Capitulo 13

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Os três correram pelo meio das árvores por um bom tempo. As passadas eram longas e a paisagem mudava pouco a pouco. As folhas eram mais amareladas e queimadas, que caiam lentamente como num constante outono, até que andando pelo meio delas, as árvores acabam e um visão ampla de uma paisagem deslumbrante, onde haviam uma ponte enorme de pedra que levava a algum lugar no outro lado, que não dava para ser visto pois a única coisa que viam era uma fissura no meio de uma rocha gigante que tomava praticamente todo o local do outro lado dá ponte de pedra.

-Esperem... -D que estava na frente deu uma parada brusca barrando os dois que vinham atrás.
-O que foi? -Alek pergunta ofegante.
-Não acho que é uma boa ideia trazer estrangeiros para cá. -D se vira lentamente e responde sério.
-Mas...então por que nos trouxe aqui? -Hily pergunta sem entender meio triste.
-Eu agi por impulso. Não podia ter deixado vocês morrerem naquelas pedras. Mas agora eu estou pensando outra vez. E acho que não seja uma boa ideia trazê-los para cá. -D responde então inclina um pouco seu rosto olhando para Alek. -Especialmente ele... -Ele responde sério.
-O que quer dizer com isso? -Alek torna um olhar sério e fica à frente de Hily.
-Eu sei que você é inteligente e sabe o que eu sou. Logo pra onde estou te levando há outros de mim. Você é um lobo. Me diz um motivo pra eu te levar até lá. -D responde seriamente sem se deixar ser intimidado.
-Porque de perto de mim, a Hily não sai. -Ele mantém seu olhar sério.

Hily entra na frente deles:

-Hey! -Ela olha para os dois então se vira para D. -D, você foi bondoso em ter nos ajudado. Mas Alek e eu ficaremos juntos. Por favor...eu te prometo que ele não é como os outros lobos. Ele não ataca os cervos. -Ela tenta convence-lo com seu jeito doce.
-É...eu tô vendo. -Ele segura o braço dela e chama a atenção para o ferimento que Alek havia feito no braço de Hily.
-Grrr... -Alek começa a ficar irritado. -Isso foi um acidente!
-D...por favor, eu não vou embora sem ele... -Hily suplica. -O papai com certeza conseguiu escapar. Ele é forte. Mas agora precisamos dá sua ajuda. E eu sou sua amiga...não sou?

D olha para Hily e pensa um pouco, olha para os lados e dá um suspiro:

-Sim você é... -Ele olha para Alek. -Mas ele não. Pelo menos ainda não.
-Quer saber, eu não gosto nem um pouco de você! E faço isso pela Hily, se não eu iria embora daqui! Mas saiba que eu jamais machucaria ela. -Impôs Alek.
-Venham... -D segue caminho rumo a ponte. -E Alek...os cervos daqui são bem diferentes daqueles que você está acostumado a ver...tenha cuidado. -Ele comenta visando apenas o caminho da ponte.

Alek solta um riso debochado e segue em frente.
Assim caminham até o outro lado da ponte e passam pela fissura. A fissura era bem grande, e apenas dava-se para ver um pequeno feixe de luz que vinha no final dela. Até que, ao passar pelo caminho, a luz resplandece sobre seus olhos e então eles podem enxergar uma espécie de cidade que habitava ali no meio daquela rocha imensa. Um veio de água caia no meio do local formando um rio que escorria até a fissura e se desviava caindo ao longo chão abaixo dá ponte de pedra. As casas, todas, pareciam esculpidas de rochas, raízes, plantas e árvores que resplandeciam o lugar de uma forma incrível, pois vinham do imenso chão abaixo deles e as raízes enraizavam as paredes formando uma gigante videira de folhas e plantas.

-Uaaau... -Hily olhava para os lugares acima de sua cabeça encantada.

Alek ainda permanecia um pouco indignado, porém a paisagem e o lugar o impressionou de verdade, ele andou lentamente observando à sua volta, e quando se voltou para a realidade, percebeu alguns olhares não muito satisfeitos com sua presença, ele podia ouvir os comentários "Quem são eles?", "O que será que são?". Até que de repente um homem já de idade, veio até D.

-Onde você se meteu D? Por que trouxe pessoas para cá? Sabe que não é permitido! -Ele diz seriamente.
-Desculpe Sr. Fur, e-eu precisava ajudá-los.
-Venham logo antes que alguém fale mais coisas. -Ele caminha com sua bengala até uma casa perto dali.
-Que tipo de lugar é esse? -Alek pergunta ao senhor.
-Um lugar que deveria ser escondido de ameaças. -Ele responde. -Nunca enfrentamos nenhum conflito por aqui. E não esperamos enfrentar agora.
-Parece...uma alcateia, mas com cervos ao invés de lobos. -Alek se distrai e volta a olhar o local.
-Não somos uma alcatéia! Somos uma família. E vocês não deveriam estar aqui! -Ele responde seriamente.
-Sr. Fur eu... -D tenta se explicar.
-Silêncio Dale! Você pode ter comprometido a paz dá nossa família! Eles são responsabilidade sua. O que os outros pensarão?

