Ela Já Está Morta

Capítulo IV

Já deixa a estrelinha ⭐️
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        Já passava das seis da tarde e Kaiden ainda estava na minha casa. Ele havia perguntado quem era na porta, e por que eu gritei tanto com a pessoa, e a ameacei. Apenas disse a ele que não era nada, e que era pra fingir que nada aconteceu, e ele concordou.

        Ainda bem que ele não é uma pessoa irritante, que fica querendo saber, obrigatóriamente, o que acontece na minha vida. Ele só quer me ajudar a superar isso, o que eu acho bem legal da parte dele.

        O que contei pra ele, foi o básico, mas mesmo assim ele me deu concelhos. Ele sabia o que a automultilação era. Eu gostava do modo que ele me tratava, pela primeira vez na vida, me senti igual a todos.

        Estava gostando muito da presença de Kaiden, ele está sendo tão bom comigo, eu nunca fui tratada assim por ninguém — a não ser pelo meu pai, bem, antes de tudo acontecer, minha mãe também. Poxa, mudou tudo.

        — Angie, preciso ir, minha mãe me quer em casa daqui a pouco pra ajudar ela com o jantar. Sabe como mães são né? — Não. Na verdade não sei, depois daquilo, minha relação mudou completamente com ela.

        — Tudo bem — Não queria que ele fosse embora agora, estava gostando da conversa, e pela  primeira vez na vida não estava me sentindo um lixo.

        Kaiden sorri para mim, e logo esta de pé diante de mim. Acompanhei ele até a saída, dei um beijo em sua bochecha, e ele fez o mesmo.

        Fiquei observando ele ir embora, até sumir em uma curva. Assim que ele sumiu, tranquei a porta novamente e subi pro meu quarto, só agora me dei conta de como estava cansada.

        Meu banho foi rápido, e não foi doloroso, a maioria dos cortes já estavam quase cicatrizados, exeto os do braço direito — voltou arder um pouco depois que Kaiden puxou a manga da blusa, mas sei que ele não fez por mal. Tomei o máximo de cuidado para não molhar o curativo da mão, foi quase impossível.

        Em poucos minutos já estava deitada na cama, dando uma última conferida nas minhas mensagens. Eu não tenho amigos na escola, mas tenho alguns de outros lugares que converso de vez em quando, são os tais amigos virtuais.

        Depois que larguei meu celular, fiquei pensando na vinda de Kaiden aqui, a gente nem se conhece, eu trouxe praticamente um desconhecido pra casa, mas nem ligo. Minha mãe jamais irá saber.

        De manhã quando acordei ao despertar do meu celular, resmunguei por estar um pouco exausta pra acordar aquele horário, mas dessa vez não vou sem comida pra escola, ontem fiquei com tanta fome durante as aulas.

        Fui arrastando os pés até o banheiro, estava com tanta preguiça que não tinha coragem de levantar o pé pra andar, e olha que é só o segundo dia de aula.

        A água do chuveiro estava morna, o que fazia meu corpo inteiro se relaxar na medida que a água caía sobre minha pele.

        Decidi não lavar os cabelos, assim eu ganhava mais tempo para fazer meu café, sabia que minha mãe não estaria de pé.

        Em pouco tempo estava vestida com um jeans escuro e uma blusa de frio preta — a minha preferida —, que tinha umas palavras aleatórias escritas em outro idioma.

        Não estava levando muita coisa pra escola por causa do armário que tem lá, já tinha levado praticamente tudo e guardando dentro do mesmo. Odeio carregar peso, e aqueles cadernos e livros, só vão sair de lá quando eu precisar deles.