— Esse restaurante é lindo! —Andamos até uma mesa que estava reservada para nós. Mas de longe avistei um garoto sorrindo. Conheço esse sorriso. Ah, tinha que ser o Carlos Eduardo!
— Katherine?! — Disse ele, surpreso ao me ver.
— Oi, Carlos. — Sentei-me à mesa.
— Tudo bem? — Sorriu. Este é o sorriso mais lindo que eu já vi em toda a minha vida!
— Estou ótima. E você? — Meus pais e o dele estavam falando sobre a empresa.
— Agora que você chegou, estou perfeitamente bem. — Passou a mão no cabelo. — Pensei que nunca mais te veria.
— Nunca diga nunca, meu bem. — Rimos.
— Que frase de efeito.
— Ficará quanto tempo aqui no Brasil? — Dei um gole no suco.
— Ainda não sei. E você?
— Estou na mesma situação. Vai estudar em qual escola?
— No Mestre Sousa.
— Nossa! Eu também.
Conversamos bastante, jantamos, e por fim, fomos para casa. Me joguei na cama. Eu estou muito cansada, mas o celular tinha que tocar logo no exato momento que eu estava cochilando.
— Alô? Quem é?
— Sou eu, Carlos. É que eu queria ter certeza de que este número é o seu. Desculpa te incomodar. Pode voltar a fazer o que estava fazendo. — Falou isto, e encerrou a chamada. Nem me deixou responder. Salvei o seu número nos contatos. Como ele conseguiu o meu? Ah, não tem problema, eu só quero dormir agora.
***
— Kat, acorda! — Mamãe balançou a minha perna várias vezes. — Vamos à sua escola. Levanta!
— Bom dia, pelo menos. — Levantei-me ainda sonolenta, calcei as minhas pantufas e fui ao banheiro.
— Cruzes! Que cabelo é esse?! — Olhei-me no espelho.
-— Bom dia, filha. — Papai falou, dando uma mordida em sua fatia de bolo.
— Que mesa farta! — Brinquei.
— Come logo, por favor! —Mamãe falou.
— O que houve com ela? Tá estressada hoje. — Papai e eu rimos, e Liliana continuou de cara fechada. —Deve ser coisas da idade. — Ela deu um peteleco na minha cabeça. — Isso doeu!
— Vamos. —Caminhei até a porta.
Entramos numa Ferrari Branca, papai pisou fundo no acelerador. Desse jeito daqui a dois minutos chegaremos lá.
Meu celular toca, é o Duda.
— Bom dia, dorminhoca.
— Bom dia. Estou indo ao Colégio para comprar a farda.
— Ah, eu já estou aqui. Tem muitos alunos. — Ficou mudo. — Tem muita menina bonita aqui.
— E meninos?
— Não sei, não reparei.
— Uh-hum, sei. — Sorri. — Cheguei agora. Te vejo por aí.
— Tchau.
Guardei o celular na bolsa, desci do carro. Passamos por uma passarela, e ao lado tem um gramado muito bem cuidado. Avistei o Duda em frente a um portão. Carinha safado, tava olhando para as saias das meninas. Esse menino não presta.
— E aí? — Falei, e fizemos o toque de mão que inventamos dentro do avião.
— Esse Colégio é incrível. —Olhou novamente para uma garota baixinha, mas dona de muitas curvas, loira.
— O Colégio ou as garotas? — Bati em seu braço.
— Os dois. — Gargalhamos.
— Kat, vem. — Mamãe me chamou.
A segui por um imenso corredor, até chegarmos á sala da direção. Liliana bate na porta e uma voz masculina ecoou detrás da porta.
— Pode entrar.
Entramos e sentamos em frente à mesa do diretor.
— Como vai, senhora Morgan? — Sorriu.
— Bem, obrigada. Vim comprar o uniforme da minha filha.
— Ah sim. A minha secretária irá atendê-la. — O diretor discou no telefone e falou com uma tal de Fabiana, deve ser a secretária dele.
— Siga-me senhoritas.
Andamos perto das salas de aula. Os alunos dentro das classes olhavam curiosamente para mim.
Entramos numa sala, e a mulher perguntou qual o tamanho que eu ia querer. Logo depois, saí da sala segurando o uniforme, que rapidamente entreguei a minha mãe. Não gosto de ficar segurando as coisas. Liliana parou pra conversar com uma senhora baxinha, de cabelos grisalhos. Eu preciso conhecer a escola, então caminhei até as salas de aulas, dei uma olhada rápida para os alunos.
Fui á cantina, enquanto eu pedia um sanduíche, uma garota de estatura média, de pele clara, cabelo castanho cacheado, e de olhos azuis, falou comigo.
— Oi, você deve ser a aluna nova. — Indagou.
— Sou sim. Estuda em qual sala?
— 2°C. Ficou em que classe?
— Na mesma que a sua. — Peguei a bandeja com o lanche e sentei numa mesa próxima a uma turma de garotos. — Sou Katherine Morgan.
— Prazer, sou Juliana.
— O prazer é todo meu. — Dei uma mordida no sanduíche.
— Tem quantos anos?
— 16. E você?
— 15. Se quiser posso te falar sobre a escola.
— Ah, claro.
