Capítulo 3: 안녕 (Good bye)

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  Depois do nosso último dia de aula, com o passar das semanas, Joshua perdia peso, ficava cada vez mais fraco, triste e com desgosto da vida. Ele já não gostava mais de sair de casa, tampouco desejava que eu o visitasse.

O que está acontecendo com você?insistia em dar voz à minha preocupação.

Estou bem, não está vendo?

— Não minta para mim. Eu sei que não.

  Aqueles "estou bem" falsos só me preocupavam cada vez mais. Certo dia, cansado de ouvir suas mentiras,  fui à sua casa. Estava toda fechada, achei que não havia ninguém lá, até que ouvi Mary, a mãe dele, gritar, preocupada: — Sophie, os curativos! Traga-os rápido!

    Meu coração ficou acelerado. Fiquei apreensivo e logo bati na porta. Sophie me atendeu. Seu vestido estava levemente sujo de sangue.

— Vocês precisam de ajuda? — perguntei, olhando para seu vestido.

— Mamãe já está cuidando de Joshua.

— J-Joshua?  Por favor, dê-me licença, preciso vê-lo!

  Subi as escadas correndo, indo em direção ao quarto dele. Mary  limpava os machucados de seu filho. Escondi-me atrás da porta, para que não me vissem.

— Trarei algo para você comer. Precisa se alimentar...

— Mamãe, eles voltarão... — dizia Josh, em meio a soluços, lágrimas.  — Tenho medo que aconteça a mesma coisa com Hansol.

— Ele vai ficar bem. Sinto que já não estão tão próximos quanto antes. Vocês brigaram?

— Não, só sinto que faço mal a ele. Eu o amo de montão, mas nosso amor machuca.

 — Nosso amor machuca... — sussurrei, para mim mesmo.

  Respirei fundo, tentando buscar forças para segurar minhas lágrimas. Porém estas palavas ecoavam em minha mente, fazendo-me perder o controle e apenas deixá-las caírem.

— Eu o amo, mamãe, como nunca amei ninguém. Mas por que as pessoas são tão malvadas?

— Porque elas têm medo do que é diferente, filho. Qualquer coisa coisa que fuja do normal já as aterroriza. Vivemos em um mudo careta.

—  Só queria poder andar de mãos dadas com meu namorado sem que todos nos olhasse de forma feia.

— Joshua, talvez isso nunca mude.

— Às vezes imagino o quão perfeito seria se todos nós pudéssemos ser quem somos.

— Espero que esse contexto de mundo perfeito torne-se realidade. Já volto. Preciso pegar mais curativos.

— Tudo bem.

  Ao cruzar a porta e me ver alí, escondido, Mary leva um enorme susto.

— Quer me matar do coração?

— Ah, desculpe-me. — respondi sorrindo.

— Hansol? —  perguntou Josh.

— Por favor, fale com ele. Meu filho precisa de você.

— Assim como eu preciso dele. Descanse um pouco. Tomarei conta dele. — suspirei, entrando no quarto. — Oi, amor.

— Estava com saudades...

     Enquanto eu caminhava até sua cama, vejo-o virar o rosto para esquerda, escondendo-se.

— Você está bem? — perguntei.

1975: Trem AzulOnde histórias criam vida. Descubra agora