Guerra Declarada

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Depois de estacionar na faculdade, saí do carro e puxei a gola do sobretudo para cobrir meu pescoço, já que havia largado meu cachecol em casa e ventava muito. Quando entrei no prédio, me encostei na parede respirando fundo para recuperar o fôlego que havia perdido no esforço em caminhar contra o vento pelo estacionamento.

-Malia? - Colin entrou no prédio e logo depois de falar comigo, pôs as mãos no joelho, também recuperando o ar.

-Bom dia, Colin. – consertei a gola e arrumei minha mochila nas costas antes de voltar a caminhar. Ele me acompanhou em um silêncio anormal para seus padrões, pois tenho a sensação de que calar a boca é um ato de masoquismo para ele. – Não que eu esteja reclamando, mas qual é a desse silêncio? Você sempre fala como uma matraca. – ele deu risada, mas parou rápido. Acho que essa é a primeira vez em que nos encontramos que não tenho a sensação de que ele está tentando flertar comigo.

-Ontem, lá no ginásio, o que eu contei não deixou a Natalia com problemas, não é? – levantei as sobrancelhas fingindo não me lembrar do que ele falava, somente para mantê-lo falando. – Porque realmente pensei que não havia problema algum. – ele continuou mostrando nervosismo e esperando por uma resposta. - E em defesa dela, não me pareceu que ela dava em cima dele, pareceu bem cordial. Acredito que eles sejam só amigos. – minha surpresa e desagrado devem ter ficado estampadas no meu rosto, pois ele completou. - Eu vou calar a boca agora.

-Não, acho que ela não vai ter problemas. Pelo menos, nenhum que realmente a prejudique.

-Que droga, devia ter confiado no meu primeiro instinto. – o olhei confusa. – De que vocês não se gostavam. Assim não teria aberto minha boca.

-Não sei se isso teria realmente lhe impedido. Você está sempre falando, falando, falando... – ele deu um sorriso tímido que não combinava em nada com suas atitudes confiantes e despojadas de antes. – Tem mais alguma coisa te incomodando?

-Não. Era só isso. Por que?

-Sei lá, você continua estranho. – parei na porta da minha aula. – Te vejo amanhã no treino, boa aula.

-Para você também. – ele respondeu com aquele sorriso torto charmoso e voltou a caminhar. Comecei a guardar meu projeto de volta na pasta quando a aula acabou e Aaron encostou na minha mesa, ele olhou para os lados para ver se alguém podia nos ouvir.

-Você mexeu na minha mesa ontem? – ele perguntou em um sussurro baixo, perguntar é ser boazinha com ele, pois a acusação estava em toda sua voz e expressão.

-Não, tenho muito o que fazer, para ficar bancando a faxineira da sua mesa. – respondi com grosseria.

-Achei que iriamos jogar limpo, mas você já está tentando me sabotar. Devolva meu relatório, se não eu...

-Se não você o que? Foi você que perdeu o relatório. Se encher meu saco com isso, vou ter que informar a um superior que você é desorganizado demais e não tem cuidado com informações sigilosas da empresa. – ele ergueu a sobrancelha.

-Eu sou extremamente organizado! Quero meus relatórios hoje ou serei eu a informar que você está sabotando a empresa que deseja entrar.

-Eu não peguei nada! – respondi mais alto do que pretendia e senti algumas pessoas nos olharem, mas estava concentrada demais devolvendo o olhar venenoso que Aaron me lançava. – E tem mais: quando chegar na empresa hoje, vou procurar em cada cantinho da minha mesa e se eu encontrar esses relatórios lá, colocados por outra pessoa tentando me prejudicar, você pode considerar guerra declarada.

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⏰ Última atualização: Jan 20, 2017 ⏰

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