Se esse momento fizesse parte de um filme de comédia romântica, nesse exato momento estaria tocando uma música do Bob Marley.
Clichê, eu sei, mas é o tipo de música que Jake gosta.
Eles rodariam a câmera acima de minha cabeça até ela focar nos meus olhos vermelhos com a substância que Jake, meu melhor amigo, me ofereceu. Colocariam para ecoar a risada de Jake enquanto ele assopra a fumaça, e focariam nos desenhos da minha parede que eu mesmo fiz enquanto estava doente em 2005. Colocariam o meu gato — já velho — destacado em cima da minha prateleira de livros suja, o que é raro, mas aconteceu depois de um fato histórico que muda a vida de qualquer jovem de dezesseis anos: amor.
Mas, para começar a contar minha história "de amor" e porquê um homem de vinte e seis anos está pensando em direção de comédias românticas com seu melhor amigo no seu quarto de infância, preciso contar primeiro como cheguei até aqui.
Nesta manhã, acordei cedo e sai do meu apartamento em Nova York, uma cobertura em Manhattan. Eu estava pronto para sair quando meu agente, Mark, me ligou.
— Daniel! — Sua voz empolgada me fez revirar meus olhos. O homem tem o espírito Nova Iorquino tão forte em seu DNA que eu tenho certeza que ele não tinha dormido, mas estava triunfante como sempre. — Já chegou a Portland?
— Bem, Mark, eu ainda nem cheguei no elevador — Reclamei puxando a mala prateada. Ficou presa perto da entrada, e a falta de mobilidade por estar segurando um telefone apenas me irritava mais.
— Sentiremos sua falta por aqui, amigão — "Amigão". Revirei meus olhos mais uma vez. — Prometa que vá voltar, hein?
Eu sei. Eu pareço um babaca, e em partes, eu sou.
Mas o que as pessoas esquecem sobre a vida em Nova York é que você é um produto. Por mais amado que você seja, e querido por várias pessoas, você é um produto. Se você não for um produto lucrativo, é descartado das prateleiras. Mas, caso traga algum tipo de felicidade financeira, estará em todos os lugares até o fim da sua vida.
Tudo isso para te dizer que eu sou um produto para Mark. E odeio suas falsas demonstrações de afeto.
— Claro — Deu um sorriso amarelado e entrei finalmente no elevador. — Aliás, como você se sustentaria se eu não voltasse?
Sua risada foi alta e poderosa, mas estava falando sério. Sou o principal investimento de Mark desde os meus 20 anos e ele pode até tentar outras coisas, mas eu continuo no topo.
— Te vejo em breve, então, Petrus. Tente não trabalhar muito quando estiver lá, mas tire algumas fotos.
Desliguei sem me despedir. Aguardei o elevador e sai no lobby, já indo na direção do estacionamento. Por mais que quisesse me despedir dos funcionários do prédio, minha mente estava cheia demais para pensar nisso.
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DEZESSEIS
Teen FictionAh, o amor! Tão lindo... Pra alguém que nunca o viveu. Daniel tem dezesseis anos e nenhuma expectativa em relação ao amor. Enquanto todos pensam apenas em amor e sexo, ele apenas quer terminar logo o Ensino Médio, para sair de Portland e começar...