Conto 12 "Feito pra Mim"

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FEITO PRA MIM

Jess Bidoia

— Larga esse celular Dani. Poxa viemos aqui para passear.

— Só mais um minutinho Paulo, as meninas do grupo estão brigando, preciso apaziguar. — respondo o meu marido sem nem olha-lo.

Termino de digitar mais algumas palavras, e solto um suspiro. Fico louca com essas meninas, somos um grupo pequeno que formamos desde a faculdade, sempre tem brigas, e como sou a mais centrada, preciso resolver e amenizar os danos.

— Ah não Gabriela! Não acredito que você escreveu isso — murmuro e a chamo no privado. Ela adora provocar a Selma. Nossa amiga é traída pelo marido e não quer abrir os olhos, por isso sempre quando se desentendem ela joga a bomba no grupo.

— Droga Selma, não é para sair do grupo — resmungo comigo mesma, já adicionando-a novamente.

Sou uma santa, só pode. A única que nunca brigou nesse grupo sou eu.

— Para mim chega, vou descer até o bar do hotel.

Escuto a voz de Paulo, meu marido, mas estou tão centrada no áudio que Selma me manda chorando que não dou atenção. Por isso tomo um baita susto quando escuto a porta bater violentamente.

— Paulo? Paulo?

Deixo o celular de lado e olho em volta. Ele realmente saiu — constato.

— Droga. — resmungo.

Somos casados há apenas três meses e depois da Lua de mel, que por um problema no meu trabalho, teve que ser interrompida no segundo dia, é a primeira vez que conseguimos uma folguinha para passar o final de semana na praia. Paulo é um advogado renomado em Bela Vista e passa os finais de semana debruçado em intermináveis processos. Sou completamente apaixonada pelo meu marido. Nós conhecemos há mais de cinco anos, quando eu ainda trabalhava em um salão que arrumava noivas, lá conheci Beatriz, Clarissa, Luana e consequentemente seus respectivos pares, e Pedro, o marido de Clarissa me apresentou o irmão. Nunca fui puritana, por isso, no mesmo dia estávamos nos amassando na areia da praia onde foi realizado um dos casamentos mais emocionantes que presenciei na minha vida.

Nossa vida sempre foi tranquila, exceto pelo fato de Paulo trabalhar demais, somos um casal feliz. Tenho uma sogra louca, mas a mantenho a um braço de distância, e tenho sorte de ela adorar aborrecer apenas minha cunhada, Clarissa, comigo é só puxação de saco.

Planejamos com todo cuidado do mundo essa viagem, passagens, hotel e todos os demais detalhes. E agora eu estou aqui sozinha no quarto de um hotel, por conta da minha bondade em querer ajudar os outros.

Quer saber, férias. Estou de férias do celular.

Desligo o aparelho sem me despedir das meninas, calço meu chinelo e saio porta afora em busca do meu homem.

Saio do elevador e olho para os lados, sem ter noção de onde ele possa ter ido.

— Por favor, Senhor, onde fica o bar do hotel? —pergunto a um funcionário.

— No final do corredor senhorita.

— Obrigada. — nem corrijo o gentil cavalheiro. Deixe me chamar de senhorita mesmo.

Sigo para o local que ele me indicou e começo a me sentir constrangida pela roupa que estou vestindo. Tenho 1,63 de altura, e uma genética ótima. Meus 55kg são muito bem distribuídos, fazendo que meu short jeans curto e a blusa de alcinhas verde que estou usando, se tornem quase indecentes perto de todos que passam por mim na porta do bar.

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⏰ Última atualização: Mar 09, 2017 ⏰

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