dois

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Respondam as perguntas do fim do capítulo!

O castelo estava silencioso. Era tarde ainda, a luz dourada e quente atravessava as janelas grandes dos corredores. Jungkook caminhava lentamente, esperando alguém aparecer. Uma porta característica se aproximava. Ele levantou seu punho e bateu contra a madeira, e a voz de Madame Meira o mandou entrar.

- Ah... Professora?

O quarto estava cheio de verde fumaça pesada, com um cheiro terrível de enxofre subindo pelas narinas. Ele caminhou para frente, e sua vista se desobstruiu, enquanto a fumaça se dissipava. Madame Meira estava curvada - algo que nunca se via - sobre um caldeirão de aparência suspeita. Seu cabelo era de vermelho vivo, descendo grosso até o chão, e suas mãos, penduradas á borda do recipiente, tinha longas unhas brancas. Deveria ser apenas iluminação, o nobre deduziu inicialmente, mas logo percebeu que a pele da mulher tinha um tom pesado e óbvio de roxo escuro.

- Ssssim, Jungkookkk? - ela sibilou, se virando. Três pares de olhos completamente azuis brilhavam em sua direção, e um sorriso repleto de dentes perfeitos, coisa terrivelmente humana em contraste com a monstruosidade das outras feições, se abriu. Sua boca se abriu lentamente, a água do olhos tremendo no mesmo ritmo frenético das batidas no seu peito.

Antes do grito sair, entretanto, acordou repentinamente, como se ressurgindo de uma mergulho.

A biblioteca estava completamente deserta, ao contrário do caos amontoado que era a mesa de mogno a sua frente. Rascunhos estavam amassados em bolinhas por toda sua extensão e livros se sobrepunham, alguns manchados pela tinta escura - crime que Jungkook não tinha ideia de como iria se safar. No momento, entretanto, era outra preocupação que manchava sua mente. Á sua frente, em papel grosso e tinta escura, estavam quarenta linhas bem formuladas, e depois de reescrever essa redação mais de mil vezes, Jungkook admitia que estava excelente, mas ele conhecia bem Madame Meira - quando ela lhe dava um limite de palavras, você o segue se não quiser morrer.

Madame Meira. O nome ecoando em sua cabeça o fez tremer levemente por alguma razão. Claro, havia sido nada mais do que um sonho, mas um sonho terrivelmente real, e o único até aquele momento que ele lembrava perfeitamente.

Jungkook estapeou levemente suas bochechas, beliscando a parte mais alta delas e balançou a cabeça bruscamente, de um lado para o outro:

- Vamos lá!

Mesmo assim, permaneceu imóvel, encarando o papel, nada além de vazio dentro de sua cabeça. Grunhindo, ele se levantou, pulando e balançando os braços. Naquele momento, a iniciativa era resultado de puro desespero, como demonstrado pelo jeito que sua boca se contorcia e a parte mais baixa da barriga de apertava em frustração.

Além da janela ao seu lado, que estivera repleta de nada porém breu, uma luz se acendeu. Não tremulava como uma vela: era fixa e dura, em um tom de branco gritante. Jungkook parou de se mover e chegou mais perto do vidro, mas ainda não conseguia ver nada. Então, com um pouco de dificuldade, suas mãos foram até a tranca de ferro, manuseando o metal frio vacilantemente. Foi apenas depois de considerável tempo que um clique soou e e a janela se abriu. Uma lufada de ar frio, trazendo o cheiro bom que recolhera varrendo a relva molhada, soprou em seu rosto, bagunçando seus cabelos. Os jardins tinham um aspecto fantasmagórico, as formas confusas e granulados. Entre o breu, a luz permanecia fixa, e de onde ela vinha ainda um mistério.

Seria mais prudente, e natural, ter fechado a janela e voltado para dentro. Mas todo senso que existia dentro dele, e toda sua responsabilidade (que em momentos normais era relativamente abundante) haviam sido incendiados enquanto forçava seus pensamentos a se direcionar para a redação. Empurrando a borda de madeira, ele se impulsionou para cima e aterrisou desajeitadamente na janela. Virou o corpo com as mãos, e finalmente saltou, seus sapatos sociais amassando a grama borrachuda.

NIGHT WINGS | JJK+MYGOnde histórias criam vida. Descubra agora