Quando eu penso nesse dia, raiva é a única palavra que passa na minha cabeça. Deixar que Julian ganhasse naquele momento era algo que eu não poderia admitir, e eu não o fiz. E bem, tudo que envolve Daisy/Faith foi a melhor escolha da minha vida.
Escutei passos no corredor. Minha cabeça estava perdida, pensando ainda naquele sorrisinho bobo que ela deu para mim. Isso mesmo, eu, um mero mortal, recebi um sorriso de uma deusa como ela! Parecia mentira. Meu coração estava disparado e minha mente estava longe, já imaginando o dia em que eu e ela passaríamos o dia todo deitados na cama lendo, comendo e fazendo amor. Seria o meu sonho?
Eu ouvia passos, mas não me atreveria a virar meu rosto. Sabia que assim que o fizesse, teria que abandonar a minha fantasia e viver a realidade. Quer dizer, quais são as probabilidades dela ter realmente sorrido e olhado para mim? E por que eu estou pensando nisso?
— Jake, eu sei que você quer me contar mais da garota, mas não quebre a minha fantasia! — disse, levantando a minha mão e fazendo os passos pararem. Jake não respondeu de imediato como ele sempre faz, então, me virei para ver quem era.
Os olhos de gato que eu escrevi na lista estavam me encarando, porém, com um brilho divertido. Eram grandes e claros, em um tom de mel que me deixou sem fôlego assim que meu olhar colocou nos mesmos. Realmente sem fôlego, porque conseguia escutar a minha respiração presa e logo um suspiro sendo liberto. Reparei bem em tudo: sua boca rosa e pequena, suas maçãs bem redondas e seu rosto até meio quadrado. Pisquei fascinado e dei um sorriso de canto, um pouco envergonhado.
— Eu sou nova aqui, mas se você disser como ela é, eu posso ajudar te tirando da fantasia.
É você. Qual é seu nome? Por favor, me diga o seu nome.
— Não, não, está tudo bem. Preciso me tornar um homem em algum momento e ir... conversar com ela. — Parei para respirar enquanto falava. O sorriso dela cresceu e meu coração disparou. Uma dor apertada se concentrou em meio as minhas calças. Não, Daniel!
Abaixei meu olhar rapidamente e logo cobri meu "negócio" com meus livros. Eu estava excitado! Excitado porque uma garota bonita sorriu pra mim. Eu sou patético.
Eu sempre tive problema com ereção. Tudo começou quando eu fiz doze anos e descobri que mulheres não eram nojentas, afinal de contas. Tudo era motivo para me fazer pensar nelas e eu realmente precisava parar com isso. Quanto mais penso nisso como homem, mais percebo o quão doentio eu era.
E o quanto eu tinha dezesseis anos.
— Ah, ok! — Ela disse olhando para o chão, deixando o silêncio pesar sob nós. Eu estava nervoso demais com meu corpo para me apresentar ou coisa assim, então, fiquei em silêncio. Ela pareceu lembrar de algo, alguma salvação e disse: — Temos a mesma classe agora.
— Mesmo? — Perguntei, meio decepcionado por precisar passar mais tempo e feliz por ficar perto dela. — Se quiser um conselho, é melhor se sentar nas últimas fileiras. O professor tem um problema sério com cuspe e não quero que você fique molhada.
— Eu sou míope, então, eu não me importo de me sujar! — Ela disse com tanto entusiamo que me fez engasgar. Sério, Daniel? SÉRIO?
— Eu também. — Eu apontei para o meu óculos na cara com um sorriso de canto.
— Eu reparei — Ela piscou e meu corpo não reagiu muito bem com isso. Eu comecei uma oração na minha cabeça e implorei a Deus para mudar tudo isso. Era a única maneira de sair dessa vivo.
— Está tudo bem com você? — A menina perguntou e eu abri meus olhos. Seu olhar era preocupado e estava perto de mim. Perto o suficiente para eu conseguir sentir o seu cheiro incrível.
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DEZESSEIS
Teen FictionAh, o amor! Tão lindo... Pra alguém que nunca o viveu. Daniel tem dezesseis anos e nenhuma expectativa em relação ao amor. Enquanto todos pensam apenas em amor e sexo, ele apenas quer terminar logo o Ensino Médio, para sair de Portland e começar...