Chapter Twenty Three

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Ushuaia, Argentina, Ano de 2017

Camila's Point Of View

"Lauren, o que foi aquilo?" Perguntei ao entrar em nossa casa...Digo, minha casa.

Lauren havia saído e pegado um táxi para cá, me deixando sozinha lá. Fiquei mais um pouco pois a festa era minha, depois fingi uma leve dor de cabeça e todos assentiram, se despedindo de mim. Dinah pediu que eu a ligasse no dia seguinte, quando ela estivesse sóbria, para dizer se eu havia gostado da festa e de seu presente - As strippers - que dançaram para ela, já que eu me recusei a aceitar o pequeno show, tendo sobre mim o olhar assassino de Lauren.

A noite estava fria e peguei um Táxi também. Fui o caminho inteiro pensando no porquê Lauren poderia ter saído daquela maneira. Ela ainda por cima não estava agasalhada, droga. Eu deveria tratar de sempre levar um casaco a mais para ela, afinal ela era bem teimosa quando queria e sempre esquecia de propósito o casaco e no final se arrependia.

"Desculpe, eu não quis lhe preocupar." Falou calma e suspirei em alívio vendo que ela não estava brava.

"Porque saiu daquele jeito?" Perguntei retirando meus saltos. Eu estava exausta e só queria dormir. Ela estava em nosso quarto. Nosso. vejo que me acostumei com esses termos...

"Eu só fiquei constrangida. Desculpe." Pediu e sorri para ela. "Em meu planeta isso realmente nos custaria uma multa. Esse tipo de coisa deve ser feito unicamente quando não há ninguém por perto." Falou e se virou de costas. Já era de costume nos virarmos enquanto a outra se trocava. Me troquei rapidamente apenas retirando minha calça e camisa e colocando um blusão. Pulei na cama a abraçando por trás, inalando seu delicioso perfume, o qual eu já sentia falta.

"Não havia ninguém por perto e não estávamos necessariamente fazendo você sabe o quê." Falei lhe dando um beijo em sua bochecha e ela se reclinou apoiando suas costas em meus seios. Estar com ela era sempre tão reconfortante. Eram apenas dois meses de convívio. Para quem vivesse em lugares diferentes talvez fosse pouco, mas eu passava praticamente as 24 horas do meu dia sob o mesmo teto que ela. O céu, a minha casa ou a de Dinah, a de Ally ou a de Normani, o trailer, as estrelas, shoppings, cinemas, entre outros. O convívio se tornou necessário e pouco tempo longe dela era suficiente para que eu morresse de saudade da minha morena de olhos verdes.

"Há Algumas coisas as quais eu ainda não me adaptei, perdão." Pediu em um tom baixo. Ela estava diferente, algo nela não estava normal.

"Você não tem que se desculpar." Amor. Pensei em adicionar uma palavra a mais, porém fraquejei.

"Vou embora em uns dias." Ela disse tristemente e engoli seco, apenas concordando com a cabeça. "Em poucos dias." Reforçou.

"Sim." Falei.

"E nós nunca mais iremos nos ver." Falou com a voz embargada.

"Eu sei." Falei quase em um sussurro, tentando esconder minha dor.

"Está vendo? É isso que me frustra." Falou e arregalei os olhos em surpresa sem entender nada.

'Isso o quê?" Perguntei confusa.

"Eu digo que vou embora e você simplesmente concorda." Falou brava se desvencilhando de mim.

"E o que eu poderia fazer? Eu não tenho o direito de te pedir para ficar, Lauren." Contestei. Eu realmente não tinha.

"Essa seria uma decisão minha, Cabello. Minha!" Gritou.

"É exatamente isso o que penso, eu não devo me meter nisso, Lauren." Retruquei.

"Oh céus, você ao menos se importa?" Assenti um tanto brava pelo seu tom de voz. "Você poderia tentar demonstrar isso então." Gritou com a voz embargada.

"Demonstrar mais? Tudo o que eu faço é demonstrar que eu me importo com você." Gritei já a ponto de chorar de raiva.

"Pare de se manter neutra. Dê a droga de um parecer em relação a esse assunto, merda."

" Eu não posso ser egoísta a esse ponto. Eu entendo que são seus pais, seu amigos, sua família, sua vida." Falei um pouco mais alterada.

"Pare de pensar em mim, pense em você. O que você quer? O que realmente quer, Camila? Eu tenho ficado, eu tenho adiado ir embora mas isso nunca partiu de você, você fica neutra, você sorri quando falam de eu ir embora." Sua voz rouca e em tom alto mostravam sua raiva. "O que raios você verdadeiramente quer?" Gritou exaltada.

"Você, droga." Gritei rebatendo. "Eu quero você." Assumi em gritos. Ela me olhou e senti meu peito inflar.

"Então me peça para ficar. Não me deixe ir, Camila. Não deixe." Pediu chorando e engoli seco. Não era raiva o que eu estava sentindo, mas não era justo isso comigo. E se dessemos errado? E se ela se apaixonasse por outra pessoa? E se ela se arrependesse e sentisse falta de sua família? E se's... Ela sempre culparia a mim por ter pedido que ela ficasse. Eu não poderia ser egoísta quando se tratava de sua vida. Eu a amava demais para isso, apesar de nunca ter-lhe dito essas palavras.

Fiquei muda, tentei formular alguma palavra mas nada saiu. Ela negou com a cabeça enxugando suas próprias lágrimas e saiu batendo a porta, porém antes de sair gritou firmemente:

"Hoje eu durmo no sofá." Engoli seco e senti lágrimas escorrendo. Ela não podia me pedir para que fosse egoísta quanto a isso. Eu não poderia, por mais que fosse tudo o que eu mais queria. Eu a queria ali comigo, eu a queria para sempre. Acordar ao seu lado, caminhar de mãos dadas, tê-la como namorada, depois como noiva, comprar uma casa maior, futuramente como esposa, ter uma filhinha ou um filhinho, ficarmos juntas até estarmos velhinhas e grisalhas. Era tudo um sonho muito lindo, porém eu não posso pedí-la que abra mão de sua antiga vida, de seu antigo planeta, de tudo o que ela tinha. Eramos apenas primitivos para eles. Eu era apenas uma simples terráquea e ela...Bom, ela era Lauren Jauregui, a mulher por quem eu, sem perceber, me apaixonei perdidamente.

The Betelgeuse [Concluída]Onde histórias criam vida. Descubra agora