O Lunático está na minha cabeça

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uma vez meu professor soltou em aula a seguinte frase ''difícil viver, né?''. no momento, eu não tinha parado pra pensar no tanto que essa afirmação-questionamento tinha impacto sobre nossas vidas. corra, faça isso, faça aquilo. seja escravo, se não do outro, de si mesmo. esqueça quem é. é hora de ir atrás de se fazer o que tem que fazer. o tempo é um curta e a vida minúscula e minuciosamente triste. hoje eu decidi que por mais que eu sempre corra, por mais que o lunático que berra dentro de cada canto da minha cabeça me chacoalhe e ria da minha cara. eu não vou correr. eu preciso parar de correr. eu preciso parar de correr. mesmo que essa já seja uma corrida por si própria. não posso ter medo de me importar. de ir atrás de mim mesma. pelo meu bem e só por ele. hoje, eu já não quero mais correr. hoje, eu já não quero mais temer. não quero que me deixem, não quero que se vão. seja ele o tempo ou qualquer coisa que se esvaia entre os dedos. chega do líquido e do pastoso. daquilo que escorre por entre as veias, nutre e faz falta logo em seguida. não dá conteúdo nem substância, só sufoca e afoga. quero massa, peso, densidade, volume, magnitude, construção. passo. tim tim por tim. proteção.

hoje, eu já não quero mais correr.

a vida não muda. eu sim.

consistência do objeto, subjetividade do sujeito.

nascimento.

hoje, eu já não quero mais ter que mentir, ter que fugir, ter que me esconder.

repito

hoje, eu já não quero mais correr.

não precisa ficar triste, definhar pela falta de nutrição.

ou, Lunático! eu não te devo satisfação. mas você já me pertence. existe aqui dentro. me existe.

não precisa ir embora. mas só quero que entenda que eu escolho meu próprio caminho agora.

tem alguém na minha cabeça que não sou eu.

mas ta tudo bem.

porque hoje, só hoje, eu já não precisei correr.

Eu só quero correrOnde histórias criam vida. Descubra agora