Capítulo XIII

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Já deixa a estrelinha ⭐️
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        O aeroporto estava agitado, pessoas de todas as cores e tamanhos corriam em círculos por toda parte. Nunca tinha parado para pensar em quantas pessoas existiam no mundo, não havia apenas eu sofrendo, a maioria reclamava de quem encostava nelas, mas nunca olhavam para os cantos, onde havia pessoas quietas com olhares tristes e arrasadas por dentro. Durante os dez minutos que estou aqui, pude perceber uma garotinha que aparentava ter uns nove anos sentada aos pés da mãe, que gritava com um homem de cabelos negros, aparentemente o pai da criança. A garota estava quieta, mas parecia tão amargurada com tudo aquilo em volta dela. Em seus olhos, eu conseguia ver um pedido de socorro.

        Ninguém se importa. Cada pessoa nesse lugar tem coisas "melhores" pra se ocuparem do que com a dor do outro. Desde que não esteja os afetando, está tudo certo.

        No topo da escada rolante, avisto um cabelo conhecido, um louro puxado pro ruivo extremamente brilhante e cheio de vida. Lexi. Nunca fui capaz de decifrar qual a cor do cabelo dela, apenas sei que é idêntico o da mãe. Seus olhos verdes são iguais aos do pai, todavia não há mais nada que se comparar com aquele homem que ela tanto odeia.

        Lexi me avista assim que a escada chega em seu ponto final. Ela ajusta a mala de rodinha no chão e sai arrastando em disparada para minha direção, assim que ela chega perto solta as malas e me acolhe com um abraço apertado que só ela sabe dar.

        — Estava morrendo de saudade de você — sua voz sai um pouco rouca, julgo que o motivo seja o ar condicionado do avião, que normalmente é mais forte do que podemos aguentar sem danos para a saúde. Lembro-me que da última vez que entrei em um avião, fiquei com a garganta inflamada por duas semanas completas.

        — Eu também estava, Lexi — minha voz saiu baixa, mas alta o suficiente para ela escutar. Afastei-me do abraço de Lexi e pude perceber que algumas lágrimas desciam do rosto da garota, o que partiu meu coração.

        — Não chore.

        — Lexi sorriu.

        — Eu estou chorando de alegria, eu sonhei tanto com esse momento, Angel. Cada dia que passei foi sonhando com isso — Lexi me olhou de cima a baixo. Talvez tenha percebido minha perda de peso. Depois que comecei a me relacionar mal com minha mãe, parei de me alimentar corretamente, perdi a fome, e o peso que já não tinha.

        — Tá tudo bem com você? — perguntou.

        Lexi sempre me entendia, bastava um olhar para ela decifrar tudo que eu estava sentindo. Eu conseguia esconder de todos, menos de Lexi, parecia que a garota tinha o poder de ler mentes, era inexplicável.

        — Está sim. Só estou me preocupando demais com esse semestre na escola — menti.

        Não queria preocupa-la. Além de tudo, eu iria parar de me mutilar, não queria parar em um hospital psiquiátrico novamente. Mesmo a dor me sufocando por dentro, eu precisava superar e seguir essa droga de vida.

        — Ok — diz Lexi com um tom de desconfiança. Ela me entendia, mas eu não vou contar o que está acontecendo.

        A garota de cabelos alaranjados, que tanto admiro, toma em mãos sua mala e começamos a caminhar lado a lado em direção à saída do aeroporto.

Ela Já Está MortaOnde histórias criam vida. Descubra agora