Vinte e Oito

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O gerente do restaurante estava sendo muito paciente com Jensen, e ele sabia que tinha que valorizar isso. Eram somente as três primeiras horas de seu primeiro dia em seu novo emprego, e ele já havia passado de balconista a garçom, e tinha se atrapalhado em todas as duas funções.  Agora o que tinha que fazer era simples: lavar pratos.

Na cozinha, as coisas eram bem mais agitadas do que do lado de fora. Era hora do almoço, então a toda hora chegavam mais pedidos, e esvaziavam-se mais panelas e pratos, e sempre que achava que terminava, vinha mais um monte de coisa suja. 

Estava sendo ajudado por Josh, um jovem barrigudo que gostava de conversar. Não que Jensen não gostasse, a conversa só o desconcentrava às vezes, mas era bom para o tempo passar rápido.

Josh se dividia em olhar se os ingredientes das panelas estavam corretos e em não deixar que Jensen molhasse a cozinha inteira. Era um bom rapaz, mesmo com suas piadas um pouco fora de hora.

-Se a mulher chegar e te ver aqui na cozinha, ela vai querer te levar pra casa.

-A mulher? -Jensen perguntou levantando uma sobrancelha e sem encarar o outro.

-É ela é dona disso daqui. Acho que vai querer te adotar. -o garoto riu.

-Não, muito obrigado. Eu passo.

-Se conseguir resistir. -Jensen estava quase explicando a Josh que não estava em mulheres quando ouviu seu nome alto.

-ACKLES! -Tyler, o gerente do restaurante, apareceu na porta da cozinha. -Tem uma garota aqui querendo te ver.

-Uh, uma garota hein? Logo em seu primeiro dia já conseguiu uma admiradora?

-Fica quieto, Josh! -ele respondeu revirando os olhos e enxugando as mãos para sair da cozinha.

-Pode tirar seu horário de almoço agora se quiser, tudo bem?

-Certo. Obrigado.

Logo viu Rachel sentada em uma mesa no canto com uma expressão não muito animada.

-Hey, badboy! Espero não ter chegado em uma hora inoportuna. Vim em meu horário de almoço. Mudaram novamente, é uma loucura, você sabe.

-Não, não tem problema. É o meu também. -respondeu tirando a touca da cabeça.

-Já foi promovido a chef? -ela brincou- Esperava te ver no balcão.

-Não ainda. -riram- Não me dei bem no balcão, nem servindo. Só ainda estou tentando me encaixar.

-Mas acha que está se saindo bem?

-É um trabalho simples, apesar de tudo. E quanto mais perto da comida estou, melhor me sinto.

-Ótimo.

-E você como está?

-Terrível. -ela disse e ele viu a animação sair do seu rosto tão rapidamente que o assustou.- Eu não deveria estar assim, deveria ter alguma estrutura emocional quanto a isso. Estamos fadados a lidar com esse tipo de coisa todo dia, mas... -ela limpou uma lágrima que escapou do seu rosto e mordeu lábio inferior tentando impedir que mais dela viessem.

-E o que aconteceu?

-Eu não sei se o Misha te contou mas alguns meses atrás, na mesma época que você entrou no hospital, uma garotinha também estava lá. Ela sofria maus-tratos mas foi resgatada por assistentes sociais e passou algum tempo com a gente até ser reclamada por sua tia, que morava em Denver.

-Acho que ele me disse algo do tipo. A mãe dela era… -ele engoliu seco- era garota de programa não era?

-Sim e sem nenhum tipo de luxo. Ela apenas ficava na rua o tempo inteiro e deixava a menina por aí também.

Thank You »Cockles AU«Onde histórias criam vida. Descubra agora