Mais sobre esta ponta de estrela! Beijão a todos!
CAPÍTULO 16
Gina saiu na frente e o casal a seguiu. Claus estava no ombro de Lívia, já perdoara a antiga companheira.
- Passaremos no setor de capas para pegarem as suas. – O Unicórnio olhou rapidamente para trás.
- Temos capas? – Lívia questionava baixinho no ouvido de Thiago ao segurar sua mão. O namorado quase estrangulava seus dedos.
Desceram por uma escada branca, com corrimão azul. Podiam ver Mátre dali. Não havia paredes. O local era inteiramente de vidro. Passaram por seres com capas de duas cores somente, ou mais... Os cachorros com as orelhas grandes fizeram um rasante perto deles, rosnando para Thiago, que bradou aborrecido:
- Ei! – disse quase levando um tombo ao se desviar.
- Não reclame! – Claus alertava rindo. - Você teve sorte de ele não parar. São Poãos. Trazem notícias ruins da Terra e de Statera.
- Por que rosnaram para mim? – Thiago perguntava ainda pensando na palavra "Statera", mas achou que questionar sobre isso seria muito para sua cabeça. Já acumulara informações suficientes para não compreender. Não via necessidade de acrescentar mais uma.
- Poãos são mal-humorados. – Gina dizia contrariada. – Não sei se sempre foram assim ou se ficaram depois que receberam a missão das notícias ruins. – Ela respirava profundamente. – Como são fortes, rolam pelo espaço. Às vezes, são confundidos com cometas. Talvez por isso sejam tão resmungões. Além de carregarem algo ruim, ainda precisam fugir de astronautas que ora tentam destruí-los, ora capturá-los para estudos.
A escadaria circular terminou num longo salão com um pé direito de dois andares e uma fonte no meio.
- O que é aquilo? – Thiago apontava para o teto com diversas imagens, algumas em 3D, mas todas, sem exceção, inexplicáveis para ele.
- Parece bonito, mas não vejo direito. – Lívia franzia a testa.
- São indecifráveis aos olhos humanos – o Unicórnio explicou com pesar. – Precisarão voltar a enxergar com o coração para compreendê-las. Vocês já conseguiram vê-las um dia. Mas, como foram à Terra, podem ter perdido um pouco de si mesmos. É normal isso acontecer. Por isso, abrir mão de viver em Mátre é uma missão muito reconhecida. Os riscos são altos! – Ela fitava os olhos assustados do casal. – Não se preocupem, vocês já conhecem esses sentimentos. Apenas pararam de senti-los em sua essência.
- Quais sentimentos seriam? – Thiago coçava a cabeleira desarrumada. Quando começava a entender aquela loucura, tudo mudava novamente.
- Amor. – Gina cerrava os olhos. – Todos os demais vêm dele.
Ainda hipnotizada, Lívia olhava para cima, poderia jurar que havia uma dança silenciosa, apesar de não enxergar algo definido. Era confuso e, estranhamente, agradável mirar aquele "borrão". Sinceramente, era o que via. Seria dificílimo explicar o alívio que um desenho sem o menor nexo lhe causara. Ela cerrava os olhos para tentar compreender, mas era em vão.
- Por aqui. – Gina dizia ao guiá-los.
Depois de virar à direita, chegaram a uma porta de metal duas vezes maior que a do apartamento que Thiago morava. O Unicórnio abriu. O casal entrou e não pôde continuar devido a um corrimão que bateu na altura da cintura deles. Ainda bem, do contrário, cairiam num abismo. Lívia pensou que seria esse o nome do buraco que ela não via fim! Milhares de capas flutuavam. Algumas batiam neles, uma dava piruetas e trombava em outras. Todas eram compostas pelas sete cores, seis na extensão e o branco no capuz. Capas lindíssimas de um material que parecia reluzir. Lívia não sabia se era cetim, mas era como se a cor fosse tão nítida que saísse do tecido. Outras eram de um tecido grosso com a coloração fosca. A namorada de Thiago levou as mãos à boca.
- Como encontraremos as nossas? – Lívia perguntava eufórica com brilho no olhar. – Pode ser qualquer uma?
