Depois do nosso último dia de aula, com o passar das semanas, Joshua perdia peso, ficava cada vez mais fraco, triste e com desgosto da vida. Ele já não gostava mais de sair de casa, tampouco desejava que eu o visitasse.
— O que está acontecendo com você? — insistia em dar voz à minha preocupação.
— Estou bem, não está vendo?
— Não minta para mim. Eu sei que não.
Aqueles "estou bem" falsos só me preocupavam cada vez mais. Certo dia, cansado de ouvir suas mentiras, fui à sua casa. Estava toda fechada, achei que não havia ninguém lá, até que ouvi Mary, a mãe dele, gritar, preocupada: — Sophie, os curativos! Traga-os rápido!
Meu coração ficou acelerado. Fiquei apreensivo e logo bati na porta. Sophie me atendeu. Seu vestido estava levemente sujo de sangue.
— Vocês precisam de ajuda? — perguntei, olhando para seu vestido.
— Mamãe já está cuidando de Joshua.
— J-Joshua? Por favor, dê-me licença, preciso vê-lo!
Subi as escadas correndo, indo em direção ao quarto dele. Mary limpava os machucados de seu filho. Escondi-me atrás da porta, para que não me vissem.
— Trarei algo para você comer. Precisa se alimentar...
— Mamãe, eles voltarão... — dizia Josh, em meio a soluços, lágrimas. — Tenho medo que aconteça a mesma coisa com Hansol.
— Ele vai ficar bem. Sinto que já não estão tão próximos quanto antes. Vocês brigaram?
— Não, só sinto que faço mal a ele. Eu o amo de montão, mas nosso amor machuca.
— Nosso amor machuca... — sussurrei, para mim mesmo.
Respirei fundo, tentando buscar forças para segurar minhas lágrimas. Porém estas palavas ecoavam em minha mente, fazendo-me perder o controle e apenas deixá-las caírem.
— Eu o amo, mamãe, como nunca amei ninguém. Mas por que as pessoas são tão malvadas?
— Porque elas têm medo do que é diferente, filho. Qualquer coisa coisa que fuja do normal já as aterroriza. Vivemos em um mudo careta.
— Só queria poder andar de mãos dadas com meu namorado sem que todos nos olhasse de forma feia.
— Joshua, talvez isso nunca mude.
— Às vezes imagino o quão perfeito seria se todos nós pudéssemos ser quem somos.
— Espero que esse contexto de mundo perfeito torne-se realidade. Já volto. Preciso pegar mais curativos.
— Tudo bem.
Ao cruzar a porta e me ver alí, escondido, Mary leva um enorme susto.
— Quer me matar do coração?
— Ah, desculpe-me. — respondi sorrindo.
— Hansol? — perguntou Josh.
— Por favor, fale com ele. Meu filho precisa de você.
— Assim como eu preciso dele. Descanse um pouco. Tomarei conta dele. — suspirei, entrando no quarto. — Oi, amor.
— Estava com saudades...
Enquanto eu caminhava até sua cama, vejo-o virar o rosto para esquerda, escondendo-se.
— Você está bem? — perguntei.
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1975: Trem Azul
Fiksi PenggemarApós tantas perdas, decepções, ninguém é mais o mesmo. Quando Vernon perdeu seu namorado de forma tão trágica, tornou-se totalmente submisso ao medo de apaixonar-se e aquele inverno de terror de 1974 se repetir. Mudando-se para Califórnia no ano se...