~ Capítulo 2 ~

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         — Esse restaurante é lindo! —Andamos até uma mesa que estava reservada para nós. Mas de longe avistei um garoto sorrindo. Conheço esse sorriso. Ah, tinha que ser o Carlos Eduardo!
        — Katherine?! — Disse ele, surpreso ao me ver.
        — Oi, Carlos. — Sentei-me à mesa.
        — Tudo bem? — Sorriu. Este é o sorriso mais lindo que eu já vi em toda a minha vida!
        — Estou ótima. E você? — Meus pais e o dele estavam falando sobre a empresa.
        — Agora que você chegou, estou perfeitamente bem. — Passou a mão no cabelo. — Pensei que nunca mais te veria.
        — Nunca diga nunca, meu bem. — Rimos.
        — Que frase de efeito.
        — Ficará quanto tempo aqui no Brasil? — Dei um gole no suco.
        — Ainda não sei. E você?
        — Estou na mesma situação. Vai estudar em qual escola?
        — No Mestre Sousa.
        — Nossa! Eu também.
        Conversamos bastante, jantamos, e por fim, fomos para casa. Me joguei na cama. Eu estou muito cansada, mas o celular tinha que tocar logo no exato momento que eu estava cochilando.
        — Alô? Quem é?
        — Sou eu, Carlos. É que eu queria ter certeza de que este número é o seu. Desculpa te incomodar. Pode voltar a fazer o que estava fazendo. — Falou isto, e encerrou a chamada. Nem me deixou responder. Salvei o seu número nos contatos. Como ele conseguiu o meu? Ah, não tem problema, eu só quero dormir agora.

       

