Capítulo 37.

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Eu me auto-diagnostiquei com alguma doença. Me recuso a ir ao hospital em uma hora dessas. Já conversei com o Murilo os assuntos do velório da minha mãe, justifiquei na faculdade o motivo das minhas faltas e aproveitei para trancar a mesma.

Hoje era o dia do velório da minha mãe, eu não aguento mais chorar, e não ter ninguém para conversar, só o que faço é comer, arrumar malas, vomitar, dormir. É um círculo vicioso.

Minhas malas já estão todas prontas, e já comprei a passagem. Vou partir hoje à noite. Me arrumo para o velório com uma roupa preta e um óculos, como alguma coisa leve, pois sei que será inútil comer. Chamo um táxi, ele vem e durante o percurso para o cemitério, continuo a pensar no math, a única coisa que eu fiz nas últimas horas.

Chego e Murilo fica ao meu lado o tempo todo, o pedi para deixar Nicholas longe de mim e para ficar comigo. Vamos para o lado do caixão, e pessoas começam a se juntar sobre ele, pessoas que eu nunca vi na minha vida, uma diziam ser parentes, outros amigos, eu não me importava, minha mãe estava sendo sepultada!

Mas meu coração acelera, ao ver o math, Luiza, Lucas, Edu e o William virem. Cada um deles se aproxima sobre o caixão, e jogam um rosa, um a um, e não consigo segurar as lágrimas, que até então estavam trancadas. Depois eles vêem em minha direção, e um por um me cumprimentam:

Edu: eu sinto muito Jade, meus pêsames - ele me abraça com carinho, mas um tanto receoso

Jade: obrigada - digo secando algumas lágrimas e logo em seguida vem o Lucas

Lucas: meus pêsames, nem posso imaginar o que você deve estar sentindo, sinto muito - ele me dá um abraço rápido, receoso da mesma forma

Jade: obrigada -  é a vez da Luiza

Luiza: não sei nem o que dizer - ela me abraça - sinto muito, de verdade - aperto ela um pouco mais e a solto

Jade: muito obrigada - dou um sorriso fraco

William: oh jade querida, eu sinto muito - ele me dá um abraço fraco e rápido - se precisar de alguma coisa é só pedir tabom?

Jade: obrigada, por tudo seu William, de verdade - dou um sorriso fraco para ele e é a vez do math, meu coração acelera ao ver ele se aproximar

Math: eu sinto muito, não sei nem o que dizer jade - ele me abraça, mesmo que fraco, me traz paz, uma paz que eu já não sabia o significado há um tempo, uma paz indescritível na qual eu tanto necessitava. Ele se aproxima do meu ouvido e sussurra - eu te perdoo - e me solta, deixando um vazio, mas um vazio um pouco melhor por saber que agora ele não me odeia

Jade: obrigada, isso é muito importante pra mim - me viro para todos eles, que estavam em uma roda ao meu lado - obrigada a todos vocês, por tudo, vocês não fazem ideia do quanto isso é importante para mim, de verdade - dou um sorriso fraco

Murilo me avisa que já vão descer o caixão, e então a fixa cai, que nunca mais verei a minha mãe, que nunca mais a terei, nem para brigar comigo, nem para conversar sequer - começo a chorar, ao pensar nisso, e recebo um abraço em grupo dos meus amigos, que estiveram comigo o tempo todo, e até agora estão, eu só tenho a agradecer por isso, não sei o que teria sido de mim sem eles, sem as suas palhaçadas, suas brincadeiras, e tudo o mais.

Jade: muito obrigada mesmo gente, não tenho nem palavras para agradecer a cada um de vocês, de uma forma especial - sinto uma leve tontura - mas eu vou já vou embora, não tô bem e vou ver se dá pra ir no hospital, até.. - eu ia dizer até mais, mas essa é provavelmente a última vez que os verei. Dou um abraço apertado em cada um e chamo o táxi.

Quando chego em casa apenas arrumo minhas coisas, deixo o hospital para depois e vou descansar, vai ser um longo e doloroso vôo.

Matheus POV's

A jade tá bem mal, não iríamos no velório, devido à nossa briga, mas achei que deveria deixar as brigas de lado e ir lá dar um força para ela, aproveitei para perdoá-la foi uma necessidade, não sei porque...

