Chapter Fifteen

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Ushuaia, Argentina, Ano de 2017.

Camila's Point Of View.

"...Então deduzi que ela precisasse de uma companhia." Lucy concluiu.

"Não precisava, viemos com ela." Lauren falou e a olhei surpresa.

"Eu não poderia saber disso, já que a olhei por vários minutos lá de cima e não a vi com ninguém." Falou analisando Lauren.

"Foi descuido de minha parte." Lauren rebateu.

"Está com tudo hein Chancho? Acho que você tem ima para olhos verdes." Dinah sussurrou em meu ouvido e a ouvi rir logo em seguida.

"Com certeza foi, duas vezes." Lucy voltou a falar e as duas se encaravam fixamente.

"Obrigada por ter se preocupado com ela, mas acho que daqui pra frente eu posso fazer isso." Lauren revidou.

"Gente, já chega!" Falei em tom firme. "Vamos dançar, Dinah." A puxei pelo braço para a pista de dança, deixando nossos copos no balcão. Analisei de longe que elas conversavam pacificamente e respirei aliviada. Dancei com Dinah até ela reencontrar Siope e começar a beijá-lo loucamente.

"Aceitaria dançar comigo?" Escutei a voz de Lucy assim que eu estava a ponto de sair da pista de dança.

"Olha Lucy..."

"É só uma dança, eu não quero problemas com a sua namorada." Falou e arqueei a sobrancelha, assentindo com a cabeça e indo dançar com ela. A música era em batidas rápidas e eletrizantes, por isso não tivemos o porquê nos colar.

"Ela não é minha namorada." Esclareci e ela me olhou de uma maneira indecifrável.

"Aposto que você queria que fosse." Falou e me surpreendi. Por essa eu não esperava. Uou.

Olhei para Lauren e ela estava séria, tomando Frizzê e conversando com Ally.

"Não é muito difícil de se descobrir devido a que você se perde ao olhá-la." Falou e corei.

"É complicado." Falei desviando os olhos de Lauren.

"Se serve de consolo, ela te olha da mesma forma." Falou convicta.

"Se sabia que eu gostava dela por que ficou provocando ela?" Perguntei realmente curiosa.

"Adoro um conflito." Falou e logo em seguida riu. "E geralmente ciúmes de leve nessas situações dão um pequeno empurrãozinho." Falou e ficamos por ali conversando. Ela era uma boa mulher, tinha um bom caráter. Voltamos para as garotas e Lucy se despediu.

"Bom, Camila, se precisar de algo sabe onde me encontrar. Foi um prazer desfrutar da noite com todas vocês." Falou e finalmente desapareceu na multidão de pessoas. Olhei para Lauren e vi que ela coçava os olhos. Por sorte não borrou sua maquiagem.

"Heey, está com sono? Quer ir para a casa?" Perguntei em um tom doce, me aproximando.

"Pare de agir como se eu fosse uma criança, okay? De acordo com a maneira como contam no planeta de vocês, eu tenho 28 anos. Então acho que não preciso de uma babá." Gritou e me assustei.

"Desculpe. Eu só..."

"Porque não vai ver se a Lucy não está com sono?" Perguntou se levantando. "Vou ao banheiro meninas. Já volto." Falou se retirando. Eu ia atrás dela mas senti mãos me impedirem.

"Deixe ela esfriar a cabeça, Chancho. Ela é madura, perceberá que fez besteira." Dinah falou.

"Mas Dinah, eu não suporto saber que ela está brava comigo sem ao menos eu saber o porquê. Algo a incomoda e eu não gosto dessa situação." Falei tristemente e indignada.

"Apenas vamos embora e faça o que eu falei, okay?" Pediu e assenti.

Lauren não demorou nada no banheiro e assim que voltou nós fomos embora. Pegamos um Táxi e paguei a corrida completa, Dinah e Normani iria dormir na casa de Ally e elas permaneceram no táxi, pois ainda faltavam algumas quadras até seu destino. Lauren desceu comigo e caminhamos até minha porta. Procurei as chaves em minha bolsa e depois de alguns minutos a encontrei. Nunca fui boa em andar de bolsa. Odiava esse negócio, achava completamente desnecessário, mesmo assim eu usava, pois Ally sempre insistia quanto a isso.

Entramos em casa e Lauren foi direto para o quarto, batendo a porta e se fechando lá dentro. Eu não sei explicar o motivo, mas senti vontade de chorar.

Retirei meus saltos e preparei algo rápido para comer. Dei algumas batidas na porta do quarto, porém não obtive resposta.

"Eu preciso pegar alguma roupa para dormir, abra a porta por favor, Lauren." Falei não muito alto. A porta foi aberta e assim que a empurrei avistei Lauren se trancando no banheiro. É, ela realmente não quer me ver.

"Preparei um lanche pra você, tem suco e refrigerante na geladeira. Não misture leite com o que tomou, pode te fazer mal." Falei e nada. Suspirei em decepção. "Vou deixar aqui em cima da mesinha de canto. Boa noite, Lauren." Falei pegando algumas roupas e indo me trocar na sala. Alguns minutos depois ouvi a porta do quarto ser fechada com força e suspirei em decepção novamente. Ceder o quarto para ela é uma coisa. Ser expulsa dele por ela, é outra completamente diferente.

Eu não queria, mas está doendo.

Onde fui me enfiar? Como me deixei chegar a esse ponto, onde simplesmente tê-la chateada comigo me magoasse tanto? Porque essas coisas com o coração eram tão complicadas?

Claro que eu sei que realmente não envolve  o coração. O pobre órgão é apenas a quem escolhemos jogar a culpa pelas estupidezes geradas em nossa ponte, área realmente responsável por nossas emoções, mas gosto de dizer que é o coração, é algo mais simbólico.

Lauren estava agindo feito uma criança, brava comigo a toa e minutos antes de ela fechar a cara quase nos beijamos.

Ela me bagunça, me vira dos pés a cabeça, me confunde. É madura e inteligente, sabe ser pura e leve tanto que chega a ser genuína, hoje eu vi seu lado sedutor e um pouco prepotente e agora ela me mostrava o lado doido que toda mulher tem. Isso não pode ser possível.

Eu deveria ter ouvido o conselho de Ally: Melhor pés no chão do que voar e cair.

O problema é que eu aceitaria humildemente cair se eu pudesse experimentar a sensação de voar.

Afinal de contas, pés no chão eu tenho todos os dias.

The Betelgeuse [Concluída]Onde histórias criam vida. Descubra agora