~ Capítulo 18 ~

77 7 0
                                    

   -Para de tocar despertador! -Falei com voz de sono.
   Levantei-me ainda sonolenta, fui ao banheiro, fiz minha higiene matinal. Vesti a farda da escola, penteei os meus cabelos, peguei a mochila e desci até a cozinha.
   -Bom dia, mãe. -Me sentei à mesa.
   -Bom dia, querida. Coma rápido pra não se atrasar.
   -Ok. -Como o meu cereal apressadamente. -Pronto.
   -Vamos. -Mamãe pegou a chave do carro, e partimos rumo a High School.
   -A senhora já voltou a falar com o papai? -Olhei pela janela.
   -Sim.
   -Fico feliz. Porque eu já não aguentava mais aquele  clima tenso lá de casa.
   -O seu pai e eu nos amamos. E não seria uma mulher que iria acabar com o nosso casamento.
   -Chegamos. -Falei abrindo a porta do carro. -Tchau mãe. -Fechei a porta.
  -Cuide-se.
   E pela segunda vez nesse ano, eu sou a novata. Os olhares curiosos me cercam. Sentei-me em um banco que fica sob a sombra  maravilhosa de uma árvore.
   Duas mãos tapam os meus olhos.
   -Quem é?
   -Advinha. 
   Pensei...
   -Duda?
   -Acertou. -Sentou-se ao meu lado. -Garota, você chama a atenção. Todos já estão falando da novata do 2° Ano. Ouvi comentários dos meus colegas. "Nossa, a novata é muito linda". Se você quiser, posso te apresentar os meus colegas, que agora são os seus.
   -Claro.
   Duda segurou em minha mão e me levou até um grupinho de garotos, que por sinal são lindos.
   -E aí, galera? -Fez um toque de mão com os meninos. -Essa é a novata que vai entrar na nossa sala.
  -Prazer em conhecê-la. -Um rapaz loiro, de olhos castanhos, falou.
  -O prazer é todo meu.
  -Bem que você disse, Carlos. Ela é linda. -Um rapaz moreno falou.
   Então, quer dizer que o Duda estava me anunciando?
   -Muito obrigada.
   -Vamos pra sala, a aula já vai começar. -Duda me levou até a classe.
   Quando entrei na sala, os alunos me olharam. Estou com muita vergonha. Sentei numa cadeira lá no fundão, novamente.
   Uma garota loira, alta, olhos claros, veio falar comigo.
  -Oi, eu sou Angel. -Estendeu a mão e eu a apertei.
  -Sou Katherine.
  -Veio de que escola?
  -Estudei um mês no Colégio Mestre Sousa, no Brasil.
   -Legal. -Sentou-se na cadeira à frente.
   -Tem quantos anos?
   -16. E você?
   -17.
   -Vou lhe falar um pouco sobre essa Instituição.
   -Ta.
   -Como toda escola, aqui existe o grupo dos populares e dos nerds. Josh é o líder dos populares e é o capitão do time de basquete, ele é aquele sentado na cadeira ao lado. -Olhei para ele. O cara é realmente bonito. -Na frente do Josh, está o Mathew. O do lado esquerdo é o Tony. -Lembrei-me do Clark, Harry e Murilo. -A menina que está segurando a mão do Tony, é a namorada dele, Gina.
   -Eles são legais?
   -O que acha de um popular?
   -Geralmente são exibidos. -Respondi olhando para o lado em que Josh estava.
   -É isso que eles são. Sempre maltratam os nerds da escola.
  -Você faz parte de qual?
  -Estou mais para o grupo dos músicos.
  -Ah que legal.
  -Você se encaixa perfeitamente no grupinho dos populares.
  -Por quê?
  -Sei lá. Você tem cara de popular.
  -Eu tinha fama de ser a Rebelde na minha antiga escola.
  -Nossa.
