Eu creio que muita gente estranhará que esta parte venha antes da criação dos personagens, mas depois de pensar um pouco eu percebi que o individuo é definido por seu meio, de modo que ele não pode existir sem que o universo exista antes. Na realidade na literatura isso pode acontecer, o problema é que, para evitar retrabalhos (imagine você tendo que rever e reescrever um personagem porque quando o criou não havia pensado ou pesquisado num dado aspecto da realidade na qual ele vive), de modo que achei mais interessante então, antes de tocar no assunto personagem, falar de onde ele vive (em especial na literatura fantástica, em que diversos elementos não naturais podem existir de devem ser considerados inclusive na criação da psicologia do personagem, para não dizer em seu aspecto físico e história pessoal), assim:
Tão importante quanto a criação de personagens, quando falamos nas histórias de fantasia e ficção-científica, a criação de universos é algo que, por mais incrível que pareça, as vezes toma menos tempo dos autores do que deveria. Um universo bem construído, entretanto, não só algo único, como pode fazer uma diferença cabal na própria história, podendo inclusive se tornar um 'personagem' a parte. É a descrição do mundo, afinal de contas, que faz com que os leitores acreditem, ou não, na realidade que esta se desvelando em frente a seus olhos.
Do mesmo modo quando falamos de literatura mainstream, pesquisar a respeito do meio onde o personagem vive de modo a definir seus maneirismos, como se ele tem sotaque, ou se, vindo de uma região mais quente ou fria, ele sentiria frio ou calor num clima normalmente considerado ameno.
Imagine por exemplo se, ao invés de um mundo medieval onde as diferenças para com a Europa Ocidental do século X d.C., base de praticamente toda fantasia medieval, fossem a presença de magia e de criaturas e raças fantásticas, se abrisse em frente aos olhos do leitor um mundo desértico num sistema solar binário com uma estrela de brilho azul e outra vermelha? Ou um mundo gelado onde um sol amarelo dividisse o céu com não uma, mas duas, três, ou quatro luas? Ou ainda um mundo que fosse a lua de ou planeta gigantesco, como Marte ou Saturno, sem rotação em relação ao planeta, como nossa própria Lua, onde as noites seriam causadas pelo eclipse do Sol atrás do planeta?
Pense: como seria a sociedade nestes mundos? Como seriam suas crenças? Seus deuses? Suas culturas? Sua história?
A maioria dos mundos, infelizmente, por falta de criatividade, ou conhecimento, do autor é, como dizem os especialistas, earthlike (semelhantes à Terra). Quando falamos de fantasia medieval então, este termo quer dizer um mundo baseado no que a pessoa sabe, o que normalmente não é muito, da Europa da Idade Média. Até porque tendo em vista a extensão do período medieval, o qual vai da queda de Bizâncio, no século V até o século XV, quando se iniciam as grandes navegações, muitos erros e 'liberdades' são cometidas.
Mesmo assim, vamos tomar como base a Europa Medieval para o desenvolvimento inicial de nosso projeto e daí seguir em frente.
Antes de qualquer coisa, então, para que consigamos trabalhar de maneira ordenada, dividiremos a análise e a posterior criação de seus mundos, em Geografia, Sociedade, Religião, Economia e História e Ciência & Desenvolvimento.
A EUROPA MEDIEVAL
- Geografia
Aqui estamos falando, como já foi mencionado no início, na Europa ocidental. Assim, sabemos que em sua maioria temos regiões com campos e montanhas, bosques, florestas e rios, todas num clima temperado com quatro estações no ano, Primavera, Verão, Outono e Inverno bastante distintas e definidas.
- Sociedade
Quando falamos em Europa Medieval, devemos lembrar que a sociedade era divida em classes sociais bastante determinadas. As quatro principais que temos em praticamente todo período medieval são: a nobreza, o clero, os guerreiros e o povo livre (que classificaremos de maneira mais clara abaixo).
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