— Ai, Daniel! — Faith gritava comigo enquanto eu tentava limpar o seu machucado, que ela mesma tinha causado em uma briga de bar. Ela estava sentada na minha cama, usando uma camisola da minha mãe. Uma cama estava preparada para mim no chão, já que éramos amigos. Estava muito tarde quando chegamos em casa, e os pais de Faith acharam melhor ela ficar comigo. Eles confiavam em mim e eu apreciava isso.
Lembro bem do dia que conheci os pais de Faith. No dia em que eu conheci o pai de Faith, foi um daqueles dias que eu achei que ia morrer apenas com um olhar. Era a única solução viável para aquele probleminha.
Eu havia colocado o meu melhor suéter azul. Estava deitado no sofá comendo frango frito, olhando para a televisão e vendo o que as pessoas estavam achando dessa época do ano.
Era feriado, e naquele dia, realmente resolvi apreciar aquele dia como ele merecia. Todo feriado, desde que nasci, acho que é uma perda tempo. Menos o quatro de julho.
Para mim, o quatro de julho não é só o dia da independência do meu país, mas também é o dia da minha independência de coisas que você não achou que eu precisava de independência: roupas.
Naquele dia em especial, eu estava usando uma cueca branca que havia um furo na minha bunda e o suéter azul. Livros? Fechados. Celular? Desligado. Câmera? Sempre ligada e ao meu lado na cama. Nunca se sabe quando você pode precisar dela para matar alguém, ou até mesmo tirar a foto perfeita. OSBD: A primeira opção era mais provável nessa época da minha vida.
E era tão isso que Faith brotou na minha janela. Não importa quantas vezes eu tentei faze-la entender que a porta exisita, ela não dava a mínima para mim.
Eu peguei minha câmera e saquei, pronto para arremessar, mas ao ver Faith vestida tão decentemente... Não consegui fazer nada, a não ser, rir.
Faith estava sempre vestida de uma forma realmente funcional. Camisa lisa, cinto, calça jeans e botas. Se eu pudesse descrever Faith com um look, seria esse. Ela também variava com umas camisetas de musicais e Star Wars, pra não ser injusto.
Mas naquele dia, ela não estava assim. Faith estava usando um vestido florido que não tinha um decote, mas seus braços ficavam expostos. O vestido não tinha uma saia longa, ele ia até o início dos joelhos de Faith e era solto. Ela parecia mais aquelas donas de casa dos anos cinqüenta, mas por um momento, eu pude deslumbrar o quão legal seria dançar com Faith com esse vestido, ver a saia rodando e a escutar a sua doce risada.
Foi só por um momento mesmo, pois logo voltei a rir. Eu ria tanto que precisei me inclinar na cama, apenas pra irritar. Ela estava tão linda e arrumada que eu PRECISAVA tirar uma foto. Seu cabelo preso, uma maquiagem leve... Não consigo pensar em um defeito que ela tinha naquele dia. Porém, eu tinha dezesseis anos e estava apaixonado: obviamente eu ia fazer alguma gracinha.
Ela revirou seus olhos verdes para mim e me deu o seu dedo do meio. Foi exatamente no momento que eu capturei a foto, e até hoje, é uma das minhas favoritas. Meu quarto sujo e bagunçado atrás dela, perfeita e intocável. Era o perfeito no imperfeito.
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DEZESSEIS
Teen FictionAh, o amor! Tão lindo... Pra alguém que nunca o viveu. Daniel tem dezesseis anos e nenhuma expectativa em relação ao amor. Enquanto todos pensam apenas em amor e sexo, ele apenas quer terminar logo o Ensino Médio, para sair de Portland e começar...