Fame

Fast Was Too Late

- Você se importa se eu tirar um cochilo? Eu não dormi o dia todo. Na verdade, eu não durmo desde ontem o Miles anda tendo pesadelos. - Lil disse, suspirando pela difícil missão que tinha em mãos e pela difícil missão de deixar Miles sozinho quando ele precisava dela.
- E quem vai pilotar essa coisa?
- Voa sozinho. Piloto automático. - Lil disse, bocejando.
- Eu ainda não sei porque estou surpresa sobre você saber pilotar aviões. - Anna disse, tentando tirar sua mente da Inglaterra. Tentando parar de imaginar os piores cenários.
- Bem, - Lil bocejou outra vez. - eu sempre amei voar e quando eu tinha 18 anos, meu pai me matriculou numa escola de pilotos. Dois anos depois eu ganhei meu primeiro avião; um monomotor. Era ótimo para fotografar os animais vistos de cima. Depois eu continuei meu treinamento e hoje, 9 anos depois daquela primeira decolagem eufórica, eu sei pilotar todos os tipos de avião. Não é difícil, na verdade. Todos eles são meio iguais. Esse aqui é o que eu mais gosto de usar em viagens.
- Mas você não deveria ter um copiloto?
- Tecnicamente esse é o seu papel, Anna. - Lil fez uma careta de desculpas para a amiga.
- Eu?
- Sim. Eu tenho horas de vôo mais que o suficientes mas eu não consegui achar um copiloto. Liguei para o meu pai e seu nome apareceu na base de aprendizes... Engraçado né?
- Você é doida. - Anna afundou ainda mais na poltrona.
- Apenas pelo Mi. - Lil deu de ombros. Ela percebeu que Anna estava com o pensamento longe. - Ei. Não se preocupa, a gente vai chegar logo e vai dar tudo certo. Estamos juntas nessa.
- Obrigada, Lil. Eu nunca vou poder retribuir.
- Pode sim. Escreva outra música maravilhosa, Mirage. - Lil piscou para Anna e acionou dois mecanismos do avião antes de fechar os olhos. Elas teriam que parar em Heathrow para abastecer e de lá seguiriam para o aeroporto Doncaster, em Sheffield.

O avião cortava o ar com seu barulho típico e Lil dormia pacificamente.
Anna estava se repartindo entre ela mesma e Mirage.
Uma hora ela queria gritar e chorar e chegar logo ao leito de hospital de sua mãe e no outro, era como se todas as suas exasperações se acalmassem e ela já não tinha pressa ou medo. Apenas certeza de que tudo ficaria bem. Afinal, era ela, nada jamais poderia dar errado.

Algumas horas depois, o avião começou a emitir pequenos bipes que acordaram Lil. Ela desativou o piloto automático e mudou para o controle manual, estavam chegando em Londres. Pousariam em, no máximo, 15 minutos.

Após a liberação da torre, Lil pousou o avião com um movimento suave e o taxiou até o local onde deveria ser avaliado e reabastecido. Infelizmente, aquilo levaria duas horas.

- Você pode sair para comer algo no aeroporto, Anna. Eu preciso ficar aqui para verificar tudo e apresentar as documentações do meu bebê. - Lil se referia ao jato.
- Tem certeza que não precisa que eu fique?
- Absoluta. Ah! Traz pra mim um chocolate quente, quando você voltar, por favor? Tá frio pra cacete.
- Ok, eu volto em breve.

Anna saiu para a área comum do aeroporto. O lugar estava cheio, visto que elas tinham chegado num dos horários de pico mas Anna não teve dificuldade em se locomover ou comprar as coisas que queria. Até mesmo parou para observar algumas vitrines.

- Tem certeza que é ela?
- Claro que sim, olha a tatuagem no pulso.

Anna ouviu duas pessoas conversando sobre ela, atrás de si. Ela sabia que teria de lidar com elas então baixou a guarda e deixou Mirage tomar conta. Quando Anna se virou para encarar seja lá quem falava sobre ela, tinha um sorriso de canto a canto do rosto.
Era perturbador para quem sabia tudo o que estava acontecendo, na verdade.

- Eu suponho que vocês estejam falando sobre mim? - Ela perguntou, com um quê de superioridade, totalmente incomum à personalidade real dela.
- Eu disse a você que era ela. - Uma garota morena deu uma cotovelada de leve na amiga ruiva. - Oi. Nós não queremos incomodar mas é que nós somos muito suas fãs e a gente queria saber se você poderia nos dar um autógrafo e talvez tirar uma foto.
- Autógrafos, claro. Mas eu lamento que tenhamos que pular a foto. Eu passei horas dentro de um avião, não posso deixar o mundo me ver com essas olheiras, certo? - As garotas pareciam um pouco decepcionadas por terem a foto negada mas ainda sim felizes pelos autógrafos. Aquilo era algo que Anna jamais faria com seus fãs, negar fotos, mas Mirage; sim. Ela fazia apenas o que queria, não o que era mais indicado. - Pronto, aqui está.