— Aqui tem o grupo dos populares, que são os do time de futebol da escola, o das garotas patricinhas, que adquiriram popularidade por namorarem algum dos jogadores. Tem os dos nerds, o dos góticos e o dos músicos. Eu... Hum... Não faço parte de nenhum.
— Acho que também não farei parte de nenhum desses grupos. Conta mais.
— O garoto mais popular da escola é o Clark, ele estuda na nossa classe. É o folgado da turma, e na sua roda de amigos está o Harry, o Murilo e o William. O Clark tem um relacionamento complicado com a Amanda, líder do grupo das patricinhas. E os outros ficam com todas. Porque a maioria das meninas dariam tudo pra ficar com um deles.
— Ainda bem que não faço parte dessa maioria. Sou a minoria das que não querem nem falar com eles.
— Duvido. — Sorrimos. — Eles são muito lindos, porém, mauricinhos.
— Eu não me importo com a aparência física. A pessoa pode ser a mais bonita do mundo, mas se não for legal, torna-se pra mim, a mais feia.
— Você tem a personalidade forte.
— Puxei ao meu pai. — Olhei de soslaio para um garoto na mesa ao lado. — Psiu! Quem é esse aí? — Falei quase num sussurro.
— É o Keven, ele não participa de nenhum grupo. O garoto aí é caladão. Fala apenas com o Murilo, da turma dos populares.
— Eu vou lá. — Levantei e fui em direção ao menino.
— Oi. Posso sentar aqui? — Ele me olhou assustado.
— Po... Po... Pode. — Ta nervoso. Que coisa mais fofa!
— Como se chama? — Keven usa óculos, o cabelo castanho dele está quase invadindo a sua visão. Preciso ver os seus olhos, mas ele não ajuda, fica com a cabeça enfiada num livro.
— Keven.
— Keven, o que acha de levantar a cabeça? Quero ver os seus olhos.
Ele levantou vagarosamente. Oh Céus! Os olhos dele são acinzentados.
— Tem belos olhos! — Exclamei.
— Obrigado. O seus também são lindos, tem um verde tão intenso.
— Puxei a papai. — Gargalhei. Vi um pequeno sorriso aparecer em seu rosto, mas o garoto prefere ficar de cabeça baixa.
— Está lendo que livro? — Peguei em seu queixo e ergui a sua cabeça. — Assim é bem melhor.
— Um livro de filosofia.
— Ah, legal. Tenho diversos lá em casa, sobre filosofia.
— Como você se chama? — Até que em fim ele puxou assunto.
— Katherine Morgan.
— O seu pai é dono de uma Holding, certo? — Como ele sabe?
— Como você sabe?
— Gosto de ler revista relacionada à economia. Seu pai é um grande empresário.
— Isso é verdade. Quero seguir os passos dele.
— Por que você veio falar comigo?
— Vi você calado e sozinho, e como sou nova aqui, então é bom fazer amizades. Mas por que a pergunta?
— É que... A maioria das pessoas me ignoram, por eu ser nerd. Você não me entende. Aposto que na sua outra escola, era a popular.
— É, eu era, mas não do jeito que está pensando. Sou diferente desses populares.
— Não acredito. — Não gosto quando duvidam de mim. É irritante!
— O problema é seu, não tenho que fazer ninguém acreditar em mim.
— Kat, vamos. A sua mãe está te chamando.
— Pai,vem cá.
— Oi, filha.
— Esse rapaz aqui, te admira. Keven gosta de revista de economia e está sempre te acompanhando.
— Prazer, Keven. Dificilmente vemos os jovens tão envolvidos nos estudos. Parabéns! E se quiser posso te levar algum dia para passar uma tarde com a gente na empresa. Acredito que você vá ser um grande empresário.
— Ah, claro. É só me chamar.
— Tchau, Keven. — Falei.
Olhei para o lado e vi que a Juliana já tinha saído. Amanhã falo com ela. Entramos no carro e partimos para casa.
— Kat, aquele seu amigo é bem legal. — Papai falou de olho na estrada.
— É sim, só é um pouco tímido, mas resolverei isso.
Entramos no apartamento, fui direto para o meu quarto. Sentei na cadeira da varanda. Eu nunca estive tão ansiosa para ir à escola, como estou agora. Disco o número do Carlos.
-Alô? -Ele tá com voz de sono.
-Oi, Duda. Gostou da escola?
-Bastante. Espera, você me chamou de Duda?
-É, chamei. Qual o problema?
-Nenhum, é que é engraçado.
-Hum. Já fiz amizade.
-É, eu também. Fiquei conversando com a Amanda. Aí chegou um cara alto e forte, dizendo que queria falar com ela. Acho que é o namorado dela.
-A Amanda é a líder do grupo das patricinhas, e suponho que esse cara seja o Clark, o namorado dela. Ele é o popular.
-Já sabe de tudo isso? Dá para ser jornalista. -Rimos.
-Vou desligar. Tchau. -Encerrei a chamada.
Agora vou dormir. Me joguei na cama e rapidamente adormeci.
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MENSAGEM ANÔNIMA - Por amor, do que você seria capaz?
Ficção AdolescentePor assuntos da empresa de seu pai, Katherine Morgan e sua família resolvem passar uma temporada no Brasil. A jovem adaptou-se rapidamente ao novo país. Sua mãe decide matriculá-la no Colégio Mestre Sousa, onde a mesma conhecerá novas pessoas, umas...