Já deixa a estrelinha ⭐️
————————————————————Fevereiro, 1 de 2016, às 5:45 A.M.
Quando o despertador tocou nesta manhã, lágrimas incontroláveis começaram a cair, ia tudo voltar acontecer, todo o desprezo, será que eu seria capaz de aguentar mais tristeza e insultos?
Logo pela manhã meu braço já ardia, ontem eu fiz novos cortes, para renovar os antigos e quem sabe esquecer a dor que me corrói por dentro até hoje.
Me vesti rápido, não tinha o que arrumar, além de colocar uma blusa de manga longa pra tampar os cortes. Uma calça jeans, uma touca, e um sapato, tudo muito descreto, não queria chamar atenção de ninguém, prefiro meu cantinho.
Peguei minha mochila que já estava arrumada e desci para cozinha me arastejando, minha mãe nem tinha acordado ainda, não tinha o que comer. Peguei apenas uma maçã e sai de casa comendo a mesma.
••
Já estava na penúltima aula, e sinceramente, só queria sair correndo dali, o professor ainda não tinha chegado e a sala estava uma completa bagunça. Estavam jogando bolinhas de papel para todo lado, já estava insuportável ficar ali. Levantei da minha mesa localizada no fundo da sala, peguei meus cadernos e estojo e comecei a caminhar na direção da porta. Logo, ele, o novato estava bem atrás de mim, segurando meu braço esquerdo.
— Vai sair daqui? — Ele não estava fazendo bagunça, e parecia apavorado ali no meio de tanta muvuca. Puxei meu abraço levemente e encoli o mesmo, no rosto dele cresceu uma expressão indecifrável.
— Não quero ficar aqui, vou para qualquer lugar mais calmo — disse e comecei a caminhar, logo ele estava bem atrás de mim.
— Não gosto de agitação também, ainda mais em locais que não conheço muito bem. — ele disse calmamente e me olhou de lado, consegui perceber como seu rosto era tão angelical.
— Está me seguindo, e eu nem sequer sei seu nome — digo para ele, eu sou uma pessoa que não gosta muito de se envolver com outras, porém ele parecia ser legal.
— Ora, achava que não queria minha presença, aliás, começou a andar sem ao menos me convidar para te seguir — Ele soltou, o que acabou me deixando sem graça, eu era assim, ora.
— Me desculpe, mas eu sou um pouco anti-social. Gosto de poucas palavras — Digo diretamente e o observo atentamente, logo desvio meu olhar para o chão, percebendo que andávamos em sincronia.
— Digamos que sou assim também, porém tenho um pouco mais de cara de pau — Ele diz e acaba arracando um leve sorriso do meu rosto. — Meu nome é Kaiden — Ele diz sem mais interrupções e me encara, como estivesse insinuando que era minha vez de se apresentar.
— Angel... Meu nome é Angel — Digo um pouco baixo, pego uma mexa do meu cabelo e começo enrolar entre meus dedos, na tentativa de formar cachos.
— Lindo nome, Angel — Ele repete meu nome devagar. Balanço a cabeça em negação e paro ao ver o professor da aula atual se aproximando, ele ainda não tinha nos visto, mas se nos pegasse, levaríamos no mínimo uns três dias de suspensão.
— Por que parou? — Ele pergunta, Kaiden me encarou e depois olhou na direção onde meus olhos estavam vidrados. — Droga! — Ele murmurou e me puxou pelo mesmo braço na onde estava os cortes, para dentro da sala do zelador.
— Shii! — Ele disse isso logo após eu soltar um gemido de dor, ele estava apertando meu braço e aquilo ainda estava doendo tanto. Não tinha como eu o repreender, minha outra mão estava ocupada segurando os cadernos.
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Ela Já Está Morta
Teen FictionA automutilação ainda é um tabu diante a sociedade. Para eles, é coisa de quem não tem nada para fazer, ou então, falta de Deus. Para mim, são gritos de socorro silenciosos. Olá, meu nome é Angel Griffin e eu sou um ser humano desprezível aos olhos...