- Não se preocupe com isso. – Quando o Unicórnio fechou a boca, uma capa passou no meio deles e vestiu Thiago, que começou a flutuar na mesma hora.
Ele ficou espantado e Lívia, deslumbrada.
- Não fique com medo. Você já fez isso várias vezes – Gina quis tranquilizá-lo.
- O controle está aqui. – O gruvi bateu com a asa na cabeça de Thiago.
- Ai! – Thiago protestou. – Está bem. Vou tentar – prometeu ainda apreensivo.
- Ah! - Lívia assustou-se quando a sua a vestiu de repente e... estranhamente, sentiu afinidade com ela. Uma confiança forte a invadiu. Num passe de mágica, vários esclarecimentos sobre a vida tomaram sua mente. Era um conforto indescritível, que ultrapassava a barreira física.
Lívia saiu um pouco do chão. Thiago já havia aprendido a controlar os movimentos na capa.
- Gostei de vestir isso – a namorada comentou emocionada.
- Você não viu nada ainda – o Unicórnio falava ao abrir a porta. – Há muito mais para conhecer.
- Nossas capas não brilham... – Lívia disse decepcionada.
Gruvi riu com ironia e falou:
- Elas já brilharam muito! – Arregalava os olhos já imensos. – Muito mesmo. Mas você colocou a euforia e a curiosidade de desvendar a Terra no lugar dos conhecimentos daqui!
Lívia não compreendeu o que ele disse. Gina balançou a cabeça e a olhou de esguelha, como se falasse para não se preocupar. E Thiago olhava para trás a fim de verificar como era a sua capa. Não havia reparado nisso!
Saíram da Sala de Capas e subiram uma escada do lado oposto. Thiago por vezes flutuava, em outras, utilizava os pés. Lívia flutuou o caminho todo, mesmo se desequilibrando e batendo a cabeça no teto. O gruvi voava perto dela dando dicas para controlar-se.
- Chegamos. – Gina anunciou em frente a uma porta três vezes mais alta e larga que a anterior.
Lívia, que acabara de bater no teto, pousou os pés em chão firme. Thiago, que não se arriscara mais que vinte centímetros do chão, já estava ao lado do Unicórnio.
- Entrem e não conversem – Gina os orientava. – Coisas estranhas acontecerão. Mas confiem! Tudo ficará bem!
A porta abriu automaticamente ao aproximarem-se. Adentraram num lugar fascinante. O teto era semelhante ao anterior: belo e incompreensível. "Como muitas coisas na vida.", Thiago refletiu admirando a namorada, que girava a cabeça para todos os lados. Ele chegou a pensar que ela faria um giro completo com o pescoço.
Havia muitas cadeiras. O silêncio ali poderia ser tocado. Até mesmo respirado! As pessoas estavam sentadas com os olhos fechados. Thiago e Lívia fizeram o mesmo.
A noiva de Thiago sentiu-se acolhida. Como se tivesse retornado a um antigo lar. A energia a penetrava de forma intensa. Quanto mais concentrava-se em si, quanto mais olhava para dentro dela, mais tranquila ficava. Lívia abriu os olhos por um instante e viu uma mulher observá-la. Era a mesma mulher de mais cedo. Mais uma vez, um amor profundo a invadiu através de seus olhos ternos, compreendendo por completo as palavras de Gina. Ali, as pessoas amavam com o olhar, comunicavam-se por meio dos sentimentos e pensamentos. Como se falassem pelos olhos. Assim, calar-se era cerrá-los. Lívia os fechou novamente e entregou-se à meditação. Ficaram algum tempo, sem fazer ideia de quanto, pois os relógios haviam parado.
Espero que estejam gostando! Um dia lindo para vocês! Até amanhã!
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Janelas da Alma - Segredos Revelados
RomanceO livro completo está disponível na Amazon. Lívia e Thiago se amaram como poucos. Um amor tão grande que transbordava pelas janelas da alma. Sendo impossível vivê-lo. Uma pessoa morreu. Várias, choraram. Seus pais sofreram... Aquilo precisava ter f...