Lis olha para os lados e balança a cabeça tentando dissipar a náusea e os pontinhos pretos em sua visão. Ela não estava mais no esgoto, estava em seu apartamento.
Que estranho.
Ela tenta se movimentar, contudo está amarrada a sua pequena poltrona.
Eu gostava tanto dessa poltrona, mas não ao ponto de ficar amarrada nela.
Sua boca também está tapada, junto dos pés e dos braços.
O que estava acontecendo?
Será que ela havia enlouquecido de vez?
Ela viu duas sombras saírem da cozinha e virem rindo em sua direção.
Mas o que?
— Ela acordou! — é perceptível a voz da sua gêmea.
Lis quer gritar e dizer que ela que deveria estar presa naquela clínica. Queria dizer mil coisas, contudo ela lembrou de tudo que conheceu sobre ela.
Uma luz de acendeu no cérebro dela e logo lembrou-se do diário que estava em sua cintura, entre o cós da calça e a blusa. Se sentiu melhor ao saber que ainda tinha uma prova contra a sua gêmea e que também tinha a história dela ali.
— Como foi a estadia na minha... como podemos dizer? Ah! Casa? — continua em tom irônico.
Lis revira os olhos, contudo logo muda a postura tentando falar. Milena destapa sua boca e Lis diz com tristeza:
— Eu sinto muito, mas eu não tenho culpa. Foi minha vó... e minha mãe que fizeram isso. Você não devia me odiar por isso — confessa.
— Eu não te odeio. Só quero o que é seu. Tudo. Até você se sentir como eu, e não ter nada, só migalhas da sua irmã sortuda — explica irritada.
Lis sente um tremor na pele, e quando sente seus olhos marejados ela percebe o que acaba de acontecer. Um tapa. Ela acabou de dar um tapa na cara da Milena.
A jovem movida pela raiva, soltou uma das mãos e acertou um tapa no rosto da irmã. Milena a olhava incrédula, e acertou outro tapa tão forte quanto o da gêmea, na cara da Lis. Lis tombou com a poltrona no chão chorando de raiva.
— Por que você me odeia tanto?! — grita Lis.
— PORQUE EU QUERIA SER VOCÊ! — devolve Milena.
Lis chora amargamente e Calebe que estava calado a desamarra. Ele coloca Lis de pé e logo a olha friamente.
Não confiar em ninguém.
Era a frase que mais passava na sua mente. Desde pequena a sua mãe falava isso. Não confie em ninguém.
E agora por confiar em pessoas que ela mal conhecia, ela estava ali. Com dois traidores.
— Não deixe-a sair por nada — Milena empurra Lis para o banheiro e as duas trocam de roupa, e automaticamente de identidade.
Lis corre e sai do banheiro trancando a porta. Quando ela achava que estava livre, sentiu Calebe segurando os seus braços.
— Era para você estar ao meu lado! — grita Lis tentando se soltar.
— Eu sempre estive ao lado dela, e sempre vou continuar. Eu amo a sua irmã e entendo a história dela — ele responde enquanto destranca o banheiro.
Milena sai e se Lis não soubesse da verdade, acharia que Milena era mesmo ela.
O que ela estava planejando?
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Depois da Meia-Noite
RomanceMelissa em sua faculdade, sempre observou um garoto; seus amigos, seu jeito, ela praticamente o conhecia, contudo nunca soube o nome dele. Era como uma paixão à distância. Ela o queria, e ele a queria, porém eles sabiam que juntos causariam uma gran...