  -Fui suspensa por três dias, os professores me colocavam várias vezes pra fora da sala. Mas teve alguns momentos que jogaram a culpa pra cima de mim, e eu que me prejudiquei.
   -Pretende continuar com essa fama?
   -Não sei. O Josh me lembra um garoto que eu brigava todos os dias. Ele também é o popular em sua escola.
   -Gostava desse garoto?
   -Sim.
   -E por que brigavam?
   -Acho que era por diversão.
   -Lá vem a professora de Ética e Filosofia. Ela se chama Diana. -Sentou em seu lugar.
   -Bom dia, amados alunos. -Ela me olhou fixamente. -Temos uma aluna nova, é isso? -Todos me olharam. -Venha aqui na frente, querida.
   Andei até a professora, minhas pernas estão bambas.
   -Como se chama?
   -Katherine Morgan.
   -Veio de que escola?
   -Estudei um mês no Colégio Mestre Sousa, no Brasil.
   -Seu pai é o empresário riquíssimo Homero Morgan, certo?
   -Sim.
   -Tem quantos anos?
   -16.
   -Sou a professora de Ética e Filosofia, e me chamo Diana Gomez. Pode se sentar.
   O olhar de Josh me acompanhou até a minha cadeira. A professora passou uma atividade na lousa. Sinto uma bola de papel bater em meu braço. Olho para o chão e a pego, desembrulho e leio o que está escrito.
   "Oi, novata. Chamo-me Josh, tenho 16 anos. Sabe, eu te achei bem bonita e parece ser uma pessoa legal. Queria saber mais coisas sobre você. Lembre-se, qualquer garota daria tudo pra receber uma simples mensagem dessa."
    Quem esse garoto pensa que é? Um galã de filme de cinema? Parece o Clark com esse jeito convencido.
   Passo por Josh, ando até a cesta de lixo e jogo a bolinha de papel. Ele me olha confuso. Mauricinho! Voltei para o meu lugar.
   O sinal toca, hora do recreio. Quando vou saindo para a cantina, Josh me chama.
   -Novata, você é linda. -Piscou o olho.
   -Obrigada. -Entrei na fila pra pegar o lanche. Um garoto de cabelo em pé, alto, forte, me dá a sua bandeja com a comida e espera mais um pouco pra receber outra.
   -Sou Katherine. -Falei o seguindo até uma mesa próxima.
    -Maison. Belos olhos. -Sorriu. Gostei dele, tem atitude.
    -Ah, obrigada. Estuda em  que sala?
    -Na sua. Sento na cadeira perto da parede.
   -Desculpe-me. É que como estou um pouco nervosa, não observo o ambiente direito.
   -Ta tudo bem. -Deu uma mordida em seu sanduíche. -Vi quando Josh jogou a bolinha de papel em você.
   -Ele não passa de um mauricinho convencido.
   -Ah se todas as garotas pensassem como você, mas elas o preferem.
   -Faz parte de que grupo?
   -Nenhum. Josh não vai sossegar enquanto não ficar com você. Porque ele tem que manter a fama de O Irresistível.
   -Ele pode ir tirando os planinhos sujos da cabeça. Porque eu, Katherine Morgan, não me dou bem com gente como ele. -Deixarei essa escola de cabeça para baixo. Tá na hora de ser a Kat Rebelde.
   -Nossa, que personalidade forte. Te admiro. Posso chamá-la de Kat?
   -Claro. Vamos voltar pra sala. O bendito sinal já tocou. -Levantamo-nos e fomos pra classe. Bato na porta, e uma professora  que não é nada simpática, abre.
   -Podemos entrar? -Kat sempre atrasada. Lembrei-me da professora Lorrane.
  -Entrem, mas só porque a moça é nova e não conhece os horários.
    Sentamos em nossos lugares, mas as pessoas não param de olhar pra mim. Estou ficando de saco cheio, parece que nunca viram uma menina.
    -Abram o livro de Geografia na página 100. -A professora começou a andar de um lado para o outro lendo o livro.
