Capítulo 18

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Júllia corre até o telefone e agradece aos céus por ter pego o número dele na agenda da Lis. Ela disca com o coração na mão, e logo ouve a voz sonolenta do jovem:

Alô? — indaga ainda sonolento.

— É a Júllia, amiga da Lis. — diz e dá uma pausa. — Não temos tempo. Lis vai viajar e com certeza não vai voltar tão cedo, você precisa impedi-la, ou a perderá para sempre. — continua, só aumentando o nervosismo de Felipe. — Vocês se amam, não deixe que a covardia dela estrague tudo... — e assim ela desliga o telefone.

Felipe olha atônito para o seu celular.

Lis iria viajar. Sem nem avisá-lo.

E ainda por cima o deixaria.

Como ele viveria sem ela? Sem seus cabelos, seus olhos, seu jeito meigo.

Ele a amava e não a perderia assim tão fácil.

Discou o número da jovem com certo desespero, e a mesma caiu na caixa postal.

— Porcaria de operadora! — grita irritado.

Se ele soubesse que nesse momento Lis estava no carro de Max, acompanhada por sua vó e o próprio amigo, e que ela havia olhado o celular e visto o nome de Felipe, só que propositalmente não atendeu. Ele saberia que verdadeiramente ela era uma covarde, pois Lis tinha consciência de que se o atendesse, desistiria de tudo. E então ela tomou uma medida precavida... desligou o celular e o jogou dentro da bolsa, selando o seu destino.
Felipe pensou e pensou, e logo lembrou que o aeroporto mais próximo dali, da zona sul, era o Santos Dumont, e então correu para o seu carro, esquecendo-se que ainda estava de chinelo e com uma roupa surrada de dormir.


Lis desceu do carro nervosa, queria fazer logo essa viagem, queria que tudo fosse o mais rápido possível, para que ele não... não, ele não iria aparecer, ele não chegaria ao ponto de fazer um show em um dos aeroportos mais movimentos do Rio. Mas como sempre, além de ingênua, ela estava enganada. Max pegou suas malas de forma veloz no carro e as levou para os bancos onde eles esperariam o voo.                                                                                                     Logo todos ouviram a voz feminina dizendo que o voo da Lis partiria em dez minutos. Lis suspirou aliviada, não sabendo que Felipe chegaria em menos de dez minutos.


Faltavam só três minutos para o voo, Lis já havia feito o check-in e Felipe manobrava o carro rapidamente enquanto ocupava uma vaga de deficientes.

— Ei! você não pode es... — começa a dizer um guarda.

— Felipe Soares — ele grita mostrando a identidade, e o homem se cala.

Ele nunca gostou da sua identidade, todos o viam como um riquinho playboy, mas Lis era diferente, não se interessou por ele ser de uma família influente ou rica, na verdade fora o contrário, ela se atraiu pelo jeito dele, por seus defeitos e qualidades. E isso o motivava para continuar essa loucura.
Olhou para os lados perdido na multidão de pessoas, olhou para o relógio no centro do aeroporto, e viu que passava da meia-noite. Continuou procurando, e viu três pessoas; uma jovem indo em direção ao corredor para entrar no avião, outro jovem levando suas malas, e uma senhora os acompanhando.

Era ela. Só podia ser ela. 

Felipe correu, mas foi barrado por um guarda:

— Voo particular, nenhuma entrada é permitida — diz o homem.

Com certeza a vó da Lis estava pagando esse voo, Felipe lembra de quando Lis falou que sua família tinha uma grande herança de seu falecido avó que tinha grandes empresas.
O jovem se entristeceu, pois sabia como a Lis era orgulhosa, e ela não aceitaria dinheiro de ninguém se não estivesse realmente desesperada. Ela queria sair de perto dele o mais rápido possível, e ele sabia o porquê. Ele fizera mal a ela. Trouxera todo o mal a vida dela, assim como a Helena e a seu primo. Mas agora ele não sentia tanta culpa. Havia pedido perdão a família da Helena e a família do seu primo... menos a Lis, não pedira perdão a ela. Lembrou de como foi idiota quando foi ao apartamento dela. Até a beijou. Suspirou balançando a cabeça para os lados com as mãos de cada lado do quadril.

Depois da Meia-NoiteOnde histórias criam vida. Descubra agora