Já deixa a estrelinha ⭐️
————————————————————Kaiden me levou a lanchonete aqui perto de casa, dizem que os lanches de lá são divinos. Estava impaciente à espera do meu x-bacon, não tinha comido quase nada durante o dia, estava faminta.
— Angi! — Kaiden praticamente berra meu nome. Ele devia estar falando comigo, e eu no mundo da lua pra variar. — Você me ouviu? —ele completou.
— Ah, oi Kaiden, pode repetir? — Digo me atrapalhando nas palavras, e foco meu olhar em seu rosto angelical. Ele dá uma risadinha e balança a cabeça de leve, logo para e me encara.
— Eu perguntei se você parou... sabe, com aquilo? — Ele pergunta e eu suspiro pesadamente, e batuco com a ponta dos dedos de leve em cima da mesa.
— Olha o nosso pedido vindo. — Tento desviar a atenção dele sob mim, e ele encara a garçonete que coloca nossos lanches em cima da mesa, e sai em seguida. Diria que fui salva pela chegada dos lanches, porém assim que moça deu as costas, Kaiden colocou os braços sob a mesa e continuou me encarando.
— Estou esperando a sua resposta, Angel. — Ele diz com uma frieza na voz, e não mexe em nenhuma batata da porção que pedimos, mas eu tento encher a boca delas, para não comentar nada do que tinha acontecido aquele dia.
Logo vejo Kaiden puxando a bandeija de batata para perto de si, fazendo com que eu não as alcançasse. — Porra, Kaiden. —Resmungo de boca cheia e desvio meu olhar para a entrada, e vejo uma pessoa que não esperava encontrar, em lugar algum.
— Você fez de novo, né? — Ouço ele perguntar, mas nem olho em seus olhos, continuo paralisada, olhando a pessoa que acaba de entrar na lanchonete. — Angie, o que foi agora? — Ele pergunta novamente, certamente percebeu minha preocupação com quem acaba de entrar e poluir o ambiente.
— Kaiden, vamos sair daqui, por favor. — Implorei sem tirar os olhos da pessoa na entrada, que agora me encarava. Aquele olhar fazia com que me sentisse tão horrível... é um olhar amedrontador.
— Angi o que aconteceu? — Kaiden pergunta e acompanha meu olhar até a porta de entrada, pude perceber pelo canto dos olhos a forma como ele encarava a figura que me assustava.
Ele começou se aproximar da mesa que estávamos e eu estava a ponto de entrar em pânico, isso era tão terrível, tudo que esse homem miserável já fez comigo, eu nunca pude imaginar que aconteceria comigo, julguei "coisa de filmes".
— Olha quem está aqui, com o novo namoradinho, Angie, a vadia. — Ele diz aquilo e Kaiden parece estar assombrado com o linguajar que ele usa, eu confesso que já estou acostumada.
— Stevan, sai daqui. — Imploro para ele em um fio de voz, estava quase chorando. Ultimamente não tenho conseguido controlar as minhas emoções, elas estão visíveis para todos, inclusive para quem não deveria vê-las.
— Que diabos ta acontecendo aqui? — Por sua vez, Kaiden se manifesta, e sinto que aqui mesmo, dentro dessa pequena lanchonete de bairro, irá acontecer a terceira guerra mundial.
— Fica quieto ai, não estou falando contigo, cara. — Stevan é extremamente grosso com Kaiden, eu odeio não conseguir fazer nada para que isso acabe, me sinto impotente.
— Cara, eu não sei o que ela te fez para vocês estarem aqui, em um estabelecimento público, discutindo. Deixa a moça em paz, ela já pediu pra você sair daqui, não pediu? — Kaiden rebate rapidamente me deixando de boca aberta com sua resposta e seu tom de voz alto e autoritário.
Naquele momento sinto como se estivesse vários frequentadores do local, com seus olhares sob mim, e eu era a atração principal, não eles, que agora se encontravam em uma batalha de palavras, como se minha paz, fizesse parte da vitória de Kaiden. Mas eu não podia ficar ali para ver aquilo, eu era a bolinha de ping pong, que estava recebendo raquetada de todos os lados.
