Depois de um tempo esperando alguém abrir a porta, Robbie finalmente abre com uma cara de quem acabou de acordar e um ursinho de pelúcia preso no braço e o dedão na na boca.
- Oi Robbie! - digo sorrindo.
- Oi Noénhe, a Nana ta no quato - diz esfregando os olhinhos, não acredito que Ariana preferiu acordar a pobre criança do que descer para abrir a porta.
- Ok! Vou lá com ela - deposito um beijo estalado em sua bochecha e corro para a escada...
Adentro o quarto de parede em tons rosas e creme para encontrar um ser pequeno enrolado em diversos corbetores, me aproximo devagar e com toda a minha força puxo as cobertas deixando Ariana exposta com seu cabelo desgrenhado e seu pijama ridículo com minis garibaldos estampados.
- Aaaaah!! Me deixa dormir! - protesta a morena com os olhos fechados e com o travesseiro entre as pernas.
- Já é uma hora da tarde, acorda agora ou vou ler o seu diário que você esqueceu em cima do criado-mudo - digo em tom de ameaça é sorrio ao ver a pequena pular como um gato de sua cama e agarrar o diário.
- Nem morta você lê o meu diário! - ela diz só faltando latir e me morder.
- Não quero nem imaginar o que está escrito aí - me jogo na cama fitando o pôster do Jamie Dornan que se encontrava colado no teto bem em cima da sua cama, não seria surpresa dizer que Ariana também é fã de 50 tons de cinzas, o filme é claro, livros são normalmente uma tortura dolorosa e cruel para a minha amiga.
- Ele é um pão né? - ela diz me fazendo fita-la com confusão.
- O quê?! - digo com as sobrancelhas franzidas.
- Naaaada! - responde nervosa me fazendo rir.
- Eu eim... por quê você não foi para a escola hoje? - pergunto com as mãos na cintura e ela me olha com preguiça.
- Por nada! Cansei dessa vida... vou abandonar a escola e ir morar com meu pai em Minessota, lá eu não preciso estudar e nem trabalhar... quer dizer, só ordenhar umas vacas de vez em quando e matar umas galinhas para o almoço - ela diz com um desdém.
- Sério?! - perguntou perplexa com a vista marejada, não acredito que ela vai embora... faz pouco tempo que conheço a Ariana, contudo já gosto muito dela e á considero minha melhor amiga da América do Norte, vai ser difícil para mim vê-la indo embora e a mesma ainda nem foi e eu já vou começar a chorar.
- Claro que não! Eu ordenhar vacas e matar galinhas é mais fácil o Hitler virar judeu! - ela diz rindo enquanto sinto o sangue me subir pela cabeça.
- Sua... sua... sua... AAAAH QUE ÓDIO!! - explodo furiosa e com muita raiva pego o travesseiro e lanço com toda a minha força na cara dela, que cai para trás na cama.
- Aaaain porquê tanta violência? - pergunta enquanto se levanta massageando o rosto.
- Ainda pergunta?! Você quase me fez chorar sua projeto de lilliput ! - esbravejo.
- Tenho culpa se você é muito boba? Eu já havia te dito que o meu pai é do Oregon, caiu nessa porquê quis! - ela amostra a língua e eu tenho vontade de pegar uma tesoura e corta-la... eu eim, não sabia que eu tinha um lado sádico "ESPERA EU NÃO TENHO!" Então esquece a parte do corta a língua dela com uma tesoura e substitui com um; pegar um litro de laxante e jogar tudo na língua dela, é bem mais fofinho e menos Karry a estranha.
- Eu não sou boba e não me lembrava sobre o seu pai! - franzo a testa.
- Claro porquê eu não falei que ele é do Oregon... até porquê ele não é de lá! - ela volta a rir como uma idiota, enquanto eu fico aqui com cara de trouxa confusa.
- Como assim? Ele da onde então? - perguntou já sem entender nada.
- De lugar nenhum... ele morreu quando eu tinha dois anos - disse com um semblante sério fazendo meu peito se comprimir.
- Sinto muito - digo com uma expressão triste no rosto. As lembranças do meu pai vem com um turbilhão de lembranças, sentimentos e opiniões.
- É mentira! Meu pai mora com meus avós em Michigan! - ela volta a gargalhar inconscientemente, não percebendo que ela passou de todos os limites com essa brincadeira dela, e com a pele ardendo em raiva eu não me atrevo a dizer mais nenhuma palavra, apenas me levanto e sigo andando até a porta com uma expressão furiosa no rosto.
- Espera Noelle você não ficou com raiva disso né! - sua voz soa atrás de mim, eu simplesmente me viro e á olho sem emoção.
- imagine! Por quê eu ficaria com raiva de uma brincadeira estúpida e sem graça como essa - digo expondo um sorriso amarelo em seguida fecho a porta de seu quarto a deixando lá dentro.
Desço a escada e saio da casa da Ariana sem dizer mais nada... caminho de volta para casa e o meu pai volta a invadir minha cabeça e mesmo com todas as minhas tentativas de expulsa- lo de minha mente, as lembranças de quando éramos felizes ele, minha mãe e eu me atormenta porquê junto com elas vem a saudade e principalmente o ódio o ódio que nutri do meu pai.
Retiro do bolso da mochila o meu celular e desbloqueio o ecrã para fitar as notificações, 13 mensagens no whatsapp... 4 do Peter, 3 da minha mãe, 2 de um número desconhecido e 4 da Ariana, abro o perfil dela e mudo o nome do contato.
Advogada(13:34):
Me desculpa No! Eu sei que peguei pesado!
Advogada(13:34):
Por favor!
Advogada(13:34):
Por favor!
Advogada(13:35):
NOELLEEEEE!!!
Você(13:37):
Isso é sério Ari! Você sabe como eu sou sentimental com esse negócio de pai e ainda faz uma brincadeira dessas.
Advogada(13:37):
Eu sei... me perdoa? :'(
Você(13:38):
Eu não seria 'eu' se não te perdoasse... aliás eu perdou todo mundo mesmo!
Você(13:38):
Sou uma trouxa :(
Advogada(13:39):
Do quê você está falando?
Você(13:39):
Esquece!
Bloqueio o celular e o guardo de novo em minha mochila e volto a caminhar tranquilamente aproveitando o vento fresco com o aroma salgado do mar e com algumas perguntas em mente.
"Eu perdoaria o meu pai?" Se ele pelo menos me pedisse perdão.
"Eu perdoaria o Ian?" Se ele pelo menos me pedisse perdão.
"Eu perdoaria a Vick?" Se ela pelo menos me pedisse perdão.
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Desculpa a demora meus amores, mas tava sem criatividade, espero que me entendam! ♥
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Diário De Uma Fracassada
ChickLitHá dois anos uma jovem Brasileira chegou aos EUA para morar com sua mãe que foi transferida de seu trabalho no Rio de Janeiro para a Flórida, de inicio tudo parecia ser bom, a mesma estava triste com a partida do seu país natal, mas adorava a idéia...