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No dia em que eu a conheci, eu acordei extremamente desanimado, como acordo toda segunda feira até hoje

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No dia em que eu a conheci, eu acordei extremamente desanimado, como acordo toda segunda feira até hoje.

Acordei com o barulho da porta batendo, minha mãe gritando que eu já estava atrasado e me lembrando que meu número de faltas já havia sido ultrapassado. Ou seja, mais um dia fora de sala de aula e repetiria de ano.

Eu sempre quis sair de Portland, então, repetir no último ano seria a maior sacanagem da minha vida. Isso iria atrasar a Columbia ― eu tinha plena certeza que iria passar para a minha faculdade dos sonhos ― , iria atrasar o apartamento sozinho, iria atrasar coisa pra caramba. Eu não poderia me dar o lixo de passar a manhã deitado, apenas pensando em Star Wars e o quanto eu quero ficar rico.

Fiquei encarando o teto por 30 minutos, tentando processar a melhor manobra para levantar da cama a e reunir todas maldições do mundo para poder xingar a minha escola por ter um número de faltas, minha mãe por me lembrar o quanto fui relaxado esse ano, meu gato por estar lambendo a minha perna depois de ele ter lambido o próprio vômito na noite anterior, minha vida por ser tão... Eu.

O despertador vibrou ao meu lado e como se fosse mágica, minha mãe gritou em plenos pulmões, que eu não sei como, porque ela parecia uma chaminé de tanto que fuma , que eu estava atrasado e que ela ia subir para me bater caso eu não levantasse em um minuto.

Empurrei as cobertas, as jogando no chão e logo as chutando para longe de meus pés. Abri a porta do meu guarda-roupa com muita força, o que fez um estrondo enorme ecoar por todo o meu quarto. Meu gato se sobressaltou na minha visão periférica e minha mãe gritou que caso eu quebrasse a porta do guarda-roupa, seria apenas mais um motivo para me quebrar. Eu fiz uma careta imitando a voz dela, mas logo essa careta se tornou enojada.

Eu cheirei uma camisa vermelha e o cheiro era tão forte que minha vontade de comer quase passou. QUASE, gostaria de ressaltar.

Eu soltei a camisa no chão e comecei a puxar as camisas de dentro do armário. Olhei todas até encontrar uma de Star Wars, perfeita e com um cheiro agrádavel. Eu coloquei a camisa, a calça jeans surrada e os tênis sujos da caminhada que fiz de madrugada com Jake, um idiota que eu costumo chamar de amigo, para ir comprar chocolate para a irmã mais nova dele.

Eu desci com um objetivo traçado: descer as escadas, caminhar até a porta, bater a porta sem falar nada e seguir o meu rumo. Eu não ia esperar minha mãe gritar comigo, ou reclamar da forma que eu estava vestido. Eu iria apenas seguir...

― Eu não acredito, Daniel! ― Minha mãe exclamou enquanto eu passava sem olhar para o seu rosto, tentando seguir o que eu havia prometido a mim mesmo. ― Você está imundo! Eu não acredito que de novo você está com esta camisa! DANIEL, EU ESTOU FALANDO COM...

Ela se calou assim que bati a porta e caminhei em direção a calçada. Acelerei os passos quando escutei ela ainda gritando o meu nome e afastei um cacho de meu cabelo que caiu em meu olho, pois eu havia começado a correr porque eu sabia que um chinelo poderia voar nas minhas costas a qualquer momento.

DEZESSEISOnde histórias criam vida. Descubra agora