O Conselheiro Do Rei

II

Após a execução recorro a segurança dos meus aposentos, lá em baixo convidados vindo de todos os reinos aguardam a tão renomada princesa.

Comemoram a morte da Rainha, a morte da minha mãe.

De repente o espartilho parece estar apertado demais e ar me faltam os pulmões, não consigo me libertar daquelas amarras. Onde será que estão minhas criadas?

Alguém bate a porta, não me demoro a abrir. Não acredito em quem estou vendo.

- Você está bem? - Questiona o homem aparecendo enfrente a porta. Seus cabelos louros aparados bem curto e penetrante olhos azuis. Fico aliviada e surpresa em ser ele.

- Preciso de ajuda - Arfo pesadamente indicando o espartilho. - Estou presa. - Tento puxar em vão as cordas das costas, simplesmente elas são muito forte ou consequentemente eu sou muito fraca.

Fico de costas apoiada sobre a escrivaninha enquanto ele tenta me soltar. Desperto com o som de uma faca rasgando o tecido, me arrepio da cabeça aos pés.

O ar adentra meus pulmões com voracidade. Sou inundada por uma sensação anestésica.

- Melhor? - Ele indaga guardando a adaga no cós da calça.

- Um pouco - Retiro uma mecha da frente dos olhos encarando-o. - Só um estou um pouco triste - Confesso, ele abre a boca para comentar algum porém eu completo minha fala - Esse era meu vestido favorito - Desfaço meu desconforto.

Ele sorri gentil.

Sem aquela postura toda de Conselheiro do Rei, ele era até bonitinho.

- Eu já estou de saída - Ele anuncia. Então recordo-me.

- Espere. Você veio até aqui... Porque?

Ele hesita. Porém antes de se dar conta do que estava acontecendo ele me abraça e sussurra em meus ouvidos:

- Meus pêsames pela sua mãe. - Suas mãos grandes ocupam quase todo o espaço da minha costas nua, aquecendo todo o meu interior num momento de sensibilidade.

Lágrimas brotam em meus olhos, um nó se forma em minha garganta e ele se vai, deixando somente um vazio grande em mim.

Engulo o choro. Não posso me dar o luxo de demonstrar qualquer emoção.

(331 palavras)