E as recordações? Como elas afetarão Lívia? Vamos descobrir agora!
CAPÍTULO 10
Depois de comerem, Lívia levou as malas para seu antigo quarto. Estava como deixara... Sem foto alguma de Thiago. Retirou todas antes de partir. E cheio de prateleiras com livros e sua coleção de bibelôs. A cada lugar que iam, trazia algum objeto de lembrança. Letícia a questionava onde havia comprado e a filha adorava inventar histórias malucas. A caixinha de música trazida de Paris foi uma delas. O problema foi que a mãe achou tão bonita que queria uma. Lívia divertiu-se ao descrever com detalhes que ganhara numa aposta que fez com uma amiga. Foram muitas histórias hilárias para justificar o inexplicável, para esclarecer coisas estranhas e sumiços descabidos, que não sabe como Letícia não enlouquecera.
Dentre as lembranças, quando se foi, não conseguiu deixar a caixinha de música devido à promessa de Thiago: "Sempre que Mozart tocar serei eu dizendo o quanto gosto de você". Havia sido há quase dezoito anos. Entretanto, Lívia ouvira a música durante os primeiros meses que morou na Espanha. Era o único som capaz de fazê-la parar de pensar e adormecer.
- Vendo se estão todos no lugar? – Bia entrou no quarto e começou a olhar a coleção. Estendeu a mão para pegar uma pequena estátua de uma espanhola gorducha com um vestido vermelho. – Ah! Neste, eu estava! Granada! – Fez pose de dançarina. Elevou os braços e empinou o queixo. – Dançamos flamenco em frente à Catedral. – Alcançou as mãos de Lívia e tentou girar, mas a cama no centro do quarto impediu a cadeira de rodas de prosseguir.
- Não! – Lívia aproveitou para se desvencilhar.
- Vamos! Dance comigo! – Bia balançava os braços no ar. – Foi espetacular esse dia!
Os dançarinos flamencos fizeram vários passos com Bia. Rodavam sua cadeira. Passavam por cima dela. A amiga de Lívia sentira-se leve como poucas vezes na vida. A cadeira girava e ela tinha certeza de que voava pelo céu de Granada.
- Foi... – Cabisbaixa, Lívia sentou-se na cama.
Bia posicionou-se ao lado da amiga:
- Sabia que seu maior medo não é pelo Thiago.
Lívia ergueu o rosto furiosa e cerrou os olhos:
- Ah, não! Então, você poderia, por favor, me dizer qual é? – sugeriu com ironia.
- Seu maior medo é por você! – a amiga dizia com um sorriso desanimado. – Você morre de medo de voltar a ser a pessoa que era. – Bia encarava Lívia com uma autoridade que irritava a amiga. – Não a reconheço mais. Parece morta por dentro. – Respirou profundamente e continuou com reprovação no olhar. – Quando soube que retornaria, fiquei apreensiva. Mas, sinceramente, também senti esperanças de que minha amiga voltasse a ser ela mesma.
- Inconsequente e louca! – Lívia disse um pouco mais alto do que desejava.
- Livre e feliz. – Bia falava para as costas da amiga, que se levantara. Não se conformava de ver a pessoa que tanto alegrou sua vida agora estar... sem vida!
- Aquilo não era felicidade – Lívia se defendia. – Era euforia, loucura, irresponsabilidade... – Virou-se para Bia com os olhos arregalados.
- Aquilo era o melhor que havia em você! – A amiga se alterou. – Será que não percebe?!
- Precisei me reinventar para sobreviver. – Lívia caminhou até a janela do quarto. De onde avistou o jardim do prédio, que ainda era o mesmo... Diferentemente dela. – Faz ideia de como foi difícil? – Voltou a fitar Bia.
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Janelas da Alma - Segredos Revelados
RomansaO livro completo está disponível na Amazon. Lívia e Thiago se amaram como poucos. Um amor tão grande que transbordava pelas janelas da alma. Sendo impossível vivê-lo. Uma pessoa morreu. Várias, choraram. Seus pais sofreram... Aquilo precisava ter f...