Com os olhos cheios de lágrimas, juntei todas as minhas forças interiores para me levantar dali e sair de fininho, sem que ninguém me perceba. Eles estavam tão concentrados em disputar minha paz, que nenhum dos dois perceberam quando eu sai da lanchonete, ainda bem, pois não quero plateia.
Eu estava na rua, sozinha e andando pra lá e pra cá, sem rumo algum, tremendo. Eu ainda não tinha me controlado totalmente, Stevan sempre causou, e sempre me causará stress, só de ver a cara feia dele.
— Antes mesmo que eu pudesse perceber, eu estava no meio da rua, o que me tirou do meu transe foi um carro buzinado e o motorista gritando comigo, levei um susto imediato e acabei correndo para o outro lado da rua, fazendo com que outro carro brecasse em cima de mim. Pelo susto, eu acabei caindo no chão, me levantei rapidamente e sai correndo dali, e para variar, estava chorando.
Por quê? Por que diabos eu estou tão frágil? Eu não era assim, eu conseguia muito bem segurar minhas emoções até eu conseguir chegar em casa, e ai sim, descontar toda a minha raiva, no meu corpo... ou então em algum móvel da casa.
Talvez seja porque estou a algum tempo sem descontar toda a minha raiva em algo, não é tanto tempo, eu me cortei ontem, porque hoje já estou tão desesperada e implorando tanto para que eu me machuque?
Não sabia pra onde ir, poderia ir pra casa, mas não queria chegar lá chorando, e correr o risco de ser interrogada pela Zoe. A que ponto cheguei? De não poder entrar na minha própria casa?
Estava completamente chateada, primeiro porque Zoe invadiu meu ambiente, segundo porque minha mãe deixou isso acontecer, e por fim, por ter encontrado Esthevan na lanchonete e ter acontecido aquilo tudo.
Quando sentei no banco em uma praça, soltei um suspiro profundo, que nem percebi que estava segurando ele, em seguida fixei meus olhares nos meus pés, que se moviam para frente e para trás.
Quando pude perceber, Kaiden estava sentado ao meu lado, ele também olhava para seus pés, e os balançaram no mesmo ritmo que os meus. Nem consegui vê-lo chegar e se sentar ao meu lado.
— Tá tudo bem? — Ele pergunta, ainda sem me olhar, pude perceber pelo canto dos meus olhos.
Normalmente, Kaiden chama pelo meu nome toda vez que não o respondo, mas dessa vez, ele não o fez, apenas pude ouvir seus suspiro pesado, como se ele estivesse cansado de algo.
— Acho que sim. — Digo baixo, e naquele momento estava me perguntando se ele conseguiu ouvir a minha voz.
— Que diabos foi aquilo? — Kaiden pergunta na tentativa de entender o porquê daquela discussão, mas eu não iria explicar, era algo pessoal demais, e não queria me expor.
— Kaiden, esquece isso, por favor. — Imploro o olhando e em seguida volto olhar para meus pés.
— É aquele cara que bateu na sua porta aquele dia, né? Que você gritou com ele. — Ele pergunta, e eu não respondo, fico em absoluto silêncio, impossibilitada de reagir. — Angel, me responde, por favor.
— Kaiden eu não quero falar sobre isso, será que você pode apenas me levar para casa?" — Pergunto o olhando, eu já estava chorando novamente, mas não quis parar, era uma forma pra atingi-lo, e fazer com que ele parasse de fazer perguntas.
Kaiden faz que sim com a cabeça e se levanta, dessa vez ele não segura a minha mão, ele apenas sai andando, me deixando para trás.
O restante do caminho foi um silêncio total, não falamos nada, e eu podia sentir como o clima estava totalmente pesado. Era horrível aquela sensação, Kaiden tem sido meu melhor amigo, e não tenho contado nada dos meus problemas para ele, ele nem sabe o motivo de eu estar me cortando.
Creio que é porque estou dando lentos passos, para não correr o risco de me machucar novamente com as atitudes das pessoas.
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C O N T I N U A
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Ela Já Está Morta
Fiksi RemajaA automutilação ainda é um tabu diante a sociedade. Para eles, é coisa de quem não tem nada para fazer, ou então, falta de Deus. Para mim, são gritos de socorro silenciosos. Olá, meu nome é Angel Griffin e eu sou um ser humano desprezível aos olhos...