Capítulo 19

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Olá!!!! Olha só, eu guardei esse capítulo a sete chaves e com muito amor, ele é um dos meus favoritos, então aproveitem e comentem muitoooooo!!!!

Bjs

∆∆∆

Alguns anos mais tarde...

— Eu sei, pai, já conversei com os políticos, já estou voltando para casa. Sim, mande um beijo para mamãe, também estou com saudades dela. — diz e recebe um olhar mortal de uma comissária de bordo.

— Senhor, já vamos decolar, nada de telefones — exclama amarga.

Ele confirma com um aceno, e a mulher volta ao seu caminho enquanto incomoda outros passageiros que estão usando aparelhos eletrônicos.

— Pai, tenho de desligar, tá bom, quando chegar te aviso. — desliga o telefone o guardando na mochila.

Quantas coisas haviam acontecido com ele.

Desde que ela partira.

No começo Felipe ficava preso em seu quarto; não comia, não dormia, muito mal falava. Lembrou-se de ouvir seu pai dizer a sua mãe:

"— A menina não morreu! Mas ele age como se nunca mais fosse vê-la!"

Ele sentia isso. Sentia que a havia perdido para sempre.

Felipe se afundou em depressão, e depois de começar o seu tratamento, com a ajuda da sua família e da Helena, conseguiu pelo menos parecer normal; ainda sendo infeliz. Decidiu viajar para esquecer um pouco o que estava sentindo, e desde então não voltou para casa, até hoje.
Sua relação com Helena era boa, eram amigos, mesmo que a jovem sentisse algo por ele. Felipe sempre deixou claro que o amor da sua vida é e sempre será a Lis. Ele lembra e até tem remorço, do dia que beijou Helena, mas lembrou das suas palavras para Lis no dia que ela partiu: "— Me espera." e ele a esperaria, mesmo que ela não fizesse o mesmo.

Ele se formou em mecânica, em administração e em advocacia. Só conseguiu acabar essas faculdades tão rápido, pois as fez ao mesmo tempo. Hoje ele ajuda seu pai na política, mesmo que não queira seguir esse rumo. Foi uma das condições de seu pai para autoriza-lo a fazer a faculdade de mecânica.

Abriu a mochila e tirou um chiclete de dentro da mesma, acabou deixando-a cair, vendo o seu amuleto no chão. O cachecol que dera a Lis, não tinha mais o seu cheiro, mas sim a sua lembrança. Ele o agarrou com força, e só assim dormiu durante a viagem.


Acordou após ter mais um pesadelo, o mesmo pesadelo de sempre. Ele via Lis no mesmo aeroporto, lhe dando adeus e indo embora para sempre, ele via perfeitamente a jovem soltando a sua mão, e despedaçando o seu coração.                                                       Logo ouviu a voz do piloto dizendo que iriam descer em alguns minutos, e antes que Felipe colocasse o sinto, recebeu o olhar mortífero da mesmo aeromoça que havia brigado com ele por causa do celular.

Maluca.

Colocou o sinto enquanto olhava pela janela. Voltaria ao Rio depois de tantos anos, agora formado e um novo homem. O único problema é que lhe faltava algo que nunca seria devolvido; o seu coração. Ele as vezes conseguia sentir os cacos do mesmo balançando em seu interior, sempre que lembrava dela.
Nunca se imaginou sofrendo por amor, sendo deixado por alguém que amava, mas a vida é uma completa ironia, desde o dia que tirou o seu primo em um acidente. Desde o dia que a mãe dela morreu, desde o dia em que a irmã dela também morreu, que Calebe morreu, e que Helena se acidentou.

Olhou para os lados, e haviam muitos estrangeiros vindo visitar o Brasil, enquanto ele estava voltando. De repente sua mente o lembrou; onde será que ela está nesse momento? Será que ela voltou ao Rio antes dele? Será que... arranjou outra pessoa? Ou até o próprio Max que vive a cercando?, será que se ele nunca houvesse aparecido, os dois amigos ficariam juntos?. Balançou a cabeça tentando dissipar esses pensamentos, logo tratou de abrir a palma da mão que ele nem havia percebido que estava fechada de tanta raiva.
Desceu do avião e viu um grande alvoroço. Pessoas correndo de um lado para o outro de forma histérica e guardas tentando acalma-las. Viu o noticiário passando e uma noticia inédita apareceu:

"— Hoje, pela primeira vez o Brasil presencia um furacão de escala quatro. A policia pediu para todas as pessoas do Rio de Janeiro trancarem-se em casa ou onde estiverem, qualquer um em lugar aberto trate de ficar abaixo de uma cobertura. Mais notícias assim que for notificada a causa, por enquanto não temos previsão de quando ele se dispersará Pessoas perto de Niterói, não sair a céu aberto em hipótese alguma. Por enquanto é só isso."

