Depois do fatídico dia, os tempos tornaram-se cada vez mais cinzentos. Afinal, um dos únicos motivos para eu sorrir, já não estava mais comigo.
Com o passar do tempo, fiquei cada vez mais introvertido. As poucas pessoas que eu considerava minhas amigas, abandonaram-me no pior momento da minha vida.
Mesmo que insistissem, iria acreditar até o fim dos meus dias que o culpado pela morte de Joshua era eu. Afinal, eu lhe entreguei a arma que o matou.
E se eu tivesse, naquele dia, batido no Henry? Ele teria ficado na dele? E se eu tivesse protegido mais o Josh? Cada dia que passa fico mais frustados com todos esses verbos no subjuntivo, que apenas exprimem hipótese.
Com medo de que tudo se repetisse, o medo de amar tornou-se frequente.
E se tudo se repetisse?
As pessoas dizem que isso é papo furado, mas tenho medo de perder quem amo de novo. Perder Josh foi como perder uma parte de mim. Uma parte que só ele completava. É tão horrível se sentir incompleto.
Na escola, a notícia espalhou-se tão rápido que no primeiro dia de aula de 1974, todos já sabiam.
Alguns que antes desprezavam Josh, diziam "Sinto muito por sua perda. Ele era uma ótima pessoa." e as outras, como Henry e os amigos dele, estavam agradecendo à sua força divina por isso. Era mais um motivo pra pegar no meu pé.
Fico feliz pela morte dele. Você deveria fazer mesmo. Seria um favor a todos nós., disse ele.
1974 foi um dos piores anos da minha vida. Além de perder meu namorado e "amigos", minhas notas pioravam a cada bimestre. Ainda não sei como consegui passar no último ano.
Henry ainda fazia favor de me irritar todos os dias. Porém, depois que percebeu que suas palavras não me faziam mal, parou.
O ano passou quase tão depressa que parecia ter durado segundos do seu início ao fim. No final do mesmo ano, recebi a notícia de que uma das melhores faculdades da Califórnia havia me aceitado e que, no ano seguinte, em 1975, finalmente realizaria meu sonho.
Naquele dia, dei meu primeiro sorriso sincero no ano inteiro.
Fim das lembranças
— Filho
— O que foi, pai?
— Está há meia hora encarando esse Jornal que está ao contrário. — disse, rindo.
— Perdoe-me. Estava relembrando certas coisas.
— E da sua mala que ainda não está pronta? Lembra-se dela?
— É verdade! Oh, céus! Por que não me lembrou antes? — subi as escadas correndo, indo ao meu quarto.
Conversando e perdidos em assuntos bobos, quando nós três nos demos conta, já era à tarde.
Arrumei minhas malas dentro do carro e segui em frente rumo ao meu sonho. Olhando pelo retrovisor, vi meus pais acenando para mim, com os olhos cheios de lágrimas, orgulhosos, felizes por mim.
Esse ainda não é o fim. Muitas coisas irão acontecer. Novas surpresas, pessoas e sentimentos ainda estão por vir. Confesso, só espero que um novo amor não aconteça.
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1975: Trem Azul
FanfictionApós tantas perdas, decepções, ninguém é mais o mesmo. Quando Vernon perdeu seu namorado de forma tão trágica, tornou-se totalmente submisso ao medo de apaixonar-se e aquele inverno de terror de 1974 se repetir. Mudando-se para Califórnia no ano se...