DEZESSEIS

10

Eu estava sentado em um sofá vermelho de couro e com as minhas pernas cruzadas. Meu olhar pairava sob a bela moça a minha frente, que usava um terninho cinza e seu cabelo escuro preso em um coque alinhado. Ela estava arrumando um gravador, o colocou na minha frente e olhou para mim.

— Espero que não se incomode por eu estar gravando essa conversa— Dei de ombros, pouco me importando com a situação. Eu apenas queria sair daqui.

— Fique a vontade, madame. — Sarcasmo pingou a cada palavra, o que resultou na mulher levantando sua sobrancelha desenhada pra cima. 

— Então, sr. Petrus, você pode me dizer o que aconteceu na noite de sexta feira? — Ela perguntou. Seu olhar mostrava uma certa determinação e o meu, provavelmente, mostrava o quanto eu pouco me importava.

— Eu já disse. Jullian estava no restaurante com Faith Clost, minha melhor amiga, e vi que ele estava tentando tirar vantagem dela. Eu fiz o que qualquer cara com respeito a mulheres faria. 

— Eles estavam em um encontro, sr. Petrus. A senhorita Clost em pessoa veio até aqui antes de você e contou que nada de errado estava acontecendo, apenas que o senhor havia ficado com ciúmes "por estar perdendo sua melhor amiga". — Fiquei encarando incrédulo a mulher na minha frente, que parecia querer morrer e revogar seu diploma, já que está sendo gasto com dramas adolescentes. Respirei fundo e passei meus dedos por meus cachos, sentindo os machucados em minha mão.

— OK, Faith está certa. Pode me dar a carta de suspensão, eu não ligo. — Soltei um suspiro derrotado e me encostei na cadeira, esperando a mulher escrever minha suspensão e acabasse logo com isso. 

Quando pensava que Faith não poderia mais quebrar o meu coração, ela vai e me surpreende.

A mulher se inclinou para frente e pude ver um tom de curiosidade em seu rosto. Ela respirou fundo e colocou seu indicador em seus lábios enquanto pensava.

— Eu não acredito em você, Daniel, assim como não acreditei na sua amiga. — Sua voz tinha um forte sotaque britânico. — Você pode me contar o que realmente aconteceu e porque você está levando a culpa pela srta. Clost?

Me senti incomodado com o seu olhar. Olhei de um lado para o outro, me ajeitando no sofá de couro que de repente, havia se tornado extremamente desconfortável. Respirei fundo considerando contar a história de verdade: Faith que atacou Jullian quando viu que ele estava tentando fazer algo que ela não queria e eu fui tomado pela mesma raiva do dia do bar. Eu tinha minha parcela de culpa, mas não toda a culpa como Faith disse. 

Soltei um suspiro pesado mais uma vez e fechei meus olhos. — Eu acho melhor acreditar porque é essa a verdade.

A mulher soltou um suspiro decepcionado e abri meus olhos para olhar sua expressão. Sua testa estava franzida e seus ombros baixos enquanto ela anotava algo em um papel e me entregava. Olhei a suspensão e enquanto eu pegava minha mochila e jogava nas minhas costas, ela disse em um tom calmo e até meio triste:

— Você está suspenso do time por uma semana. — Ainda dá tempo de jogar na final . — Perderá três pontos em cada matéria escolar e ainda sim terá que ficar depois das aulas a partir de amanhã, junto com sua amiga para limpar as salas de luta. . — Balancei a cabeça assentindo e estava indo embora quando ela me parou mais uma vez. — E, Daniel, não importa quão forte seja esse seu amor e lealdade por Faith Clost, se você a quer bem, precisa deixa-la assumir seus próprios erros para aprender com eles e se tornar uma pessoa melhor.

Assenti. Eu sabia disso. — Isso é tudo?

— Sim, senhor Petrus, você pode ir. 

A mulher abriu a porta para mim. Eu sai em direção a sala, abri a porta com um estrondo e olhei para Faith, que estava encolhida no canto da sala com um casaco cobrindo seus braços machucados. Meu olhar estava duro como pedra e ela manteve-se  enquanto eu murmurava um bom dia para a turma e me sentava na minha cadeira de sempre.