O tempero duvidoso

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N/A: Olha eu aqui de novo! Eu me diverti horrores com os comentários de vocês e tenho que concordar, a Jane tá se mostrando insuportável, mas fiquem calmos. Aos pouquinhos cada um vai se mostrando de verdade, não somente ela... Tô meio com medo de que a história fique muito confusa para vocês, mas vamos seguindo em frente! Espero que gostem :)

* * *


Enquanto Ten comia sua panqueca, eu observava o relógio na calçada. Os minutos foram passando e eu ainda conseguia ouvir a comida sendo mastigada em um volume exageradamente alto.

— Você tá comendo alto de propósito? — perguntei, olhando para ele. Ten ergueu as sobrancelhas e deu de ombros. — Ten...

— Eu não sei o que falar para você — ele explicou, as migalhas escapando ridiculamente por entre seus lábios. Lancei um sorriso para ele, mas meu amigo tailandês estava prestes a chorar. — Sou idiota, um babaca ridículo, ah cara, o que eu pensei? Eu nem falei com o Johnny direito e eu tô apaixonado por aquele americano ridículo que só sabe fazer brincadeira com a minha falta de habito de lavar as mãos...

Ele continuou o seu discurso, mas suas palavras foram se misturando e o inglês logo foi substituído pela língua materna de Ten. Ele cuspia, chorava e grunhia ao mesmo tempo.

Eu não sabia que admitir um sentimento para si mesmo poderia ser tão confuso e... Estranho. Uma vez Kun tinha me dito que quando alguém está apaixonado o rosto se ilumina, os olhos brilham e sorrisos são inevitáveis. Mas Ten não estava assim, muito pelo contrário. O rosto dele tava vermelho, seu corpo estava tremendo e uma quantidade ridiculamente grande de saliva estava escorrendo pelo seu queixo.

— Ten. Pare, por favor, um... Momento. — eu pedi, tentando segurar seus braços porque ele estava querendo deitar no chão para chorar. — Respira fundo. Isso é... Foi rápido. Pode não ser nada.

Ten limpou o queixo com as costas da mão e riu tristemente para mim. Era uma risada, mas que saiu estranha porque havia lamuria e fungadas estridentes ao mesmo tempo.

— Sou assim, Winwin. Eu não consigo evitar não me apaixonar. O que eu posso fazer? Foi rápido demais? É foi, mas eu não posso controlar os meus batimentos cardíacos toda vez que ele está por perto, é tão rápido que dói.

— Você precisa dizer para o Johnny — coloquei o braço em volta dele. Ele arregalou os olhos. — Não sobre gostar e seus sentimentos, se você não quer! Mas tem que dizer que não é essa garota, não pode enganar. Tem que ser honesto.

— Esquecer isso tudo? Esquecer que gosto dele? — ele perguntou, pegando o celular na mão. Ten olhou concentrado para a tela do aparelho.

— Não — o tailandês se afastou de mim e me encarou com a testa franzida. — Johnny precisa gostar do Ten de verdade.

Ten fungou e sorriu para mim, seu rosto parecendo vulnerável por causa do nariz vermelho e os olhos rasos d'agua. Ele pegou o celular e começou a digitar freneticamente, apagando e reescrevendo diversas vezes.

Enquanto ele decidia o que enviar, eu inconscientemente puxei o colar da minha família de baixo da blusa e segurei o pingente. O que eu estava tentando fazer? Dar uma lição de moral sobre mentiras e verdades? Nenhum deles conhecia o verdadeiro eu, nem mesmo Ten.

Eles conheciam Winwin, o menino chinês fofo que era um excelente aluno. Mas e Dong Sicheng, o filho do Imperador Chines que não sabia viver sua própria vida? Esse rapaz, que não sabia de nada sobre o mundo, que nunca tomou suas próprias escolhas, ele podia ajudar alguém a ser feliz e a ver a verdade?

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