Capítulo 7: I lied, I'm tried to cry

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— Wonwoo? - chamei-o batendo na porta. — Trouxe algo para você comer.

— Pode entrar, o quarto também é seu.

  Wonwoo estava deitado em sua cama, observando um pequeno desenho.

— É um belo desenho. — falei, quebrando o silêncio.

— É a minha mãe.

— E este menino? É você?

— Sim.

— Não era mais fácil pegar a foto original? Você pode perder o desenho se amassar.

— Esta era minha única foto com ela. A original foi queimada por meu pai. Fiz este desenho a partir das minha memórias.

— Por que ele faria isso?

— O senhor Jeon nos via como uma vergonha. Há um tempo, ele foi à Coreia, pedindo para eu morar com ele nos Estados Unidos, mudar de vida, recomeçar, porém recusei, pois minha avó estava doente e eu era o único que podia cuidar dela e também porque não queria viver sob suas regras.

— E sua mãe? Você poderia ficar com ela.

— Ela morreu de câncer quando eu tinha treze anos. Depois do fatídico dia, passei a morar com minha avó, que veio a falecer este ano, dez anos depois de tudo isso.

— Sinto muito por sua perda.

— Desculpe-me, não queria chorar. É inevitável...

— A vida não é bela e chorar não adianta muita coisa, porém, às vezes é preciso.

— Posso te fazer uma pergunta?

— Claro.

— Você acredita em amor à primeira vista?

— Não. Amor leva tempo.

  Ele sorriu fraco, secou suas lágrimas e, mudou de assunto: — O que são aqueles discos que colocou sobre a mesa mais cedo?

— Músicas brasileiras e algumas americanas. Quer ouvir?

—  Podemos fazer isso depois... Você já esteve em um palco de teatro?

— Não, acho que "congelaria" se estivesse em um.

— Confia em mim?

_ Levando em consideração que dividimos o mesmo quarto sem nos conhecermos, sim, confio.

  Então, o mais velho pegou em minha mão e corremos juntos à sala de teatro, onde faríamos grandes e futuras apresentações. Depois de um tempo, chegamos na frente de uma enorme porta.

— Pode abrir. — disse ele.

— Acho que não deveríamos fazer isto.

— Não vamos fazer nada que nos encrenque.

  Olhei para os dois lados, certificando-me que não havia ninguém. Quando abri a porta, pude ter a melhor sensação da minha vida.

— É tão... Tão... Ah... — suspirei, sem palavras. — É lindo demais!

— Você é tão ingênuo que se deslumbra facilmente.

— Ingênuo? — perguntei rindo. — Se você acha, tudo bem.

— Suba aqui! Quero te ver atuar.

— A-Atuar?

— Não fique nervoso. Posso te ajudar.

1975: Trem AzulOnde histórias criam vida. Descubra agora