                ***

         — Kat, acorda! — Mamãe balançou a minha perna várias vezes. — Vamos à sua escola. Levanta!
         — Bom dia, pelo menos. — Levantei-me ainda sonolenta, calcei as minhas pantufas e fui ao banheiro.
        — Cruzes! Que cabelo é esse?! — Olhei-me no espelho.
        -— Bom dia, filha. — Papai falou, dando uma mordida em sua fatia de bolo.
        — Que mesa farta! — Brinquei.
        — Come logo, por favor! —Mamãe falou.
        — O que houve com ela? Tá estressada hoje. — Papai e eu rimos, e Liliana continuou de cara fechada. —Deve ser coisas da idade. — Ela deu um peteleco na minha cabeça. — Isso doeu!
         — Vamos. —Caminhei até a porta.
         Entramos numa Ferrari Branca, papai pisou fundo no acelerador. Desse jeito daqui a dois minutos chegaremos lá.
Meu celular toca, é o Duda.
        — Bom dia, dorminhoca.
        — Bom dia. Estou indo ao Colégio para comprar a farda.
        — Ah, eu já estou aqui. Tem muitos alunos. — Ficou mudo. — Tem muita menina bonita aqui.
        — E meninos?
        — Não sei, não reparei.
        — Uh-hum, sei. — Sorri. — Cheguei agora. Te vejo por aí.
        — Tchau.
        Guardei o celular na bolsa, desci do carro. Passamos por uma passarela, e ao lado tem um gramado muito bem cuidado. Avistei o Duda em frente a um portão. Carinha safado, tava olhando para as saias das meninas. Esse menino não presta.
        — E aí? — Falei, e fizemos o toque de mão que inventamos dentro do avião.
        — Esse Colégio é incrível. —Olhou novamente para uma garota baixinha, mas dona de muitas curvas, loira.
       — O Colégio ou as garotas? — Bati em seu braço.
       — Os dois. — Gargalhamos.
       — Kat, vem. — Mamãe me chamou.
       A segui por um imenso corredor, até chegarmos á sala da direção. Liliana bate na porta e uma voz masculina ecoou detrás da porta.
       — Pode entrar.
       Entramos e sentamos em frente à mesa do diretor.
       — Como vai, senhora Morgan? — Sorriu.
       — Bem, obrigada. Vim comprar o uniforme da minha filha.
       — Ah sim. A minha secretária irá atendê-la. — O diretor discou no telefone e falou com uma tal de Fabiana, deve ser a secretária dele.
       — Siga-me senhoritas.
Andamos perto das salas de aula. Os alunos dentro das classes olhavam curiosamente para mim.
       Entramos numa sala, e a mulher perguntou qual o tamanho que eu ia querer. Logo depois, saí da sala segurando o uniforme, que rapidamente entreguei a minha mãe. Não gosto de ficar segurando as coisas. Liliana parou pra conversar com uma senhora baxinha, de cabelos grisalhos. Eu preciso conhecer a escola, então caminhei até as salas de aulas, dei uma olhada rápida para os alunos.
         Fui á cantina, enquanto eu pedia um sanduíche, uma garota de estatura média, de pele clara, cabelo castanho cacheado, e de olhos azuis, falou comigo.
        — Oi, você deve ser a aluna nova. — Indagou.
       — Sou sim. Estuda em qual sala?
       — 2°C. Ficou em que classe?
— Na mesma que a sua. — Peguei a bandeja com o lanche e sentei numa mesa próxima a uma turma de garotos. — Sou Katherine Morgan.
       — Prazer, sou Juliana.
       — O prazer é todo meu. — Dei uma mordida no sanduíche.
       — Tem quantos anos?
       — 16. E você?
       — 15. Se quiser posso te falar sobre a escola.
       — Ah, claro.
       — Aqui tem o grupo dos populares, que são os do time de futebol da escola, o das garotas patricinhas, que adquiriram popularidade por namorarem algum dos jogadores. Tem os dos nerds, o dos góticos e o dos músicos. Eu... Hum... Não faço parte de nenhum.
        — Acho que também não farei parte de nenhum desses grupos. Conta mais.
        — O garoto mais popular da escola é o Clark, ele estuda na nossa classe. É o folgado da turma, e na sua roda de amigos está o Harry, o Murilo e o William. O Clark tem um relacionamento complicado com a Amanda, líder do grupo das patricinhas. E os outros ficam com todas. Porque a maioria das meninas dariam tudo pra ficar com um deles.
         — Ainda bem que não faço parte dessa maioria. Sou a minoria das que não querem nem falar com eles.
         — Duvido. — Sorrimos. — Eles são muito lindos, porém, mauricinhos.
         — Eu não me importo com a aparência física. A pessoa pode ser a mais bonita do mundo, mas se não for legal, torna-se pra mim, a mais feia.
         — Você tem a personalidade forte.
         — Puxei ao meu pai. — Olhei de soslaio para um garoto na mesa ao lado. — Psiu! Quem é esse aí? — Falei quase num sussurro.
         — É o Keven, ele não participa de nenhum grupo. O garoto aí é caladão. Fala apenas com o Murilo, da turma dos populares.
         — Eu vou lá. — Levantei e fui em direção ao menino.
         — Oi. Posso sentar aqui? — Ele me olhou assustado.
         — Po... Po... Pode. — Ta nervoso. Que coisa mais fofa!
         — Como se chama? — Keven usa óculos, o cabelo castanho dele está quase invadindo a sua visão. Preciso ver os seus olhos, mas ele não ajuda, fica com a cabeça enfiada num livro.
       — Keven.
       — Keven, o que acha de levantar a cabeça? Quero ver os seus olhos.
        Ele levantou vagarosamente. Oh Céus! Os olhos dele são acinzentados.
        — Tem belos olhos! — Exclamei.
        — Obrigado. O seus também são lindos, tem um verde tão intenso.
        — Puxei a papai. — Gargalhei. Vi um pequeno sorriso aparecer em seu rosto, mas o garoto prefere ficar de cabeça baixa.
         — Está lendo que livro? — Peguei em seu queixo e ergui a sua cabeça. — Assim é bem melhor.
         — Um livro de filosofia.
         — Ah, legal. Tenho diversos lá em casa, sobre filosofia.
         — Como você se chama? — Até que em fim ele puxou assunto.
         — Katherine Morgan.
         — O seu pai é dono de uma Holding, certo? — Como ele sabe?
         — Como você sabe?
         — Gosto de ler revista relacionada à economia. Seu pai é um grande empresário.
         — Isso é verdade. Quero seguir os passos dele.
         — Por que você veio falar comigo?
         — Vi você calado e sozinho, e como sou nova aqui, então é bom fazer amizades. Mas por que a pergunta?
        — É que... A maioria das pessoas me ignoram, por eu ser nerd. Você não me entende. Aposto que na sua outra escola, era a popular.
        — É, eu era, mas não do jeito que está pensando. Sou diferente desses populares.
        — Não acredito. — Não gosto quando duvidam de mim. É irritante!
        — O problema é seu, não tenho que fazer ninguém acreditar em mim.
        — Kat, vamos. A sua mãe está te chamando.
        — Pai,vem cá.
        — Oi, filha.
        — Esse rapaz aqui, te admira. Keven gosta de revista de economia e está sempre te acompanhando.
        — Prazer, Keven. Dificilmente vemos os jovens tão envolvidos nos estudos. Parabéns! E se quiser posso te levar algum dia para passar uma tarde com a gente na empresa. Acredito que você vá ser um grande empresário.
         — Ah, claro. É só me chamar.
         — Tchau, Keven. — Falei.
         Olhei para o lado e vi que a Juliana já tinha saído. Amanhã falo com ela. Entramos no carro e partimos para casa.
          — Kat, aquele seu amigo é bem legal. — Papai falou de olho na estrada.
          — É sim, só é um pouco tímido, mas resolverei isso.
          Entramos no apartamento, fui direto para o meu quarto. Sentei na cadeira da varanda. Eu nunca estive tão ansiosa para ir à escola, como estou agora. Disco o número do Carlos.
        -Alô? -Ele tá com voz de sono.
        -Oi, Duda. Gostou da escola?
        -Bastante. Espera, você me chamou de Duda?
        -É, chamei. Qual o problema?
        -Nenhum, é que é engraçado.
        -Hum. Já fiz amizade.
        -É, eu também. Fiquei conversando com a Amanda. Aí chegou um cara alto e forte, dizendo que queria falar com ela. Acho que é o namorado dela.
         -A Amanda é a líder do grupo das patricinhas, e suponho que esse cara seja o Clark, o namorado dela. Ele é o popular.
         -Já sabe de tudo isso? Dá para ser jornalista. -Rimos.
         -Vou desligar. Tchau. -Encerrei a chamada.
         Agora vou dormir. Me joguei na cama e rapidamente adormeci.

MENSAGEM ANÔNIMA - Por amor, do que você seria capaz?Onde histórias criam vida. Descubra agora