   -Katherine, será que você pode me ajudar aqui? -Gina falou baixinho. Andei até a sua cadeira e me agachei.
   -O que foi?
   -O Josh ta afim de você, ele quer te encontrar no final da última aula no pátio central.
    -E por que Josh não veio falar pessoalmente?
    -Ah, não sei.
    -Diga ao mauricinho, que se ele for homem, tome coragem e ele mesmo venha falar comigo. Certo?
   -Senhorita, o que faz fora do seu lugar?
   -Nada demais.
   -É claro que é. Conte-nos. -A professora Silvia tirou os óculos de grau.
   -Já falei que não é nada importante.
   -Ou vai me dizer o que estavam falando ou saia da sala.
   -Então... -Coloquei o dedo indicador no meu queixo. -Eu escolho sair. -Ela me olhou abismada pela minha resposta.
    -Garota rebelde. -Balançou a cabeça em sinal de reprovação.
   Quando eu passei pela porta, ouvi o Maison falando com a professora.
   -Senhora Silvia, eu também quero sair.
   -O que deu nesses garotos de hoje em dia? Saia, mas lembre-se que isso lhe custará um ponto a menos na nota. -O advertiu.
   -Ok. -Ele tocou em meu ombro. -Vamos aproveitar o tempo livre.
   -Só se for agora. -Sorri.
   Corremos pelo jardim da escola, e sentamo-nos embaixo de uma árvore gigantesca.
   -Kat, você é muito corajosa.
   -Digo o mesmo do garotão aí. -Bati em seu braço. -Acredita que o Josh mandou um recado pela Gina pra mim? Cadê os homens de atitude? Acho que entraram em extinção.
   -Ele sempre faz isso quando quer ficar com alguma menina.
   -Mas dessa vez, ele vai falhar. Porque não tenho interesse por uma criança como Josh.
   -Primeira vez que conheço alguém com tanta confiança. -Sorriu.
   -Não exagera.
   -É sério. Olha quem vem aí. -Voltou sua atenção para Josh que vem em nossa direção.
   -Era só o que me faltava! -Coloquei a mão na testa.
    -Tem um minuto, Kat? -Já se sente no direito de me apelidar.
    -Uh-hum.
   -Maison, será que pode nos deixar a sós?
    -Agora o senhor popular sabe o meu nome. -Falou isto e saiu.
    -O que quer mauricinho?
    -Kat, quer ficar comigo?
    Não aguentei e comecei a rir bem alto.
    -Fiz algo errado? -Disse sem entender a situação.
    -Por que acha que eu ficaria com você? -O encarei com um sorriso nos lábios.
   -Porque sou popular e todas as garotas não resistem a minha beleza.
    Cheguei mais perto dele.
    -Eu sou a minoria que não quer nada com você. -Me levantei, mas quando comecei a andar, ele puxa o meu braço.
   -Kat, você vai implorar por um beijo meu. Me aguarde.
   -Idiota! -Saí em disparada para o vestuário, é aula de Educação Física. Vesti a roupa apropriada e fui para o ginásio.
   -Tenho uma sorte para mauricinhos. -Falei, enquanto eu entrava no local.
   -Hoje jogaremos vôlei. Meninos contra meninas. -O professor Luigi nos posicionou.
   Ele sopra o apito.
Até que eu jogo bem.Pensei.
   Quando saquei a bola, ela foi direto na cabeça do Josh. Que ficou irritado.
   -Novata, presta mais atenção. -Passou a mão onde ocorreu à pancada.
   -Ah doeu? Não tenho culpa, a bola te ama. -Todos riram, menos o enjoado.
   -Voltemos ao jogo. -O professor apitou.
    O tempo todo o popular de meia tigela tentou me acertar com a bola. E eu continuei a fazer caretas pra ele. Ellen, uma das populares, tentou implicar comigo porque eu estava chateando a sua paixonite, ou sei lá o que Josh tem com ela.
