Capítulo 3

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     O despertar naquela manhã de terça-feira foi totalmente diferente de todas as outras que vivera até então. Estaria, dentro de algumas horas, cara a cara com um assassino condenado à injeção letal e agora sem a proteção daquela parede de vidro.

Maria escutou o despertador tocando e Diego o desligando da mesma forma que fazia todas as manhãs. O rapaz gostava de dormir agarrado. Assim que o som preenchia aquele quarto pequeno, estendia seu braço no sentido contrário e silenciava o objeto feito para controlar vidas. Depois, voltava para a posição original e abraçava a sua namorada contra o seu peito, enchendo-lhe de suaves beijos por sua nuca. Era dessa forma que Maria vinha sendo acordada desde que resolveram morar juntos. E como era gostoso... Até aquela manhã.

O despertar de Ethan já fora de forma similar, há muitos anos, lá na sua juventude, gravada apenas na memória. O despertar na prisão não vem com afagos e beijos suaves. Vem ao som de sirenes estridentes, luzes cegantes e o bater do cassetete nas grades. Não tinham um despertador em suas celas, mas tinham um relógio controlando suas vidas, e o de Ethan estava entrando em contagem regressiva.

— Bom dia, meu amor! — Diego saudou.

— Gostaria de dizer o mesmo, mas não sinto que esse dia será bom.

— É só pensar no oposto ao que essa sua cabecinha teima em fazer e acreditar. Amor? Olhe para mim!

Com os olhos vermelhos, Maria mirava a parede branca à sua frente. A ansiedade falou tão alto que mal conseguiu pregar os olhos na noite anterior, quando finalmente o cansaço a levou. Faltava muito pouco para que o relógio ditasse novamente o ritmo do seu dia. Virou-se diante do rapaz e escutou o que tinha a dizer:

— Você vai se sair muito bem. Eu sei que está com medo, também estaria, mas está cercada de policiais e, pelo que eu sei, esse homem sempre teve um bom comportamento lá dentro.

— Lógico que teve! Passou a maior parte da sua estadia lá, praticamente isolado de todos.

— Vamos! Levanta! Tomar banho, escovar os dentes, café da manhã e estrada! O caminho até lá é longo e se não sairmos cedo você terá pouco tempo de entrevista e pensa, teria de retornar outro dia. — Com um beijo na testa de Maria, deixou a cama.

— Isso não está certo, Di.

— O que não está certo? — Diego transitava pelo quarto organizando sua roupa e a de Maria.

— Você ficar se afastando do seu trabalho para me acompanhar.

— Não se preocupe com isso, tinha alguns dias para tirar de licença e estou fazendo isso agora.

— Poderia usá-los para fazer algo importante para você.

— E estou fazendo! No momento você é a coisa mais importante da minha vida! Agora levanta!

"No momento você é a coisa mais importante da minha vida!" Essas palavras soaram dentro do coração de Maria de forma mais profunda e sincera do que um simples "Eu te amo."

Quase que uma lágrima escorreu pelo seu rosto marcado pelas dobras do lençol. Talvez tivesse chorado se Diego permanecesse dentro daquele quarto que, diga-se de passagem, era o único local que estava devidamente habitável. Arrumou-se e quando chegou à cozinha abraçou seu namorado pelas costas e ali perto de sua nuca depositou um beijo. Diego entendeu o que aquele gesto significava e seu coração também ficou satisfeito.

Enquanto o café da manhã de Maria acontecia, o de Ethan já havia terminado há muito tempo. Naquele momento, andava em círculos no cubículo em que lhe era permitido tomar sol, o momento de sua estadia que mais apreciava. Nem sempre fora assim, isolado como estava.

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