão infernal com um som agudo saindo-lhe pela garganta. Ela enrolou as pernas ao redor da cintura do animal e ambas as criaturas caíram sobre a poeira. Rolaram algumas vezes, os dentes da bestas rosnando furiosamente, prontos para arrancar pedaços da carne da humana. Hayley tinha-os na mira da flecha, porém um zumbi pulou sobre suas costas e ela caiu de bruços, o rosto a centímetros da boca do animal. Gritou como antes nunca havia gritado, e aquilo atiçou as duas aberrações. Sangue respingou em seu rosto quando centímetros da faca de Brianna penetraram na cabeça do animal. Hayley virou-se para a esquerda e sentiu o couro cabeludo ser rasgado pelos dentes já mais próximos da besta. O zumbi erguia-se incontrolável sobre ela, e não via como pegar a sua adaga, pois as duas mãos estavam ocupadas em segurar o pescoço do ser que tentava mordê-la a todo custo. Enquanto isso, Brianna continuava a enfiar a faca no cérebro do cão infernal, mas era certo que eles demoravam mais tempo para morrer do que os zumbis.

      Milagrosamente, o barulho de um disparo foi escutado por ambas. O errante caiu para o lado e Hayley levantou-se rapidamente, retirando a pistola do coldre. Dois disparos foram o suficiente para fazer a besta aquietar-se.

      — Brianna... — sussurrou, correndo para um abraço.

      — Se abaixa! — gritou em desespero. Jogou-se por cima da ruiva e ambas rolaram no chão. A bala ricocheteou próximo a seus ombros, mas logo outro disparo foi feito. Atingiu o estômago da loura, que se curvou e gritou de dor. Hayley não soube o que fazer. Decidiu repegar a pistola do coldre e mirar para frente, ainda agachada. Mesmo com toda a agitação, não precisou de muito tempo para localizar o humano que as atacava. Ou melhor, o Escorpião. Sem pensar duas vezes, apertou o gatilho e tiras de sangue escapuliram da coxa do homem. Ele caiu depressa, mas não se deu por vencido. Atirou sem mirar e uma das balas chegou a rasgar a pele de Hayley, uma ferida que, com plena certeza, teria de ser fechada com pontos. Isso se ela conseguisse sair com vida daquele lugar.

Você leu todos os capítulos publicados.

⏰ Última atualização: Jan 20, 2014 ⏰

Adicione esta história à sua Biblioteca e seja notificado quando novos capítulos chegarem!

Holocausto CanibalOnde histórias criam vida. Descubra agora