The Betelgeuse [Concluída]

Chapter Eleven

Deserto da Patagônia, Argentina, Ano de 2017.

Camila's Point Of View

Apenas uma semana faltava para completar um mês que Lauren estava aqui. Normani alegava que tudo corria bem e Lauren, Ally e ela comemoravam verdadeiramente o fato de que em breve Lauren poderia partir. E eu? Bom, eu apenas apenas fingia alegria.

Eu sei, é egoísmo de minha parte querer que ela fique, ela tem uma família lá, seus amigos, sua rotina, um trabalho e absurdamente linda desse jeito, provavelmente um namorado ou namorada.

Mas eu não posso evitar desejar que sem querer, talvez só por mais um tempo, ela fique aqui conosco, nos brindando com sua presença e seu sorriso, com sua forma inocente e pura de ver o planeta Terra.

Alguns minutos atrás eu havia sido atacada através de um terrível complô das três contra mim, me atacaram da pior forma possível. Se vocês imaginaram que foi com cócegas então acertaram.

Normani segurou minhas pernas, Ally meus braços e Lauren foi a chefe da operação. Subiu em cima de mim e me encheu de cócegas. Tudo isso para eu aceitar a sair com elas para alguma balada outra vez, já que Ally e Normani não puderam ir da outra vez.

Tentei resistir, mas o pior tipo de tortura pra mim são cócegas. Acabei me rendendo no primeiro minuto. O mais engraçado é que eu ficava nervosa depois de tanto rir, porque me fizeram rir obrigatóriamente, me prenderam e fizeram algo contra a minha vontade. Eu sempre ficava muito fula da vida quando faziam isso, mas estranhamente a presença de Lauren me manteve no eixo.

Estávamos nesse exato momento deitadas ali, na parte do gramado, já que era o princípio do deserto e a parte mais seca era mais para o Sul. O frio estava quase insuportável e Normani, Ally, Lauren e eu olhávamos o céu incrívelmente estrelado.

"Sai fumaça da minha boca quando eu falo, uau." Lauren falou e eu ri.

"Não é fumaça, Laur. É vapor." Expliquei sorrindo.

"Oh." Falou voltando seu olhar para o céu.

"O céu é tão lindo a noite e estou surpresa por conhecer tão pouco dele." Normani falou e o silêncio se fez presente. Eramos apenas nós, seres insignificantes, olhando para a imensidão daquele céu.

"Está vendo aquelas três estrelas alinhadas ali, Mani?" Perguntei apontando e ela assentiu. "Se chamam Mintaka, Alnilam e Alnitak, porém são mais conhecidas como As três Marias." Falei e ela as olhou bem.

"Sim, por esse nome eu conhecia." Falou animada.

"Você vê aquele pontinho Azul de um lado delas, azul gelo?" Ela assentiu outra vez. "Aquela é a Rígel." Tomei ar. "E aquela, na mesma reta, porém do outro lado das três Marias, um pouco alaranjada é a Betelgeuse, a estrela que distraiu Lauren e a fez vir pra cá." Falei e ela olhava tudo admirada.

"Ela é muito maior que o sol de vocês apesar de não parecer. Só está bem mais longe." Lauren falou e assenti. Normani ouvia tudo boquiaberta.

"E tem uma na reta das três Marias, pode ver? Formando um triângulo com a Betelgeuse e a Rigel, bem...essa é a Sirius."

[N/A: Foto dessas estrelas na capa, caso se interessem é fácil achá-las no céu e são as minhas preferidas]

Senti a mão de Lauren esbarrar na minha e as batidas idiotas do meu coração insistiram em se alterar. Virei  meu pescoço para ela, que estava ao meu lado e me olhava. Senti seus dedos se entrelaçando com os meus e juro por tudo que mais amo que quase tremi, eu estava com falta de ar por um simples gesto? Essa garota me desconcertava inteira.

Ela olhou para meus lábios e congelei. O frio só a deixava mais branca e sua boca estava quase vermelha. Seu cheiro presente em cada milímetro de tudo e uma sensação estranha dominando a boca do meu estômago.

"Eu amo estar aqui com você." Ela sussurrou e engoli seco. Tão linda, tão surreal, tão mágica, tão incrível, tão cheirosa, tão genuína.

"E eu amo que você realmente esteja." Sussurrei de volta. Seu polegar acariciava minha mão e senti uma vontade absurda e quase incontrolável de beijá-la.

Seus lábios pareciam tão macios e eram tão convidativos que a única coisa que minha mente processava era que aquela sublime imagem realmente existia. Naquele momento eu só conseguia pensar se seu beijo era tão maravilhoso quanto parecia ser.

A vi umidecer seus lábios, sem desviar os olhos de meus lábios e, apesar do frio, tenho certeza que eu estava suando.

Como eu a queria, como eu a desejava . Isso era errado? Era errado sentir que não existe mais nada no Universo além de mim e ela? Era errado me permitir sentir essas coisas ao olhá-la? Bem, não é como se eu pudesse evitar.

A vi se inclinar em minha direção e não me movi, apenas deixei que ela fizesse o que ela quisesse. Seus olhos desviaram de meus lábios para meus olhos e PLAU. Planeta olhos verdes atacaram novamente.

A vi fechar os olhos e me permiti fechar os meus, senti sua respiração se mesclar com a minha e ela fez o que eu menos esperava, me deu um beijo no rosto e voltou a se deitar, direcionando seu olhar para o céu.

Sim, fui trouxa.

Mas apesar disso, sorri. Seus lábios macios haviam tocado a pele de minha bochecha. Sua boca geladinha fez meu estômago se revirar, apesar de ter sido tão pouco, foi estranhamente algo intenso pra mim. Foi como uma corrente elétrica que ao me tocar, passou energia por cada átomo existente em meu ser.

Desviei meu olhar dela e olhei para o céu novamente. Só então percebi que Ally e Normani conversavam algo sobre outras estrelas. Ally a explicava mais algumas coisas.

Deixei um longo suspiro sair e pela primeira vez, doeu imensamente pensar que ela iria embora. Que eu nunca mais a veria. Que era apenas aqui e agora. Mais alguns dias era tudo o que me restava dela.

Foi então que percebi que Ally tinha razão ao achar que, pela primeira vez em muito tempo, Camila Cabello estava se apaixonando.