Capítulo 8

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Hold on, to me as we go
As we roll down this unfamiliar road
And although this wave is stringing us along
Just know you're not alone
Cause I'm going to make this place your home

Home - Phillip Phillips

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-Espera, para aí - Mandou Sam.

-O que foi?

-Acho que vi alguma coisa...

Haviam chegado em Delaware há algumas horas, mas continuaram na estrada, se afastando cada vez mais de toda aquela confusão. Acabaram indo parar em um pequeno povoado, afastado da capital e perfeito para dois fugitivos se esconderem. Estavam passando por uma estrada de terra com muitas curvas e bosques de seus dois lados quando Samantha pediu para Jamie parar o carro.

Assim que o veículo parou Sam saiu correndo. Estava começando a anoitecer e Jamie não entendeu o que estava acontecendo com ela. Ficou preocupado. E se ela se perdesse? Já estava ficando escuro e ela havia adentrado o bosque, ele não conseguia mais vê-la.

Resolveu então ir atrás da garota. Pegou as mochilas no carro, com medo de que alguém as roubasse e saiu a passos rápidos pelo caminho no qual Sam havia desaparecido.

Andou por alguns minutos até avistar ao longe a silhueta de um muro de tijolos. O mato tomava conta dessa parte do bosque, o que tornava difícil de se andar por ali. Tropeçando e eventualmente balbuciando chingamentos, Jamie chegou perto do muro e começou a gritar o nome de Samantha, já bastante preocupado e até levemente irritado com ela.

Tomou um susto quando a viu, do outro lado do muro, fazendo sinal para que ele a seguisse. A escuridão começava a tomar conta, então ele pegou o celular e ligou a lanterna. Jogou as mochilas para o outro lado e pulou. Sam segurou em sua mão e o conduziu.

-Caramba, por que você fez isso? Fiquei preocupado, sabia?

-Desculpa, não deu tempo de te contar, fiquei com medo dele fugir nesse tempo.

-Ele quem?

-O Cujo.

Então ela se agachou e pegou o gato no colo. Era um animal muito bonito, não parecia abandonado. Tinha pêlos brilhantes e sedosos, era todo branco exceto por uma pequena mancha negra em sua orelha direita.

Samantha sorria como nunca enquanto segurava o gato no colo.

-Meu Deus, então era isso! Devia saber, essas mulheres!

-Não era "isso", era "ele", e tem outra coisa também

-O que?

Então ela continuou andando, com o gato no colo e o garoto a seguiu.

Chegaram em uma parte em que o mato e as ervas daninhas se tornavam mais altas e arranhavam-lhes as pernas. Sam parou de repente e segurou na mão de Jamie, erguendo a lanterna. O garoto se assustou com o tamanho e aparência da casa, se é que poderia chama-la assim.

À frente deles se erguia um imenso sobrado que um dia havia sido extremamente bonito, mas que agora estava em ruínas e parecia amedrontador, como se pudesse engoli-los a qualquer momento. A relva e o mato haviam tomado conta do lugar, mas com certeza havia pertencido a uma família muito rica em alguma época. Ao lado da casa havia o que parecia ser um pequeno depósito. Andaram ao redor dela, analisando-a. Nos fundos haviam muitas árvores frutíferas em meio ao mato, e bem ao fundo desse pomar havia um deck de madeira às margens de um rio.

Voltaram para o carro, e lá começaram a discutir.

-Não é incrível? Aquele lugar é diferente de tudo que já vi em minha vida. - Disse Sam, com os olhos brilhando.

-Incrivelmente assustador, é o que quer dizer? Meu Deus, que lugar horrível!

-Quero voltar para lá, acho que podemos cuidar do lugar e ficar lá por algum tempo - Arrematou.

-De jeito nenhum! É impossível viver num lugar daqueles. Aquela casa deve estar toda destruída por dentro, e provavelmente algo muito ruim aconteceu lá, para estar abandonada desse jeito.

-Mas nós podemos ajeita-la, não é difícil! Nunca vamos encontrar um lugar melhor que aquele para nos esconder!

-Ok, o lugar é bom, acho que nunca nos encontrariam lá, mas a não ser que você conheça alguma magia bem pesada pra fazer daquele lugar um ambiente habitável eu não coloco os pés lá.

Sam suspirou, um pouco irritada, mas cansada para discutir e disse que iria dormir. Foi para o banco de trás do carro e se ajeitou, pegou um cobertor e fez da mochila um travesseiro, desejou conseguir dormir sem os pesadelos que tanto a atormentavam, mas achava difícil isso acontecer.

Jamie também se ajeitou no banco da frente, um pouco desconfortável e desejando muito uma cama confortável, e aos poucos adormeceu.

Quando acordou Sam já se preparava para sair do carro, ele se levantou sonolento, e sabendo para onde ela iria apenas a seguiu.

Chegou a casa alguns minutos depois dela, e imaginou que ela deveria estar lá dentro. Com um suspiro e uma careta ele entrou na varanda da frente e empurrou a porta de madeira, muito desgastada pelo tempo.

Adentrou em um ambiente imenso, que deveria ser a sala. Alguns móveis estavam quebrados, um lustre estava espatifado bem ao meio da sala, o sofá estava de ponta a cabeça, e a poeira tomava conta de tudo. O que havia acontecido naquele lugar? Por que estava abandonado a, aparentemente, tanto tempo? Eram perguntas que não saíam da cabeça do garoto.

-Tudo bem, acho que já está na hora de você saber um pouco mais. - Vinda de um canto mais escuro da sala, Samantha andou em sua direção até ficar frente a frente com ele.

-Do que voc...

-Na verdade, eu conheço algo sim. Uma magia, como você disse ontem. - Interrompeu-o. Tinha um olhar bem assustador - Não sei o que é, não sei como posso fazer isso, mas você precisa saber quem eu sou de verdade.

Então Sam virou de costas para ele e ergueu ambas as mãos. Tinha muito medo de sua reação. Não demonstrava, mas se sentia bem com a companhia de Jamie. Não saberia o que fazer sem ele. Mas ele precisava saber, e decidir se ainda continuaria naquela loucura depois disso.

Então, com um barulho estarrecedor, tudo começou a se mover. Jamie deu uma passo para trás, assustado. O lustre quebrado se juntou e voltou ao seu lugar no teto, o sofá foi novamente posto em sua posição, e até a poeira parecia subir e simplesmente sumir no ar. Pelo barulho, aquilo acontecia em toda a casa, e após alguns minutos na mesma posição, concentrada como nunca antes, Sam conseguiu reconstruir toda a casa por dentro. Tudo parecia intacto e perfeito, o lugar voltou a ter sua antiga magnificência. Jamie olhava para tudo aquilo muito assustado e sem entender nada quando viu à sua frente a garota oscilar e cair, desmaiada.

Segurou-a em seus braços e a observou, com uma ruga na testa indicando o quão intrigado estava.

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⏰ Última atualização: Nov 18, 2017 ⏰

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