Projeto Reconte II

Capítulo V - A princesa e o Sapo

A Princesa e o Sapo 

Por: Kamis

 "Bitter sweet memories

That is all I'm taking with me

So goodbye, please, don't cry

We both know I'm not what you, you need!

- I will Always love you – versão Major to minor."

14 de fevereiro de 2017.

- Uau. - Encarei o reflexo de Filipe, meu marido, no espelho, finalmente notando sua presença no quarto. - Você está linda. Será, sem sombra de dúvidas, a mulher mais linda da festa.

- Não seja exagerado, Filipe. - Virei-me em sua direção, sorrindo com seu elogio. - Mas agradeço a tentativa.

- Antes fosse apenas uma tentativa. Venha aqui, quero te dar uma coisa. - Acenou em direção a nossa cama, mostrando uma caixa de veludo aberta em que um lindo colar de rubi descansava. - Para você usar essa noite.

- Filipe...Ele é lindo, não precisava. - Virei-me para que ele pudesse colocar em meu pescoço, encarando nosso reflexo no grande espelho. Fazíamos um belo casal.

Filipe e eu éramos casados há quase dez anos, muito mais tempo do que eu jamais imaginei que pudesse ficar com a mesma pessoa. Apesar de termos namorado desde a adolescência, nunca levei muito a sério nossa relação, mesmo sabendo que inevitavelmente ela acabaria em um casamento, já que nunca foi sobre a união entre duas pessoas, mas sim a união entre duas famílias. Duas famílias importantíssimas no ramo de jóias. Porém, ao contrário do que eu sempre acreditei, o nosso relacionamento deu incrivelmente certo passando de uma simples relação de negócios para uma relação de parceria, amor e respeito mútuo. Filipe era como a minha alma gêmea, a minha outra metade. Ele era tudo o que eu queria ser e ter ao meu lado.

- Você merece isso e muito mais. - Beijou o meu pescoço, virando-me para que pudesse selar os meus lábios. - E aproveite enquanto ainda posso te mimar.

- Se está se referindo ao processo que está sofrendo, não seja dramático, sabe perfeitamente que isso não vai dar em nada. Alguma vez na vida você já viu um garimpeiro ganhar uma ação judicial contra o patrão? Ainda mais se ele for o presidente de uma das maiores empresas do ramo de jóias.

- Não sei, não. Sinto que isso ainda vai me dar muita dor de cabeça. Além do mais, não é apenas um, são mais de vinte querendo me processar por não oferecer equipamentos de segurança eficientes. Aparentemente, eles se juntaram para entrar contra a empresa. Até conseguiram contratar um bom advogado. Um dos melhores na área. Não sei como irão pagar. Já pesquisei sobre e uma hora do tempo desse homem é o salário anual dos garimpeiros. - Suspirou. - Não quero sequer imaginar no que acontecerá se eles ganharem. Podemos receber punições ou ter que pagar multas que não queremos pagar. Ainda mais nesse tempo de crise.

- E o que você vai fazer a respeito? - perguntei, tentando massagear seu tenso pescoço.

- Ainda não tenho um plano totalmente formado, mas preciso me aproximar do advogado, saber como eles estão o pagando, porque é capaz deles estarem sendo financiados por alguma empresa concorrente. Sabe como o mundo dos negócios são. Por isso, convidei-o para a nossa pequena festa.

- Mantenha seus amigos perto e seus inimigos mais perto ainda. Muito esperto da sua parte.

- Preciso que o recepcione e o misture com os outros convidados. Não tocarei nesse assunto essa noite, para não ser tão direto. Mas esse é só o começo da nossa aproximação.