-Mamãe querida, eu te amo tanto. -A abracei.
-O que você quer? -Continuou a ler sua revista de moda.
-A senhora pode assinar a minha autorização pra ir a um piquenique da escola? -Olhei pra ela com olhar pidão.
-Claro... -Voltou sua atenção a revista. -Que não.
-Por que não quer me deixar ir? -Deu vontade de chorar.
-Eu estava brincando, querida. É claro que eu assino. Cadê a folha? -A entreguei.
-Mãe, muito obrigada. Eu te amo! -Cocei o pescoço. -Posso te pedir outra coisa?
-Fala logo.
-Eu não tenho carro, então preciso que a senhora vá me deixar na escola.
-Tinha me esquecido. -Se levantou da poltrona, pegou a chave do carro. -Vamos.
Entramos em sua BMW novíssima.
-Faz tempo que não vejo o papai.
-Ele viajou pra Turquia.
-Por quê?
-Negócios da Empresa.
-Hum. Bem, que a gente poderia ter ido com ele.
-Não daria certo, você tem aula. Esqueceu?
-Eu ia faltar só uma semana, não tem nada demais.
-Nem pensar, mocinha. Você levaria muitas faltas.
-Tchau, mãe. -Desci do carro. Andei em direção a Angel e ao Maison.
-E aí, turma da pesada? -Joguei a bolsa sobre o banco.
-Kat, você vai ao piquinique? -Angel indagou.
-Sim. E você?
-Também vou.
-Maison? -Balancei o seu ombro. -O amigão aí, ta distraído.
-An? O que foi?
-Vai ao passeio da turma?
-Uh-hum. -Falou, ainda meio pensativo.
-Vem, vamos pra sala. -Andamos pelos corredores.
-Kat! -Josh gritou, assim que cheguei à porta da classe.
-O que é? -Fui até ele.
-Já pensou na ida ao restaurante? -Passou a mão em meus cabelos.
-Já. E a resposta é não.
-Deixa de se fazer de difícil, estou louco por você.
-Ta louco? Isso só porque ainda não fiquei contigo. Mas quando isso acontecer, coisa que não vai, rapidinho esquecerá que eu existo.
-Outra fora, hein? -Caçoou Mathew.
-Cala a boca, imprestável.
-Fica com raiva não, tem outras garotas pra você magoar. -Sentei em meu lugar.
-Kat, o que esse mauricinho quer? -Clark voltou sua atenção pra mim.
-Ficar comigo.
-Eu nunca vou permitir que isso aconteça. -Cerrou o punho.
-E desde quando você decide por mim? Me explica. -Arqueei as sobrancelhas.
-Desde que... -Foi interrompido pela professora Silvia.
-Abram o livro na página 150, leiam e façam um resumo do que vocês entenderam, em uma folha destacada para me entregarem.
-Pra quê isso? -Era pra ter saído baixo, mas falei alto demais.
Escuto o barulho do salto alto da professora se aproximar de mim. Ai meu Deus! É agora que ela puxa as minhas orelhas.
-O que disse?
-Que eu vou fazer o resumo bem direitinho, porque eu amo estudar. -Não posso ser expulsa da sala, se a minha mãe souber que isso acontece com frequência, ela me mata.
-Foi o que pensei. -Passou de fila em fila, olhando os cadernos dos alunos. Ela se posicionou a frente da classe.
-Já que Katherine Morgan. -Ouvi meu nome? -Ama estudar, peço a mesma que quando terminar o seu resumo, leia-o em voz alta, pra que possamos ouvir o seu trabalho.
-Senhora Silvia, não vai dar. Eu sou tímida, e na hora vou gaguejar.
-Não se preocupe quanto a isso, temos muito tempo pra ouvi-la. -Oh mulherzinha insistente, essa!
-Ta bem, eu leio. -Voltei a escrever.
Palavra vem, palavra vai. E finalmente termino esse resumo, levanto-me e vou à frente da turma.
-Posso começar?
-Não será necessário, já vai tocar. -Escreveu umas coisas na sua agenda. -Por favor, me entreguem as suas folhas do resumo.
