Cinquenta

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Ainda estou no hospital com Laura, e Carolyne está em uma visita ao orfanato.
Estamos na sala de espera quando o doutor se aproxima dizendo:
- Tenho duas notícias ruins e uma boa.
Meu coração congela. Notícias ruins?
Meu Christopher.
Se algo acontece com ele, eu não vou me perdoar.
Ele abaixa seu óculos e completa me fazendo perceber que eu não o respondi:
- Bom, a primeira notícia ruim é que ele não está reagindo ao tratamento, portanto está desacordado. E descobrimos um tumor ja existente em seu cérebro e precisará de uma cirurgia, essa é a segunda. -TUMOR?- E a boa é que ele ja foi encaminhado para a sala de cirurgia e está sendo preparado agora. Qualquer outra notícia eu aviso. Boa noite.
PUTA QUE PA***, esse cara vem aqui depois de horas de espera e só me fala isso? Que o meu noivo está com um tumor e vai passar por uma cirurgia? Eu preciso saber de mais. Meu coração vai sair pela boca.
"Sabe que vai dar tudo certo, né?" - diz Laura pegando em minha mão.
"Estou torcendo pra isso!" - respondo sincera.
"Ele ja havia falado desse tumor?" - pergunta meio apreensiva.
"Acho que não sabia. Será benigno Laura?" - falo segurando o choro.
"Tem que ser, amiga. Tem que ser." - responde apertando mais ainda minha mão.
Nervosa, me levanto da cadeira e vou até a porta do hospital.
Preciso respirar.
Ao sair, uma brisa leve bate em meu corpo me fazendo arrepiar.
Lembro de Christopher e seus carinhos. Me causavam o mesmo bom efeito.
"Ôh meu amor, tomara que você me perdoe pela minha burrice de ter deixado você partir.. Por favor Chris, não me deixe aqui sozinha. Não posso viver sem o seu amor. Não posso." - sussurro.
Uma mão toca em meu ombro e me faz gritar.
"Shhh. Calma menina!" - diz uma voz feminina.
Viro pra trás e é a mulher do shopping que foi retirada pelos seguranças. O seu olhar continua o mesmo, ele continua me prendendo.
"Você me assustou!!!"
"Você e seu grito também, moça." - resmunga a mulher.
"O que faz aqui?" - pergunto curiosa.
"Te ajudando."
Me ajudando? Nem a conheço!
Ela me olha e diz:
- Eu sei que você não me conhece. Mas não deveria ser tão mal agradecida, ajuda nunca é demais.
Ela parece ler meus pensamentos e isso me deixa um tanto desconfortável, então me afasto lentamente sem olhar pra trás.
Quando dou por mim, ela está em minha frente, me assusto e ela diz:
- Na vingança e no amor a mulher é mais bárbara do que o homem, moça.

**

Obs: A frase citada na última fala não é de minha autoria, é do Friedrich Nietzsche.

Para sempre, boneca. - Livro 2 Onde histórias criam vida. Descubra agora