   -Professor. -Ellen falou com voz manhosa. -Katherine está acabando com o jogo.
   -Cale a boca, garotinha mimada. -Cruzei os braços e a encarei.
   -Por favor, vamos nos divertir em paz. Ok? -Luigi colocou a mão no bolso.
   -Certo, capitão. -Brinquei.
   -Essa novata é uma chata mesmo. -Resmungou ela.
   -Não pedi a sua opinião.
   -Eu falo quando eu quiser. -Mostrou a língua.
   -Claro, é uma fofoqueira. Não sabe fechar essa boca.
   -Meninas, não briguem por mim. -Mathew entrou na discussão.
   -Se quer saber. -Me aproximei dele. -Nem sei quem é você.
   -Menina, você acaba com o ego de qualquer homem. -Voltou para o seu lugar.
   -O único homem de verdade que eu estou vendo. -Fiz uma pausa. -É o professor Luigi, o resto são crianças. -Falei isso e os meninos começaram a falar todos ao mesmo tempo.
    -Silêncio! -Luigi gritou.
    -Eu falei professor, que essa menina não presta. -A popular voltou a implicar.
    -Quem não presta é você. -Eu estou a ponto de agarrar essa chata pela gola da blusa e de dar umas tapas nesse rosto idiota.
   -Já chega! -Alertou o professor.
   -Desculpe, Luigi. Mas é essa patricinha sem graça que começa a discussão. -Olhei para ela.
  -Assunto encerrado. E a aula também. -Falou desapontado.
   Segui juntamente com Angel para o vestuário, tomamos um banho e vestimos a farda.
   -Kat, como você faz pra responder os exibidos? -Que tipo de pergunta é essa, Angel?!
   -Só falo o que penso. Em certos momentos, isso se torna um defeito.
   Entramos na classe, e o grupo dos populares está reunido no fundo da sala.
   -Olha só quem chegou. -Josh veio ao meu encontro, e segurou o meu queixo.
  -Tira essas patas de cima de mim. -Dei uma tapa em seu braço.
  -Nossa, como ela é brava. -Zombou.
   -Há-há. -Andei até o grupinho. -O Josh é louco por mim, mas eu não dou atenção a ele. Por isso o mauricinho implica tanto comigo. -Falei baixinho para os amigos dele, que começaram a rir.
   -O que foi? -Juntou-se a nós.
   -Levou um fora, hein? -Tony falou.
   -De onde tirou isso?
   -A Kat falou. -Ele me olhou com raiva e eu sorri, enrolando uma mexa do meu cabelo.
   -Isso é pra você aprender a não mexer comigo, popular de meia tigela. -Sentei em minha cadeira.
   -Todos em seus lugares. -O professor de História Richard Alle, entrou na sala. -Passarei um trabalho em dupla, sortearei os pares.
   Não gosto nada disso. Porque sempre que é na base do sorteio, eu acabo indo com pessoas que não me suportam. O professor formou as duplas através do diário de chamada.
    -Adrien e Anna.
    Continuou...
    -Josh e Katherine.
    -Professor, será que posso mudar de dupla? -Fiquei de pé.
    -Claro... -Fez uma pausa. -Que não.
    -Engraçadinho.
    -Como é? -Me encarou.
    -Eu disse que amo o meu parceiro de trabalho. -Nunca!
    -Que bom que está satisfeita. -Sorriu ironicamente.
    Na hora da saída, Josh me para no portão e me prensa contra ele.
    -Lá em casa, amanhã às 16h00 da tarde.
    -Ta. -Tirou os seus braços fortes que me prendiam.
    Minha mãe me esperava com um sorriso no rosto. Já imagino o que vai me perguntar.
    Quem é aquele garoto? Quem são os seus pais?
   

MENSAGEM ANÔNIMA - Por amor, do que você seria capaz?Onde histórias criam vida. Descubra agora