Capítulo 5

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Lis lembra do dia em que ele as deixou.

Que eledeixou.

E isso a lembra que muitas pessoas não conseguem se acostumar a uma rotina, isso também ajudou-o a tomar essa decisão.

A mãe da jovem engravidou cedo, e ela e o pai da Lis não eram casados, e a pressão da família era muito grande. Eles casaram-se correndo, mesmo contra a vontade de todos os familiares.
O casamento ia bem, e o bebê já tinha nascido, contudo sua mãe teve câncer de mama, que era hereditário — e que causava muitas dores nela e muitas idas ao hospital, pelo que a vó da Lis contou a ela. E aos poucos sua mãe foi melhorando, mesmo com a doença ela não parecia estar mal.

Até que em um belo dia o pai dela não aguentou, cuidar de uma criança, de uma mulher doente, gastar dinheiro com remédios, consultas médicas... então ele as deixou.

Simples assim.

Como largar um cão na rua.

E depois de um ano com a mãe da Lis sofrendo de depressão aguda, auto-estima baixa e outras coisas, ela foi melhorando, com a ajuda da filha — que na época tinha uns cinco anos — e com a ajuda da vó paterna da Lis.

Irônico, eu sei.

Depois de alguns anos ele se casou de novo, com uma mulher rica, só que ela era infértil.

E foi nesse momento que ele lembrou da família que tinha largado.

Mas já era tarde.

A filhinha dele havia crescido e já estava com os seus dezesseis anos.

E depois de três anos ela continua fazendo isso. 

Ignorando a sua aproximação.

E o seu dinheiro.

E para falar a verdade ela só descobriu da vida dele depois que o agente dele veio até ela e antes de oferecer dinheiro contou sobre a vida do seu pai.

Antes que ela pudesse contar tudo isso para o príncipe, seu celular tocou:

— Alô?

Oi, Lis, queria me desculpar sobre aquele dia na sua porta — ouve a voz do Max na outra linha.

— Desculpa, Max, não posso falar agora. Estou no meio de uma perseguição. — rebate quase encerrando a chamada.

Depois de alguns segundos de silêncio, ela percebe o que falou e a seriedade disso:

Espera aí. Por um acaso você está com aquele cara? — pergunta surpreso e irritado.

Lis respira fundo e toma uma atitude que deveria ter tomado há muito tempo:

— Adeus, Max. Vá cuidar da sua vida, sou só sua amiga — encerra a chamada.

Ele a olha surpreso e logo sorri ao perceber com quem e o que ela estava falando:

— Não estamos mais em uma perseguição. Já despistei o carro, e mudamos a nossa rota — comenta surpreendendo-a.

Ela ergue a sobrancelha e olha para os lados, a única coisa que vê é o jardim botânico, fechado:

— Por que estamos aqui? — indaga surpresa.

— Vamos fazer um piquenique — responde normalmente enquanto abre a porta do carro para ele e depois para ela.

Ele abre o porta-malas e pega uma cesta, uma garrafa e um lençol.

— E como vamos entrar já que está fechado? — pergunta curiosa.

Depois da Meia-NoiteOnde histórias criam vida. Descubra agora