Capítulo 6 - Aprendendo a Ceder

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  Hoje começaremos nossa luta contra a dificuldade de ceder.

  Os seus desafios de hoje são: se tiverem precisando da sua ideia ou da ideia de outra pessoa para algo, você não deve implicar se a sua não for a escolhida. O outro é que se uma pessoa quiser a mesma coisa que você, você deve dar essa coisa para ela, ou pelo menos um pedaço, caso seja comida.

                                                                                                    O Observador

  "Querido, minhas ideias que devem prevalecer, ok?" Pensei.

  As minhas ideias era as melhores de todas. Sempre que eu falava a minha ideia de TÃO boa que ela era, TODOS aceitavam. No bem da verdade, eu não tinha ideias boas, eu tinha ideias PERFEITAS. E outra, se eu tivesse pego a coisa primeiro, era ÓBVIO que eu tinha o direito de ficar com ela. Meus amigos sempre me davam um pedaço, ou às vezes, tudo, mas eles só faziam isso por serem bobos demais. Ninguém inteligente faz isso, não era a toa que Mônica quase pegou recuperação ano passado.

  Fazer o quê? Vamos seguir as orientações do novo psicólogo da escola, o Sr. Idiota. Mas, só vou ceder durante o dia de hoje, afinal, eu mereço tudo, tudo e TUDO. 

  Mais um horário e agora F-I-N-A-L-M-E-N-T-E o merecido recreio de quarenta minutos, sim são quarenta minutos, mas infelizmente era só hoje, por causa de uma reunião dos professores, ou coisa do tipo.

  - Bru, me ajuda com uma coisa aqui, por favor? Preciso de recortar isto a tempo. - Falou Davi enquanto apontava para uma folha com várias imagens.

  - No final do recreio eu te ajudo. - Disse. Eu tinha quarenta minutos e não ia desperdiçar com coisa a toa.

  - Eu preciso muito, é o nosso trabalho de português.

  - COMO ASSIM VOCÊ NÃO FEZ O TRABALHO?!

  - Desculpa, Bru, não tive tempo.

  - Ok, às vezes acontece.

  - Eu queria cortar com um pouco da parte branca aparecendo.

  - Assim não! Desse jeito fica feio, tem que ser sem nada branco.

  - Por que tem que ser do seu jeito?

  - Porque o meu jeito SEMPRE é o melhor.

  - Você não quer nem tentar fazer do meu?

  Lembrei-me do que O Observador tinha dito.

  - Ok, pode ser, mas só ESTE trabalho.

  - Então tá, aqui uma tesoura.

  Cortamos as imagens do jeito que Davi preferiu, e, honestamente, não ficou tão ruim, ficou melhor do que se tivesse sido do meu jeito.

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  Fui para a cantina correndo e vi que só tinha um pão de mel para ser vendido, todos os outros tinham acabado. Fui para o balcão e comprei aquele delicioso pão de mel.

  - Anem. - Falou Mônica. - Todos os pães de mal acabaram. Queria tanto um.

  Minha primeira ação foi tentar esconder o doce, mas Mônica viu que eu tinha um pediu um pedaço. Eu ia falar "não", porém lembrei-me do bilhete do O Observador e decidi dar ele inteiro para Mônica, foi bem difícil dar, não queria.

  Foi difícil dar, mas ela ficou tão feliz e grata que valeu a pena. Ela era uma grande amiga e merecia muito mais que um pão de mel. 

  Nesse dia percebi que ceder não é algo tão chato e ruim como pensava é recompensador e muito bom. Parece que O Observador estava conseguindo cumprir seu papel.

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