Garotas de Papel

15. Como sair Impune de um Homicídio

O resto da semana correu da maneira mais atarefada possível, afinal, por passar tanto tempo debilitada tive de fazer um milhão de provas e trabalhos extras para conseguir notas suficientes para me formar juntamente com o resto da minha turma, tudo isso sem falar nos planejamentos para a viagem até Vegas e no tempo destinado ao Hugo e à minha família. Enfim, foi uma semana extremamente complicada, mas que parece ter finalmente dado certo, as notas foram alcançadas, a viagem totalmente organizada e a minha família, bem... Mamãe ainda não havia mudado de ideia pela enésima vez, o que era um grande avanço. Assim, deitei com a consciência tranquila na esperança de o primeiro dia do resto de nossas vidas pudesse ser mais cheio de cor e vida.

***

Ao levantar, fiz todo o meu ritual de beleza e desci com a ajuda do meu irmão, a despedida foi bastante rápida - ainda tenho medo de a mamãe mudar de ideia no último segundo - e corri para o carro sem sequer olhar para trás. Assim, após uma viagem extremamente cansativa, mas de certa maneira rápida, chegamos a Vegas e nos acomodarmos em nosso quarto, onde resolvi ficar para descansar enquanto as meninas iam conhecer um pouco da noite de Vegas.

A saída das garotas foi o suficiente para fazer o silencio pairar e o sono me carregar como se fosse sua escrava, de repente tudo escureceu, já não comandava mais o meu corpo.

- Blair! - Sussurrei sentando na cama com o suor pingando

Olhei para os lados e as garotas já haviam voltado, mas duas das camas estavam vazias, bagunçadas como se alguém tivesse passado por lá, porém vazias. Levantei-me em silêncio para não ser percebida e andei nas pontas dos pés até o banheiro.

A minha imagem ao espelho definitivamente não era das melhores, um furacão havia passado pelos meus cabelos e o suor escorria pelo meu rosto e meu pescoço, aquele sonho havia sido diferente de todos os outros desde aquela noite, havia sido mais real, mais intenso.

- Você sempre teve a mania de dormir mais do que deveria - Uma voz falou ao fundo, vinda do quarto.

Olhei para os lados e não vi nada além de uma sombra aparentemente na porta do quarto do qual acabara de sair.

- Quem está aí? - Agarrei um secador de cabelo que encontrei na pia do banheiro e o aproximei do meu corpo

- Eu sinceramente não entendo o quão fútil você pode ser, fingir que nada aconteceu? É isso que você faz Blair Summers? Varre todos os seus problemas para longe de você?

- Caso você não saiba, às vezes você foge dos seus problemas, mas seus problemas continuam a te perseguir, é inevitável. - A sombra tornou-se cada vez maior, tomando a forma de um corpo, um corpo esguio, coberto por um capuz, um homem? Talvez uma mulher? Não conseguia descrever com toda a névoa que cobria meus pensamentos

- Quem é você? O que... O que você quer? - Gaguejei um pouco tentando tomar forças para falar - Isso não tem graça meninas, já podem parar! Sei que vocês estão aí!

- Você não pode mais me ignorar, Blair. Sempre fui seu pior pesadelo e você sabe disso, você sempre quis ser algo que não é, sempre quis servir de exemplo para os outros apesar de nunca assumir isso a si mesma - Um objeto afiado tomou forma em suas mãos - Uma pena ter de acabar assim

As luzes rapidamente acenderam-se revelando as garotas que estavam escondidas por todo o quarto rindo do que acabaram de fazer.

- Muito engraçado!

- Você tinha que ver a sua cara! Você precisava ver! - Gritou Anna - Mandou ver Britt!

As luzes apagaram.