Felipe não quis ouvir o resto da reportagem, olhou para o lado de fora do aeroporto e viu uma grande ventania e muitos raios além da chuva. Estava de quarentena em um aeroporto, o mesmo lugar onde ela o deixou.
Sentiu algo bater em seu ombro, uma pessoa caiu no chão por causa do impacto, e sua bolsa caiu junto de seus pertences. 
Lembou dela, do dia que a encontrou no jardim botânico e que ela acidentalmente deixou sua bolsa cair, espalhando tudo no chão. Lembra do quanto ela foi ingrata e ainda se negou a dizer o seu nome, com a justificativa de que "iria estragar tudo".

Sem perceber que estava sorrindo, ajudou a pessoa a recolher os objetos e recebeu um agradecimento nostálgico:

— Hum... obrigada — disse a jovem.

Ele olhou em seus olhos cor de mel, e se não fosse por isso, não a reconheceria. Era ela. A dona de seu coração. Pegou o livro que estava em suas mãos trêmulas, e reparou que era o mesmo livro que ela estava lendo quando se encontraram pela primeira vez; era um romance depressivo.
Olhou os seus cabelos cor de mel que antes eram quase na cintura, e agora estavam acima do ombro, como se estivessem flutuando, e ainda tinham algumas mechas loiras, bem suaves. Instintivamente passou a mão nele, e estava muito macio, com isso, recebeu um tapa na mão.

— Não faça isso — ela brigou enquanto pegava o livro da mão dele e levava consigo. 

Ele olhou para ela incrédulo, sempre pensou no momento em que a encontraria novamente, mas nunca pensou que seria assim.

Era tão mágico.

E... inexplicável.

Parecia que nada havia mudado.

Lis levou sua bolsa até o lado de fora e quando abriu a porta do aeroporto, uma mão sobrepõe a sua.

— Está tendo uma tempestade e um furacão. É melhor não sair agora — ele diz de forma carinhosa.

Ela retira a sua mão e se senta em um dos bancos, e o jovem se senta ao seu lado.

— Não aja como se tudo estivesse normal. Somos conhecidos. Ex... ex o que para falar a verdade? Nunca namoramos... ah, mas você ficou com a minha irmã, é mais do que chegamos. — diz com amargura.

Ele sabia que ela estava vestida com a capa da indiferença. Ele iria tirá-la, mesmo ainda estando magoado.

Na verdade os dois estavam.

— E por favor, me dê espaço. — reclamou se afastando três bancos.

Ele se aproximou e viu o revirar de olhos dela:

— Você sempre soube que eu consigo ser muito persistente. Se eu quero algo, eu consigo — ele diz confiante.

Ela continua o ignorando, de braços cruzados, e um tremor passa por seu corpo. Lis abre a bolsa e tira um cachecol vermelho, quase idêntico ao dele, a diferença é que não tinha o cheiro dela, já que com certeza ela havia mudado de perfume.
Ele tirou o cachecol da mochila e colocou em cima da perna, estendido em seus joelhos. Lis olhou com o canto do olho, e retirou o seu, colocando-o dentro da bolsa com certa força.

— Você conseguiu um parecido. — ele balbucia. — No dia que você se foi eu fiquei com ele, é seu — ele estende e sua mão fica por alguns segundos no ar, sem resposta.

Ela pega e encara a peça vermelha. Seu celular toca e ela se levanta exasperada enquanto atende.

— Oi, vó. Já desci do avião, estou presa no aeroporto por causa da tempestade. Assim que der eu vou. — dá uma pausa. — Beijos, também te amo.

Agora tudo estava esclarecido para ele. Fora o destino que marcara esse encontro. Os dois estavam de volta para casa. E em breve estariam de volta um para o braço do outro.

Depois da Meia-NoiteOnde histórias criam vida. Descubra agora