Depois disso fomos todos para minha casa e pedimos pizza, não escutei o som dela mais nenhuma vez, e isso não foi tão bom quanto eu achava que seria.

Ficamos um tempo comendo e assistindo um filme qualquer, não estávamos '' no clima ''.

Luiza: amor, vamos? Amanhã temos aula e não quero me atrasar, além de estar morta

Lucas: vamos sim, você vem Edu? Ou vai ficar?

Edu: eu não, vou com vocês.

Luiza: math tem uma coisa para você aqui - ela grita da porta - ou melhor, para  gente - ela abaixa a voz e eu pego um papel, uma carta da mão dela. Era da jade, não, não é possível! Eu corro em direção ao seu apartamento e quase esmurro a porta - calma math, o que houve?

Math: meu pai aconselhou ela a voltar para o Brasil, ele não achou que ela iria levar a ideia a sério, deixa eu ler - abro o papel e começo a ler.

"Meus amores.
Eu tô escrevendo essa carta chorando - como se fosse novidade, desde os últimos dias né?
Não sei como começar, vou começar pedindo perdão.
Perdão Edu, por não te levar a sério na maior parte do tempo, é que você é engraçado demais. Perdão por não ficar com você, é que meu coração sempre foi de outro.
Perdão Lucas por.. tudo, por ser sempre a louca, a pior ainda, por achar que a Luiza ia ficar com o Fernando, argh!
Luíza meu amor, perdão por tudo minha pequena, pelas minhas besteiras, minhas bagunças de sempre, meus berros, por tudo tabom?
E math, meu primeiro e possivelmente o único grande amor da minha vida. Perdão por ser essa garota irritante de sempre, escandalosa, a que te xingava o tempo todo, perdão por ter ficado com o Nicholas, o maior erro da minha vida, do qual eu sei que vou me arrepender para sempre.
Agora obrigada! Muito, muito obrigada mesmo. Por absolutamente tudo! Obrigada Lucas e Edu, por me fazerem rir nos melhores momentos, e por fazerem dos piores, bom.. melhores. Luíza, não tem nem como expressar como eu agradeço você por estar comigo em todos os momentos da minha vida. Desde minhas crises com a Bianca ( inclusive mandem 2 beijos pra ela ) até na hora que eu contei da minha primeira vez com o Matheus. E me desculpe math, mas eu contei. E math.. bom. Obrigada é pouco por tudo o que você fez por mim né? Me fez rir, me fez chorar, gritar, surtar, mas acima de tudo, me fez feliz. Me fez a mulher mais feliz desse mundo! Nesses poucos meses ao seu lado e dos meninos pude ser mais feliz que toda a minha vida. Mas assim como tudo que é bom acaba.. acabou né? Eu entendo o lado de cada um de vocês, por estarem putos da vida comigo, eu estou brava comigo kkk.
Mas enfim. Conversando com o pai do math ( que inclusive eu amei ) eu resolvi voltar para o Brasil. Não tenho mais nada aqui, vocês não iriam mais me querer por perto, e eu ia acabar fazendo uma besteira sozinha. Vou retomar o Controle da empresa dos meus pais, e ser uma empresária bem sucedida, solitária, num apartamento qualquer até.. eu ia dizer ser titia, mas não serei. Se quiserem me visitar, eu vou amar, mas vou entender se não puderem. Então..
Adeus! E novamente obrigada por absolutamente tudo! Cada segundo ao lado de vocês foi importante, vocês não sabem o quanto! E eu não pude me despedir de cada um, pois não suportaria. Já estou mais que acabada, e se fosse pessoalmente me despedir de vocês, eu não iria aguentar.
Adeus! E eu amo vocês, mais do que imaginam.
Beijos..
                               Jade."

Eu sai correndo pelas escadas e os meninos vieram atrás de mim, quando eu cheguei lá em baixo com os olhos já cheios de lágrimas, Lucas segura o meu braço

Lucas: ei irmão, vai com calma, onde você vai?

Math: vou buscar o amor da minha vida

Lucas: mas vai com calma aí senão..

Math: eu não me importo! Ela não pode ir embora Lucas, não pode!



Amouuuuureeesss eu voltei! E agora é pra ficar..
Brincadeira, reta final :(
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