8. Best friends forever

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  Acordei no outro dia animada pra escola. Me arrumei e até me olhei no espelho. Minha mãe tinha saído – ultimamente ela sai muito nesse horário - então relaxei um pouco. Demorei um bom tempo tomando meu café da manhã, um bom tempo sentada no sofá olhando pro nada e um bom tempo escovando os cabelos.
Disse pro Samuel que ia sozinha hoje, ele não entendeu o porquê nem eu, mas eu queria ir sozinha. Saí de casa e fui aproveitar o ar da manhã. Eu amava acordar cedo só pra sentir o vento fresco das seis antigamente. Hoje em dia eu não ligava mais pra nada, nem notava as coisas simples que eu gostava de fazer. Tudo se tornou tão... sem valor. Mas hoje em especial eu queria aproveitar essas coisas simples que eu havia esquecido como gostava. Tipo o ar da manhã. Cheguei no colégio cedo demais, mesmo fazendo hora em casa.
Olhei em todos os lugares e não vi o Samuel... ou outra pessoa que eu não estava procurando, ok? Resolvi sentar nos banquinhos e nem notei quem estava do meu lado.
Best friends forever... eu mereço. Só notei quando ouvi elas cochichando sobre mim de novo. Mas dessa vez não era por pena... elas me odiavam agora.
- Ela realmente acha que é especial por ter perdido um namorado bobo. Olha, eu perdi meu bisavô há dois anos e nem por isso fiquei desse jeito. Ridícula! – Soltou Nathália, em um tom bem alto, acho que queria que eu ouvisse.
- Ela é uma pobre coitada, perdeu amigos e eu nem sei porque o Samuel ainda fala com ela, acho que por pena ou algo parecido. Ninguém mais gosta dessa coisa, ela é um nada. – Disse Safira, com um sorrisinho no rosto.
Estava contando números mentalmente pra me acalmar. Mas acho que parei perto do quatro ou algo assim, de repente minha visão ficou vermelha e eu não sabia mais o que estava fazendo. Só sentia uma raiva muito grande e quando vi estava com um tufo de cabelo da Safira na minha mão. Acho que peguei a cara da Nathália e bati contra a parede... eu acho, não lembro muito. Só sei que senti mãos me segurando e um monte de gente entre mim e elas duas.
Não sei quem me segurou, mas sei que essa me afastava daquele local. Estava atordoada demais pra olhar quem era, só queria ver sangue na minha frente. Saí de lá e olhei bem fundo na cara daquelas duas, dei um sorriso irônico e mesmo descabelada e com alguns arranhões, saí triunfante.
Depois de sair do pátio essa pessoa – um homem? – me levou pra sala dos professores, que estava vazia. Agora talvez eu sentia algumas dores e via que eu estava bem arranhada. Mas desconsiderei, valeu a pena, olhava pro tufo de cabelo que estava em minha mão cantando vitória.
- Você ta bem? – Veio uma voz distante e fria, com raiva?  

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