Droga!
O alarme tocava sem parar, mas eu não tinha nem um pouco de vontade de me levantar, minha colega de quarto me deu um empurrão.
-Vamos Liza, vai se atrasar de novo, e desliga essa droga de alarme-
Sim, ótima forma de começar o dia, atrasada e levando bronca de Mercy, minha colega de quarto rabugenta. Agora só falta chover granizo e o time da minha chefa perder a partida. Quando os Titans perdiam ela ficava uma fera e saia dando berros para todo lado. Era estranho ver como uma mulher poderia ficar tão obcecada por basebol , mas Tammara era assim, obcecada por tudo e ponto.
Sai cambaleando da cama, e fui para o banheiro, uma chuveirada iria despertar e me livrar desta ressaca terrível, margueritas e musica alta até as quatro da manhã na véspera de uma segunda-feira nunca é uma boa idéia, mas Mercy estava entediada e, tendo que confessar, eu também estava inquieta ontem à noite.
- Agora pague o preço Elizabeth, e não reclame. - Me castiguei
Meu pijama do Piu Piu parecia melhor do que o uniforme terrível de bibliotecária solteirona que eu usava, mas ele teria que esperar até o fim do dia. A saia até o joelho era cinza e sem graça, e pra melhorar, ou melhor, piorar, a camisa com o emblema da biblioteca municipal de Forest Hill era laranja, fala serio o que eles tem contra o branquinho básico. Eu parecia uma garotinha com 14 anos, em uma blusa estabanada e uma saia super larga, não era a toa que estava solteira até hoje. Com 22 anos já deveria estar pelo menos noiva, mas depois da faculdade de historia minha vida amorosa simplesmente parou.
Nem tomei meu café, corri para o estacionamento do prédio decadente onde morávamos e entrei no meu modesto Santana Quantum, que Mercy chamava de carro leva defunto, mas eu gostava dele, não sei por que, mas gostava.
A estrada estava livre e liguei meu aparelho de som também fora de moda em uma radio da USA e tocava Never let me Go de Florence and the Machine, uma das minhas prediletas. Cheguei à biblioteca e já me preparei , hoje seria mais um dia de tédio.
***
-Boa noite senhor Dymitre- cumprimentou o porteiro do hotel e dei um aceno de cabeça de um jeito cortez.
A noite estava agitada hoje, estranho, eu não costumo perceber nada em volta, a não ser mulheres ou quando a sede chega, e analiso um possível doador, mas a multidão que passava na calçada em uma velocidade quase contagiante me deixou mais desperto .
Parei um taxi, e comecei minha viagem suicida, iria de París para o Tennesse, estava na hora de voltar. A viagem iria demorar, mas amanhã eu estaria em Forest novamente, e eu tinha uma leve impressão de que não seria bem recebido.
-Chegamos Senhor- o taxista anunciou, eu devo estar mesmo em orbita hoje, nem percebi a viagem até o aeroporto. Paguei o senhor com aparência de ter seus 50 anos e dei uma gorjeta muito boa por ter ficado calado à viagem toda, taxistas falam demais sempre.
Entrei no aeroporto lotado com uma única mala e fui para as esteiras desembargar minhas coisas, dei uma olhada em volta e uma leve pontada na nuca me deixou irritado, eu tinha mais de 150 anos e nunca mais havia sentido nem sequer um mal estar depois da imortalidade, agora tinha dores de cabeça.
Meu vôo já estava para sair, e sem atrasos, ótimo. Mas então veio a sêde. Avistei uma garota de cabelos ruivos na cadeira em frente um restaurante de tacos me olhando, não era um bom momento, principalmente com a cabeça latejando e meus nervos tensos como estavam, mesmo assim fui em frente. Dei meu olhar de garoto mau, nisso eu era bom, afinal eu era mesmo mau. Ela se levantou e veio até meu acento. Chegou perto, e não parecia ter nem 18 ainda, mas é claro que não me importava com a idade, afinal, em minutos ela não se lembraria de nada, mas eu com certeza me lembraria de seus belos seios na blusinha sem manga com decote enorme.
- Oi – Disse meio acanhada.
- Ola- respondi sem vontade.
-Eu sou Amy, Amanda, Mas pode me chamar de Amy.
-Dymitre – Estendi a mão e ela pegou – É um prazer imenso conhecê-la Amy.
Ótimo , esta seria bem facil. Mas eu não estava a fim de papo e meu vôo para casa iria sair em minutos então parti para o que interessa. - Escute Amy, você vai até o banheiro feminino, e verifique se está vazio, e depois volta e me faz sinal, ok? – Usei meu jeitinho especial, claro que um pouco de hipnose era aceitável quando se esta com pressa.
-Sim. - ela balançou a cabeça em concordância e saiu como um robô obediente. Logo voltou e fez o sinal de ok, perfeito, entrei e tranquei a porta, ela já estava com o pescoço à mostra, bem que eu gostaria de desfrutar deste jovem e belo corpo também, mas eu não tinha tempo, - Que pena – sussurrei.
A mordida foi exata e indolor, ela se derreteu em meus braços, isso já era esperado,. A mordida de um imortal é muito prazerosa e tambem muito viciante, mais do que drogas ,mas o estranho foi que não foi prazeroso, não para mim pelo menos, porque Amy estava jogada em meus braços e gemia sem parar, isso era bom, mas, eu não sentia o gosto, o doce do sangue passando pela minha língua, também não me interessei pelo sexo com a bela ruivinha aqui no banheiro comigo. Minha cabeça dava voltas e parecia que tinha um porrete batendo de dentro para fora.
Comecei a sentir tonturas e me afastei de Amy , dispensei-a o mais rapido possivel e enquanto ela saia do banheiro me deparei com a cara no vaso sanitario vomitando o meu jantar.
Neste momento eu soube. Soube por que estava inquieto hoje de manhã e não dormi, a causa do meu mal estar e o acesso de vomito no banheiro, até mesmo a urgência de voltar para Forest era clara para mim agora.
Fiquei parado um momento analizando tudo o que aconteceu nos ultimos dias e Relembrando uma noite, quente como a de hoje, onde eu e Seraphine fizemos um pacto, o dia da ressurreição. Eu sabia por que não podia sentir o gosto do sangue de Amy, ela não era mais minha fonte de alimento, nenhuma seria.
Naquela noite eu poderia ter dado Elize de presente para Don, mas eu á amava demais para isso, tambem poderia te-la somente para mim, não importando em esperar decadas por isso, mas achei injusto com meu irmão mais novo, já tinha uma divida com ele, então eu fiz uma coisa imperdoavel e o pior de tudo é que Donatello nem sabia ainda.
-- Ela voltou! – sim, eu podia sentir, ela voltou. Minha Elise.
Sai do banheiro feminino e fui para o embarque do meu vôo, eu tinha que chegar a Forest o mais rápido possível, antes de Donatello descobrir.
***
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IRMÃOS CRAVING- POR JAQUELINE FREITAS
ParanormalUM CASAMENTO INDESEJADO ... O AMOR DE SEU IRMÃO. UM DUELO DE PAIXÃO E REVOLTA ENTRE DOIS IRMÃOS POR UMA UNICA MULHER. DYMITRE E DONATELLO ABRIRAM MÃO DE SUAS ALMAS PARA REVER ELISE, UMA PAIXÃO QUE DEU ERRADO NO PASSADO, AGORA TERÁ SUA SEGUNDA CHANC...