Eu não acredito nisso, ela me fez escrever as pressas pra ler esse resumo, e no fim diz que "não será necessário". Entrego a folha a ela, e saio para o recreio.***
-Clark, e a Juliana, como ela está? -Dei uma mordida na fatia de bolo.
-Com saudades de você.
-Também sinto falta dela.
-Nem vem com essa conversinha, porque você mal liga pra ela, e ainda viajou sem dizer nada a ninguém.
-Eu tenho os meus motivos.
-Sei.
-Oi, Clark. -Ellen falou.
-Oi. -Sorriu.
-Posso sentar aqui?
-Não tá vendo que está ocupado? -Coloquei os meus pés sobre a cadeira.
-Para de ser egoísta, garota. -Empurrou as minhas pernas.
-Olha quem fala. -Revirei os olhos.
-Sem brigas, por favor. -Pediu Clark.
-Vai ter uma festinha hoje na minha casa, você quer ir? -Enrolou uma mexa de seu cabelo.
-Não vai dar, tenho que ajeitar as coisas para o piquinique de amanhã.
-Ajeita depois. Vem, por favor. -Fez biquinho.
-Ellen, não insiste. Quando alguém diz não, é porque é não. Entende o sistema? -Cruzei os braços.
-Eu não te perguntei nada. -Olhou para o meu Clark. "Meu" de novo?! -O que me diz, gatinho? Vem ou não?
-Ta bem, eu vou.
-Yes! -O abraçou e saiu dando pulinhos de alegria.
-Vai com ela?
-É.
-Então, vou ao restaurante com Josh. -Provoquei.
-Não faça isso, Kat. Ele não presta.
-Nem a Ellen.
-Chega de dramas.
-Josh! -Gritei ao vê-lo.
-Oi, Kat.
-Ainda tá de pé o convite pra o restautante?
-Quando quiser.
-Hoje à noite.
-Ta, eu te pego às 19h00.
-Ok. -Depositou um beijo em minha bochecha.
-Kat, você não vai a esse encontro.
-Clark, você não vai a essa festa.
-Você é teimosa, hein?!
-Bastante. -Respondi, indo pra sala de aula.
Juntei-me a turminha dos populares dentro da classe, e deixei Clark sozinho. Estava só, até a menina mimada ir falar com ele.
Aproximei-me deles, e tossi.
-Clark, você tem um lápis pra me emprestar? -Empurrei Ellen devagar.
-Kat, dá pra nos deixar em paz? -Disse ela irritada.
-Não, moça.
Clark me entregou a caneta, tirei a tampa e fiz um risco enorme no rosto da patricinha.
-Ops! Me desculpa. Essa minha mão boba exagerou um pouco. -Balancei a cabeça em reprovação.
-Argh! -Voltou para o seu lugar.
-Kat, você fica tão bonita quando está com ciúmes de mim. -Apertou a minha bochecha.
-Quem disse que eu estou com ciúmes? -Falei envergonhada.
-Dá pra notar. -Beijou os meus cabelos.
-Me deixa. -Sentei em meu assento.
Tive mais três aulas e depois fui pra casa com a minha mãe. Quando cheguei, tomei um banho, me arrumei. Aliás, tenho que encontrar com o Josh, que daqui a pouco estará aqui em casa.
-Filha, Josh acabou de ligar dizendo que não poderá ir com você. -Mamãe abriu a porta do quarto.
-Ok. Eu não tava com vontade de sair mesmo.
Vesti meu pijama, liguei a tevê, e me deitei na cama. Não prestei atenção em nada que estava passando. Eu estou com tanto sono, que dormi com a televisão ligada e no volume máximo.
VOCÊ ESTÁ LENDO
MENSAGEM ANÔNIMA - Por amor, do que você seria capaz?
Teen FictionPor assuntos da empresa de seu pai, Katherine Morgan e sua família resolvem passar uma temporada no Brasil. A jovem adaptou-se rapidamente ao novo país. Sua mãe decide matriculá-la no Colégio Mestre Sousa, onde a mesma conhecerá novas pessoas, umas...