Capítulo 6

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Now I wishing that I never bowed to you (bowed to you)
I'm in this shit I can't get out of I'm not proud of hate the sound of all

4U - Blackbear

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Os dois dividiam a cama de casal, porém afastados um do outro. E em seu pequeno espaço, Sammy se apavorava em um pesadelo.

O mundo estava girando, e ela acordou em seu quarto, em apenas mais um dia normal.
A mãe não estava trabalhando no dia, e preparava panquecas deliciosas para o café da manhã.
-Bom dia Sam.
-Bom dia. Achei que estaria trabalhando.
-Ah, me deram uma folga hoje, pelo plantão de segunda feira.
Sammy comeu em silêncio, e pegou sua mochila.
-Filha?
A garota olhou para a mãe, com uma sensação estranha no corpo.
-Sim?
- quero que saiba que é uma boa garota, e eu tenho muito orgulho de você - E sorriu, de uma forma que não sorria muito tempo.

E então Sammy estava na escola. Um garoto a seguia, e ela fugia dele, corria por salas e corredores, tentando sair, sem sucesso.
-O que você quer? - Gritou com lágrimas nos olhos, e uma sensação horrível causada pela claustrofobia.
-Hey - Surgiu à sua frente - Fique calma, eu quero ajudar.
-Eu não preciso da sua ajuda! Não quero sua ajuda, me deixa em paz, eu quero sair daqui, eu quero sair! - Berrou enquanto as lágrimas escorriam pelo rosto.

E estava ela, novamente no hospital. As paredes brancas, os jalecos manchados de vermelho, corpos no chão, e uma maca com o corpo sem vida da sua mãe.
O chão sumiu, e ela foi caindo, caindo, na escuridão.

-Sammy!! - Gritou Jamie por cima dela, segurando seus braços e a sacudindo.
-O q- que foi? - Perguntou assustada, com os olhos esbugalhados.

Ele a encarou, sem compreender. E saiu de cima dela, e tendo espaço, ela viu, e tudo estava de pernas para o ar. A cadeira da escrivaninha tinha se espatifado no chão, a cômoda estava virada de lado, a escrivaninha estava com três pés para cima, e o outro estava perto da porta do banheiro, que estava escancarada e sem uma dobradiça.

-O que aconteceu aqui? - Perguntou a garota encolhida e nervosa, com o corpo suado e tremendo.

-Me diz você! Eu acordei e a cadeira estava no teto, junto com a mesa e a cômoda, e você estava se contorcendo na cama, e quando gritou tudo caiu no chão! Não sei como ninguém apareceu aqui ainda, para expulsar a gente - Ele soltou de uma vez, exasperado.

-O quê? - Arregalou os olhos ainda mais, e então se lembrou, que era isso que fazia quando ficava nervosa - Que droga.

-Sammy - Encarou-a - O que foi isso?

Ela suspirou, com tristeza e cansaço.

-Temos que sair daqui, antes que alguém venha. Prometo que quando puder, eu conto.

-De alguma forma, você conseguiu destruir o quarto enquanto dormia, então você precisa me contar agora o que aconteceu.

-Olha Jami...

-Eu estou cansado disso! Não vou jogar na cara que te ajudei, porque de alguma forma, eu que decidi que faria isso, mas agora eu estou nessa com você. Eles nos viram fugindo da sua casa, devem ter milhares de fotos da gente espalhadas por aí, é uma sorte não termos sido encontrados ainda, e eu nem ao menos sei o que aconteceu com você aquele dia! Será que é pedir demais que você me conte, Sammy?!

Ela fitou o chão, sabia que aquele momento chegaria, e ele provavelmente a deixaria ali, depois que contasse. Talvez diria que foi ameaçado, talvez a entregasse para se safar, mas com certeza sairia correndo dali quando soubesse o que ela fez.

-Me ligaram do hospital. - Olhou nos olhos dele, se lamentando pela despedida desagradável que viria depois que ele soubesse - "Sua mãe sofreu um acidente grave e não resistiu" foi mais ou menos o que disseram. Eu saí correndo de casa, completamente desesperada. Cheguei no hospital e corri para o quarto em que ela estava, mas eu não podia, e pessoas me seguraram. Jamie, eu estava em pânico, ela era a única pessoa que eu tinha nessa vida. E eu queria que eles me soltassem, queria abraçar minha mãe, queria vê-la. E eles me soltaram. Mas Jamie, eu não sei como fiz isso, mas eu matei todos eles, todos aqueles enfermeiros e médicos. - Agora a garota chorava, encolhida - Uma dor de cabeça horrível me atingiu e eu desmaiei, deve ter sido quando você me encontrou. Eu não sei o que é isso, não sei como e nem porque faço essas coisas, mas eu faço, Jamie, eu sou um monstro. Então você deveria ter me ouvido, deveria ter me deixado sozinha. Jamie, eu matei todos eles, eu sou um monstro! - Eles se encararam por longos segundos, digerindo tudo aquilo, o momento se quebrou quando ele veio até ela e a abraçou.

E o choro voltou, ainda mais desesperador, e os soluços vinham junto, a dor também. E ela o agarrou e inundou sua camisa de lágrimas.
Chorou tudo que devia, tudo que estava preso dentro dela desde aquele dia, e ele apenas ficou ali, esperou, a consolou, e o mais importante: não fugiu.

Quando os soluços foram se acalmando, ele se afastou um pouco. As mãos envolviam as bochechas da menina quando ambos se encararam

-Sam - E aquilo cortou seu coração, até aquele dia, apenas sua mãe a chamava assim - Presta atenção. Não vou dizer que não foi errado, mas presta atenção em uma coisa: não foi sua culpa. Você não escolheu isso. Você não sabia, você estava desesperada. Sam, não foi culpa sua, ok? Eu estou aqui, não vou te abandonar.

Ela balançou a cabeça afirmativamente, com os olhos se enchendo de lágrimas novamente e ele a envolveu em seu abraço.

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