D abaixa sua cabeça, meio sem graça, então Sr. Fur respira fundo e olha para Hily e Alek:

-Se ficarem aqui terão que agir como nós.
-Tá bem... -Hily responde envergonhada.

Alek coça o pescoço um pouco receoso e preocupado, e Sr. Fur parece perceber sua reação.

-Entendeu? Filhote de lobo? -Ele olha seriamente para Alek.
-A-Ah...sim, entendi...
-Leve-os para o quarto que eles passarão esta noite. -Sr. Fur olha para D um pouco mais calmo.
-Sim. -Ele acena com a cabeça e faz um gesto para os dois o seguirem.

Assim Alek e Hily o acompanham.

-Aqui está. -D deixa os dois em um quarto confortável onde há duas camas para os dois. -É aqui que vocês vão dormir. -D fala meio sem graça pelo que ocorreu.
-Obrigado. -Alek responde secamente.

D se vira para ir embora, porém é interrompido pela fala de Hily:

-D... -Hily fala meio que baixo.
-Sim? -Ele se vira para a tal.
-Desculpa a gente ter causado isso. -Ela fala meio sem graça.
-Não, a culpa é minha, não se preocupem. -Ele franze os lábios.
-Ahn...outra coisa...o...seu nome é Dale? -Ela pergunta dá mesma forma um pouco curiosa.
-É, é sim. Mas...ninguém me chama assim. A não ser que esteja zangado. -Ele suspira.
-Eu gosto de Dale. -Ela sorri.
-Obrigado. -Ele sorri de volta coçando a cabeça. -Tenham uma boa noite.

Assim ele vai embora.

-Você está doidinha nele... -Alek diz deitado em uma das camas com as mãos atras da cabeça.

Hily mexe no seu vestido pensativa e nem presta atenção na provocação de Alek.

-Hily? Você está me escutando?
-O que ? -Ela se vira para Alek confusa. -Ah, desculpa. Eu tava pensando no pessoal...no papai. A essa hora nós estaríamos com eles. -Ela olha de novo para o seu vestido pensando.
-É... -Alek suspira. -Acha que eles estão bem?
-Eu não sei... -Ela expressa meio triste.

Alek se levanta e vai até sua irmã.

-Vai dar tudo certo, tá bem? -Ele olha pra ela confiante.
-Tá. -Ela o abraça lentamente.

Ele retribui o abraço. Depois de um tempo Alek se afasta e olha de meio rosto para Hily saindo pela porta.

-Eu vou dar uma volta, está bem?
-Não Alek, você tá doido? -Ela fala preocupada. -Se as pessoas souberem que você é um lobo, você vai se dar mal.
-Relaxa, vai ficar tudo bem.
-Não vai não. -Hily embirra a cara e cruza os braços. -Se você for, eu também vou. -Ela se levanta e fica atrás dele.
-Argh... -Alek revira os olhos. -Tá bem então...
-Para de ser idiota e pensa, Alek. Se eu for com você, assim nosso cheiros vão se misturar, e não vai dar pra perceber que você não é cervo.
-Tá, não precisa fazer drama...vamos logo. -Assim ele vai para fora.

Alguns cidadãos ainda estavam do lado de fora, pequenas famílias faziam fogueiras em frente à suas casas e se reuniam. Alek e Hily caminharam não muito longe de onde haviam se estalado. Hily começa à observar as pessoas e falava com Alek, mas ele não prestava muita atenção, apenas andava olhando em volta, de repente ele para de andar e vê algo que lhe chama atenção, uma das casas estava em condições bem ruins, parecia ser um pequeno depósito ou algo do tipo, onde duas crianças em torno de 6 anos brincavam próximo demais, uma delas corre e acaba esbarrando em um dos apoios do depósito, assim ele ameaça a desabar em cima de uma delas. Alek por impulso se transforma em lobo e corre rapidamente, assim ele pega a criança pela boca evitando que ela se machucasse.
Ele a deixa em um lugar seguro e então volta a sua forma humana, e neste exato momento a mãe das crianças aparece preocupada e as pega no colo, ela se virou para agradecer a Alek mas percebeu o que ele era, então deu dois passos para trás um pouco receosa, e nisso outras pessoas se aproximaram e olhavam para Alek.

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