Conto 11 "Doce Engano"

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Ela acordou sobressaltada, há várias noites tivera o mesmo sonho, os mesmos olhos verdes a encaravam, e ela fugia. Será que era algum tipo de aviso? Não podia ser, Alice não acreditava nessas coisas. Talvez fosse coisa do seu subconsciente, os vira em algum lugar e os fixou em sua mente. Preferiu deixar para lá.

Levantou-se da cama, para mais um dia de aula. Arrumou-se e seguiu para o metrô, que para variar, estava lotado. Era um dia qualquer, a mesma rotina de sempre, pelo menos foi o que ela pensou.

Assim que a aula acabou, Alice encaminhou-se para a estação, e pegou o metrô para ir para casa, mas havia algo de diferente, uma sensação esquisita de que algo ruim estava prestes a acontecer, e dessa vez ela não achou que era apenas bobagem, seu coração acelerou, assim que avistou o par de olhos verdes, os olhos de seus sonhos. Desceu apressada, tentou não olhar para trás, sentiu que alguém a seguia, correu o mais rápido que suas pernas conseguiam, mas logo tudo escureceu.

Assim que Alice despertou, percebeu que estava em um quarto, com mãos e pés amarrados, boca amordaçada, mas seus olhos estavam sem vendas, pelo menos conseguia enxergar. A última coisa que se lembrava era dos olhos verdes, mas como era possível?
Um barulho a tirou de seus pensamentos, alguém entrara, e um par de olhos verdes a encarou, confusos. Ele usava máscara, mas seus olhos estavam bem visíveis.

— Bom dia, bela adormecida! Achei que não acordaria nunca. Dormiu bem? — Ela o encarou, estava amordaçada, não podia responder. — Ah, desculpe, se prometer não gritar, eu tiro essa mordaça, ok? — Ela assentiu com a cabeça e ele retirou o pano que cobria sua boca.

— Por favor, quem é você? Por que estou aqui? — Lágrimas escorriam por seu rosto.

— Calma, mocinha. Você foi sequestrada, tá vendo não? — ele respondeu em tom de deboche.

— Mas, por quê? Nem rica eu sou. Não tenho nada a oferecer.

— Ah, claro, quer mesmo que eu acredite nesse papo. Herdeira de um dos maiores empresários do ramo automobilístico e quer me convencer que é pobre, tenho cara de otário?

— Como? Eu? — perguntou confusa. Não estava entendendo mais nada. Herdeira? Como assim?

— Alice Betarello, filha de Richard Betarello. Única herdeira, podre de rica, seu sequestro vai me render uma boa fortuna. Você é a nossa mina de ouro — Tiago tentava parecer descontraído, escondia muito bem o seu nervosismo.

— Há um pequeno engano, cometeu um erro. Meu nome é Alice, mas é Alice Souza. Não sou herdeira de nada, nunca ouvi falar dessa tal Betarello, sou pobre, olhe meus documentos. Meu pai se chama Alcir Souza.

— Acha que me engana? Há dias estou seguindo você, olhei bem para a sua foto, não errei, você está tentando me enganar, isso sim.

— Ah claro, acha que se eu fosse tão rica assim, estaria andando de metrô? — perguntou com desdém.

— Isso é um truque, me diz que é um truque. Não posso ter cometido um erro desses, meu chefe vai me matar.

— Sinto informar, mas você cometeu um erro, um enorme erro, agora me solte, deixe-me ir. — Nem pensar, preciso ter certeza de que você é você mesma e não a herdeira. Quero ver seus documentos.

—Pegue-os em minha bolsa, estão todos lá.

— Droga, joguei sua bolsa fora, assim que te dopei — ele lembrou, desolado pelo fato.

— Por favor, me deixe ir, diga que eu fugi, seu chefe nem precisa saber que sequestrou a garota errada. Eu não vi o seu rosto, nem sei quem você é, deixe-me ir — implorou.

As Aventuras das BelasOnde histórias criam vida. Descubra agora